HD 23079: Estrela Tupi, planeta Guarani

Capa: simulação (modelagem) da estrela Tupi, site Eyes On Exoplanets, NASA.

IAU100Anos: Nomeando mundos distantes

Nos últimos anos, os astrônomos descobriram cerca de 5000 planetas e sistemas planetários orbitando estrelas próximas, os chamados exoplanetas. 

Alguns são pequenos e rochosos, como a Terra, enquanto outros são gigantes gasosos, como Júpiter. 

Acredita-se agora que a maioria das estrelas do Universo tem planetas orbitando-as e que algumas delas têm características físicas que se assemelham às da Terra. O grande número de estrelas no Universo, cada uma potencialmente com planetas em órbita, juntamente com a onipresença de espécies químicas que são os blocos de construção da vida, sugere que a vida extraterrestre pode ser provável.

Como parte da missão da International Astronomical Union (IAU) de promover e salvaguardar a ciência da astronomia por meio da cooperação internacional, a IAU é a autoridade responsável por atribuir nomes oficiais aos corpos celestes.

Agora, ao comemorar seus primeiros 100 anos promovendo a colaboração internacional ( IAU100 ), a IAU deseja contribuir para a fraternidade de todas as pessoas com um símbolo significativo de identidade global. 

Já com 3 edições (2022, 2019 e 2015), a IAU criou o concurso internacional NameExoWorlds .

Em 2015, nomeou 19  “ExoWorlds” (14 estrelas e 31 exoplanetas orbitando-os), com mais de meio milhão de votos de 182 países e territórios. Veja a lista dos nomes culturais aprovados em https://www.nameexoworlds.iau.org/2015approved-names.

Em 2019, como parte das comemorações do centenário da IAU, a competição NameExoWorlds 2019 ofereceu a todos os países a chance de nomear um sistema planetário, compreendendo um exoplaneta e sua estrela hospedeira. Como parte deste concurso, 112 países organizaram campanhas nacionais que envolveram a participação direta de mais de 780.000 pessoas em todo o mundo). A estrela designada de cada país é visível daquele país e suficientemente brilhante para ser observada através de pequenos telescópios. Veja a lista dos nomes culturais aprovados em https://www.nameexoworlds.iau.org/2019approved-names.

Na edição de 2022, NameExoWorlds 2022, a IAU reuniu o público, astrônomos amadores e cientistas exoplanetários para nomear este novo conjunto de exomundos disponíveis. Qualquer pessoa, incluindo estudantes e professores, entusiastas da astronomia, astrônomos amadores e cientistas exoplanetários, pôde formar uma equipe e propor nomes para 20 sistemas exoplanetários, cada um dos quais consistindo em um exoplaneta conhecido e sua estrela hospedeira.

Os sistemas nomeados pelo NameExoWorlds 2022 são de especial interesse, pois estão entre os primeiros alvos de exoplanetas do Telescópio Espacial James Webb (JWST). Este observatório espacial internacional, liderado pela NASA com seus parceiros, a ESA e a Agência Espacial Canadense, teve sua primeira luz em julho de 2022. Os exoplanetas foram descobertos por meio de uma mistura de técnicas, principalmente por meio do método de trânsito e imagens diretas. Veja a lista dos nomes culturais aprovados em https://www.nameexoworlds.iau.org/2022approved-names.

Nomes Culturais de ExoMundos 2019

A campanha NameExoWorlds 2019 selecionou sistemas planetários para nomenclatura compostos por planetas orbitando estrelas que poderiam ser observados com um pequeno telescópio na latitude da capital de cada país. Em muitos casos, o sistema tem vínculo com o país designado, como as instalações utilizadas e os cientistas envolvidos na descoberta do planeta.

Alguns anos de pesquisa são necessários para escrutinar o sistema planetário a fim de confirmar a existência do planeta. Por esta razão, a amostra é focada em exoplanetas revelados durante as duas primeiras décadas de exploração de exoplanetas, ou seja, a maioria deles foi descoberta antes de 2010.

A maioria das estrelas hospedeiras são semelhantes ao Sol, com tipos espectrais F, G ou M, com uma mistura de estrelas da sequência principal e estrelas gigantes ou subgigantes evoluídas. Os brilhos visuais variam entre 6ª e 12ª magnitude.

Todos os exoplanetas provavelmente são gigantes gasosos com massas variando de 0,1 a 5 vezes a massa de Júpiter. Isso significa que esses exoplanetas são muito mais massivos que a Terra, com massas variando de 30 a 1600 vezes a massa do nosso planeta natal.​

Todos esses sistemas são compostos de estrelas únicas com apenas um planeta conhecido orbitando ao seu redor, para que cada país tivesse a mesma oportunidade de nomear corpos celestes semelhantes.

A Estrela HD23079 coube ao Brasil

A estrela HD23079 fica na Constelação do Retículo – uma constelação que homenageia um instrumento importante, componente de telescópios, que auxilia a observar e posicionar as estrelas observadas com maior precisão – é uma “rede” quadriculada ou demarcada que ajuda a mapear estrelas e suas vizinhas.

Localização da estrela HD23079 nas constelações ocidentais. Planetário Stellarium.

A Constelação HD23079 é observada apenas por telescópios. Todas as estrelas não visíveis a olho nu (milhões delas) passaram a ser codificadas em diferentes catálogos de estrelas e objetos celestes criados por vários projetos e pesquisadores. Normalmente se cria uma sigla para o projeto do catálogo, como HD que significa o Catálogo de estrelas de Henry Draper (HD) produzido entre 1918 e 1924, que catalogou 225.300 estrelas.

Localização da estrela HD23079 no hemisfério celeste sul, indicando a constelação TupiGuarani do Veado/Cervo do Pantanal que fica bem na Via Láctea, entre o Cruzeiro do Sul (rabo) e a Falsa Cruz (pescoço). Planetário Stellarium.
A estrela HD23079 fica próxima da fronteira entre as constelações do Retículo (instrumento telescópico) e do Relógio (instrumento importante para a navegação maritima), ambas no hemisfério celeste sul. Planetário Stellarium.

Zoom máximo na estrela HD23079, utilizando o simulador Planetário Stellarium.

Estrela HD 23079 simulada por modelos da estrela, do exoplaneta e do sistema planetário no site Eyes On Exoplanets.

A estrela só pode ser vista com telescópios, estando a uma distância de cerca d 109 anos-luz da Terra.

Comparação do Sol e da HD23079. Site Eyes On Exoplanets.

A estrela é uma anã branco-amarelada, com tamanho aproximadamente igual ao do Sol (um pouquinho maior).

O Planeta HD23079 b
A estrela e seu planeta. Site Eyes On Exoplanets.

O planeta HD23079 b orbita sua estrela dentro de uma região considerada habitável (Zona Habitável em tom verde na simulação do sistema estelar).

Comparando a órbita do exoplaneta com as órbitas dos planetas solares. Site Eyes On Exoplanetas.

Observe que o exoplaneta, comparando as órbitas, estaria em uma órbita semelhante (em distância à estrela) à órbita do planeta Marte no Sistema Solar.

Simulação do planeta HD 23079 b. Site Eyes on Exoplanets.
Comparação entre os planetas Terra e Guarani. Site Eyes on Exoplanets.
Comparação entre os planetas Júpiter e Guarani.

Como podemos observar nessa modelagem, o planeta Guarani é semelhante em tamanho ao planeta solar Júpiter: ambos planetas gigantes gasosos.

A nomenclatura cultural da estrela HD23079 e seu planeta HD23079 b

Com o tema 2019: Homenagem a Povos Originários, cada país pode homenagear algum elemento da cultura de povos originários.

No caso do Brasil, a proposta para a estrela HD23079, uma estrela anã branco-amarelada e seu planeta, foram:

Estrela Tupi: Tupi é o nome de povos originários mais populosos vivendo na costa leste da América do Sul, antes dos Portugueses chegarem no século 16.

Planeta Guarani: Guarani é o nome do povos originais mais populosos vivendo no sul do Brasil e partes da Argentina, Paraguai e Uruguai.

Termos que passam a ser oficialmente, para a IAU, os nomes culturais da estrela e de seu planeta.

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