Por que as goiabas mudam de cor?

Os mascotes do ECV, Drig e Lipe em uma feira de frutas. Créditos das imagens: Annalise Batista, Pandanna Imagen, Mostafa Elturkey e OpenClipart-Vectors. Com alterações realizadas pelos autores deste texto, como a inclusão dos mascotes Felipe e Rodrigo do Espaço Ciência Viva.

Você já teve a oportunidade de ir ao supermercado, não é mesmo? Você já reparou que nem todos os frutos em exposição estão maduros?

Isso é porque mesmo após a colheita os frutos continuam vivos e, portanto, realizando o processo de respiração celular, ou seja, podemos dizer que as células continuam produzindo energia.

Mas o que são frutos climatéricos e não-climatéricos?

Gráfico Adaptado de Biale, Young e Olmstead (1954); Knee, Sargent e Osborne (1977)

Os frutos climatéricos, como as goiabas, bananas e tomates, apresentam um aumento na taxa respiratória alguns dias após a sua colheita. Isso ocorre com a ajuda do hormônio vegetal (fitohormônio) etileno.  Esse é o único fitormônio gasoso e atua regulando o desenvolvimento vegetal . Nas plantas,  a produção do gás etileno ocorre praticamente em todas as células e se torna mais abundante nas flores após a polinização e nos frutos em amadurecimento.

Logo, este gás contribui para o seu amadurecimento mesmo no período de pós-colheita. Porém, quando o máximo de produção do etileno é alcançado a taxa respiratória cai e os frutos envelhecem e morrem.

Por outro lado, os frutos não-climatéricos como, por  exemplo, o abacaxi, morango, melão e melancia, após serem colhidos apresentam uma diminuição progressiva das suas taxas respiratórias, até ficarem impróprios para o consumo.

Gráfico Adaptado de Biale, Young e Olmstead (1954); Knee, Sargent e Osborne (1977)

Qual é a importância de saber a diferença entre os frutos climatéricos e não-climatéricos?

Tabela Adaptada de imagens oferecidas pelo consórcio CEDERJ


Como os frutos climatéricos podem amadurecer mesmo depois de serem colhidos, isso facilita sua manipulação, transporte e conservação. Enquanto os frutos não-climatéricos, só podem ser colhidos quando possuírem características adequadas para o consumo.

Vamos saber mais como é o processo de amadurecimento da goiaba e seus meios de conservação?

Segundo Cavalini (2008), a cor da casca é um dos indicadores do estágio de maturação do fruto.

A goiaba pode atingir cores como:  Verde-escuro e verde-claro até apresentar uma casca amarelada, na qual este tom amarelo é o seu estágio final de maturação.

A alteração relaciona-se com a degradação da clorofila, consequência das mudanças do pH durante o amadurecimento, no caso das goiabas.

As substâncias que afetam o valor do pH nos frutos, sendo as principais:

  • Ácido málico;
  • Ácido cítrico;
  • Ácidos galacturônico;
  • Ácido fumárico.

Além desses componentes, a goiaba possui alto teor de vitamina C (ácido ascórbico), visto que durante seu processo de amadurecimento a concentração de ácido ascórbico aumenta. Entretanto, quando a fruta está excessivamente madura essa quantidade tende a diminuir.

Agora que você sabe um pouco sobre o amadurecimento das goiabas e de outros frutos, pergunto: Onde você costuma guardar as frutas quando chega em casa? Na fruteira, geladeira ou no forno? Então, que tal conhecer algumas dicas para a conservação das frutas?

Formas de conservação:

Se for o caso de acelerar o processo de amadurecimento, é bom deixá-las em temperatura ambiente, embrulhar as frutas ou armazená-las em locais fechados, evitando assim que o etileno produzido seja dispersado.

Contudo, é importante lembrar, que caso você deseje conservar as goiabas por mais tempo é recomendado guardá-las em ambientes refrigerados. Esta última dica vale também para os frutos não climatéricos, comprados já maduros.

Curiosidades:

Para retardar o amadurecimento do fruto, existem várias técnicas que auxiliam os comerciantes no processo de transporte e armazenamento, até o estágio de venda. Uma delas é o condicionamento em ambientes ricos em CO2 (gás carbônico) e pobres em O2 (gás oxigênio), pois a produção do etileno depende da presença de O2

Também são utilizados banhos em grandes tanques a base de goma do cajueiro, carboximetilcelulase (CMC) e glicerol, esse tipo de solução filmogênica tem efeito plastificante aumentando o seu tempo de prateleira (RIZZO et al., 2009).

Referências:

CALBO, A. G.; MORETTI, C. L.; HENZ, G. P. Respiração de frutas e hortaliças. Embrapa Hortaliças-Comunicado Técnico (INFOTECA-E), 2007.

CAVALINI, Flavia Cristina. Fisiologia do amadurecimento, senescência e comportamento respiratório de goiabas\’Kumagai\’e\’Pedro Sato\’. 2008. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

CERQUEIRA, Thales Sandoval et al. Controle do amadurecimento de goiabas’ Kumagai’tratadas com 1-metilciclopropeno. Revista brasileira de fruticultura, v. 31, n. 3, p. 687-692, 2009.

JÚNIOR, Francisco Gilvan Borges Ferreira Freitas et al. Uso de embalagem plástica e comestível para conservação de goiaba sob diferentes condições de armazenamento. Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais, v. 11, n. 4, p. 463-473, 2020.

KERBAUY, G.B. Fisiologia Vegetal. 2 Ed. Guanabara Koogan, 2008.

MOTTA, Jedman Dantas et al. Índice de cor e sua correlação com parâmetros físicos e físico-químicos de goiaba, manga e mamão. Comunicata Scientiae, v. 6, n. 1, p. 74-82, 2015.

Pós-colheita: Conservação de frutas e hortaliças. Planeta orgânico, 2021. Disponível em: <http://planetaorganico.com.br/site/index.php/pos-colheita-conservacao-de-frutas-e-hortalicas-3/>. Acesso em: 24 de mar. de 2021.

RAVEN, P. H.; EVERT R. F. & EICHHORN S. E. Biologia Vegetal5º edição. Coord. Trad. J.E.Kraus. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. 1996.

RIZZO, J. S. et al. Processamento de filmes a base de goma do cajueiro para revestimentos de goiabas cortadas. In: Embrapa Instrumentação-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: WORKSHOP DA REDE DE NANOTECNOLOGIA APLICADA AO AGRONEGÓCIO, 5., 2009, São Carlos. Anais.São Carlos: Embrapa Instrumentação Agropecuária, 2009. p. 101-103. Editado por Odílio Benedito Garrido de Assis; Wilson Tadeu Lopes da Silva; Luiz Henrique Capparelli Mattoso., 2009.

Deixe um comentário