Pedagogia museal: criar diálogos com público

Capa: Uma conversação científica sobre microscopia realizada no Apothecaries’ Hall London em 11 de abril de 1855. Microscopistas amadores mostram seus aparelhos. National Museum of Scotland, credidato a Illustrated London News, 28 de abril de 1855. Wikipedia. Licença de Domínio Público.

Texto integrante da Coleção Pedagogia Museal.

Education Toolkit: Methods & Techniques From Museum And Heritage Education

Arja van Veldhuizen

CECA / ICOM – International Committee for Education and Cultural Action

LCM – LANDELIJK CONTACT VAN MUSEUMCONSULENTEN, https://museumconsulenten.nl/

ERFGOEDHUIS ZUID-HOLLAND – https://www.erfgoedhuis-zh.nl/

Link para download (CECA): https://ceca.mini.icom.museum/wp-content/uploads/sites/5/2018/12/2017-10-08_Education_toolkit_-_e-book_EN.pdf

Dialogar

envolver ativamente os membros do grupo e conectar-se plenamente ao seu mundo (interno) para que eles sejam realmente afetados pela experiência patrimonial e museal.

explicação

Todas as formas de conversa, debate e diálogo.

variações
  • Como parte de uma visita guiada regular.
  • Conversa baseada em perguntas (um  facilitador conduz uma conversa com um grupo fazendo perguntas). 
  • Conversa socrática.
  • I Ask” (Eu Pergunto): um método orientado por perguntas que incentiva os visitantes a  se abrirem, dialogando sobre o processo de toda a visita, desde a chegada até a partida.
  • Estratégia: O que quero/queremos saber?
  • Integrar técnicas como o “Pensamento Visível” (e suas rotinas/modelos) e “Estratégias de Pensamento Visual“,  baseadas no observar e no olhar atento, minucioso, para que o  visitante interaja com o patrimônio e os objetos do museu de uma forma  muito intensiva.  Um diálogo entre os visitantes é desencadeado a partir de observações.
  • Filosofia: objetos patrimoniais / museológicos geram reflexão entre e com os membros do grupo ao examinarem conjuntamente questões de ordem e complexidade superiores. Um nível mais profundo é alcançado através do raciocínio.
  • Debates em grande ou pequena escala, com base em declarações ou proposições feitas pelo mediador facilitador da conversa ou pelos visitantes.
  • Conversas de artistas, cientistas, engenheiros, historiadores e outros profissionais onde os mesmos falam sobre seu trabalho e, em seguida, conversam com os  visitantes.

possíveis grupos-alvo
  • Funciona com uma variedade de faixas etárias.  
  • Funciona bem com estudantes  do ensino médio  ao  ensino superior, um momento em que os jovens estão envolvidos com sua identidade e quando a formação de sua própria opinião é importante.

vantagens
  • Os visitantes permanecem ativos, constantemente motivados e envolvidos  por  perguntas (até mesmo por perguntas retóricas).
  • Ocorrem muitas contribuições pessoais do visitante, o  que o torna  mais personalizado.
  • Técnicas de conversação mais profundas podem ser muito pessoais.
  • Os visitantes são encorajados a  refletir e aprender a olhar para  as coisas de várias perspectivas.
  • Em um debate, os visitantes são desafiados a processar informações diretamente em sua própria contribuição para o debate.

desvantagens
  • Requer excelentes habilidades interativas do mediador facilitador / provocador.
  • Transferência de conteúdo informacional mais limitada do que em um tour “regular”, e com menos objetos ou locais “abordados”.
  • Você não tem como  prever que caminho(s), o diálogo seguirá com antecedência.
  • Apenas fazer perguntas ( da mesma maneira) pode se tornar tedioso.
  • Se os visitantes não estiverem bem preparados para este método, podem ocorrer mal-entendidos.

quando usar
  • Envolver ativamente os visitantes, apelar para seus valores pessoais e conectar-se aos seus conhecimentos  e interesses anteriores.
  • Pode ser ótimo como parte de um passeio  interativo.
  • Cultivar habilidades de pensamento  e pensamento crítico.
  • Esclarecer que as coisas têm múltiplas perspectivas, adicionar  nuances e demonstrar que pessoas  diferentes experimentam as coisas de  forma diferente.

fatores de sucesso
  • Perguntas que tornem o diálogo significativo possível.
  • Evitar questionar as perguntas.
  • Trabalhar genuinamente através de respostas do grupo na turnê.
  • Ter tempo suficiente.
  • Ambientes que não sejam muito perturbadores, ruidosos ou agitados para permitir ao grupo se concentrar no diálogo.
  • Um facilitador que seja um bom “mediador” e que possa orientar o grupo para  um plano superior através de perguntas e respostas.

exemplos

Opinar: Em um  passeio, os estudantes ou visitantes dão sua opinião uma e outra vez com  um sinal (‘a favor’ / ‘contra’ / ‘neutro’), e depois algo é feito com essa informação.  

“I Ask” (Eu pergunto) é uma abordagem de visitante desenvolvida pelo  Museu  Histórico Judaico e TACT Education  em Amsterdã. O ponto de partida  é conectar-se ao que “move” os visitantes. O programa educativo “I Ask” está disponível em  inglês e holandês.

I ASK  é um método prático passo a passo para visitas guiadas e programas educacionais em museus desenvolvido pelo JCQ e TACT Advisors (NL). Visa aumentar a abertura para novos conhecimentos e ideias para que os visitantes saiam do museu com experiências enriquecidas e um pensamento mais matizado sobre os temas abordados. I ASK  convida os museus a articular claramente o impacto que desejam ter em seu público e oferece aos profissionais de museus ferramentas para atingir suas metas de impacto. O Grupo de Trabalho LEM agradece muito às instrutoras do I ASK , Petra Katzenstein e Judith Whitlau, por compartilhar ideias inspiradoras e informações sobre o método. Uma de suas principais mensagens: “ Seja e permaneça aberto e tente abrir outras pessoas. Aprenda com eles, interesse-se pela pessoa à sua frente.

NEMO WORKING GROUP em https://www.ne-mo.org/news/article/nemo/nemo-working-group-study-visit-to-children-museums-in-the-netherlands.html.

Pensamento Visível.  Esse método foi desenvolvido em escolas  e  consiste em mais de 20 ‘rotinas’ que estimulam diferentes formas de pensar: observar, aprofundar o questionamento e resumir/sintetizar.  O Visible Thinking é flexível – você pode combinar rotinas e adicionar informações contextuais para promover diálogos.  Pode ser usado individualmente ou em grupos (ou em planilhas).   Veja: http://thinkingmuseum.com/ e http://www.visiblethinkingpz.org/

Estratégias de Pensamento Visual é um método que vem sendo desenvolvido em museus  (de arte), com o objetivo de ensinar os visitantes como  observar melhor, e promover assim habilidades de  pensamento cognitivo e visual.  O docente ou guia do  museu desempenha o papel de um facilitador e provocador. Ela(e) faz uso de um conjunto fixo de 3 perguntas e não adiciona (geralmente) qualquer informação contextual.  Veja: http://www.vtshome.org/

O Filosofar (com arte)  é usado ativamente  em  museus de   arte, como o Museu  Kröller-Müller (Filosofando com Esculturas. Jogo do Detetive) e o Museu de Arte Contemporânea De Pont,  na Holanda.

Debates ao estilo de Parlamento  sobre arte e ciência, de acordo com  regras fixas e com um vencedor.

Debate entre jovens após visita a uma exposição com temática social estimulante, conduzida por líderes de debate do grupo-alvo (pares). Por exemplo, o  grupo de jovens Blikopeners (Abridores de Lata, Abridores de Caixas Pretas) no Museu Stedelijk de Amsterdã: jovens com origens culturais diversas que são treinados para iniciar o  diálogo com (outros jovens) visitantes.

Blikopeners são jovens de mente aberta que trabalham no museu para abrir os olhos do público e dos funcionários. O programa Blikopener existe há mais de 14 anos, o que significa que existem mais de 150 Blikopeners.

https://www.stedelijk.nl/nl/museum/blikopeners

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