É pro bem do meu corpo que quero ANTICORPO

Afinal, o que são anticorpos?

Antes de entendermos definitivamente o que eles são, precisamos conhecer as células que os fabricam, os linfócitos B! Essas células do nosso sistema imunológico possuem certas proteínas expressas em sua membrana plasmática, ou seja, proteínas que estão na superfície da célula, mas com boa parte de sua estrutura voltada para o lado de fora (veja a imagem 1). Mas que proteínas são essas? São as Imunoglobulinas!

Imagem 2: Esquema representando uma comparação aproximada entre as dimensões de uma imunoglobulina e um linfócito.
Imagem 1: Esquema representando um Linfócito B com suas imunoglobulinas expressas em sua membrana plasmática – Figuras fora de escala.

As imunoglobulinas são proteínas que têm a capacidade de se ligar a outras moléculas, que normalmente não fazem parte do nosso corpo, como, por exemplo, toxinas ou moléculas presentes em vírus e bactérias. Para que uma imunoglobulina se ligue a alguma molécula é necessário que haja afinidade entre elas. As estruturas que são reconhecidas pelas imunoglobulinas são chamadas de antígenos (veja a imagem 4). Quando ocorre a ligação de uma imunoglobulina a um antígeno, chamamos a esse fenômeno de reconhecimento.

Imagem 3: Curiosidade sobre a especificidade dos anticorpos.

Tá, mas o que o anticorpo tem a ver com essa história toda? Bom, quando as imunoglobulinas presentes na superfície dos linfócitos B reconhecem algum antígeno, essas células são ativadas e dão início ao processo de proliferação, ou em outras palavras, produzir cópias (clones) delas mesmas. Além disso, uma parte desses linfócitos B vão sofrer modificações funcionais, se diferenciando em outro tipo celular: os plasmócitos!

Os plasmócitos são linfócitos B que não têm mais imunoglobulinas em suas membranas, agora eles passam a produzir e secretar as imunoglobulinas (veja a imagem 5), que chegam na corrente sanguínea e circulam pelo corpo identificando de forma mais eficiente e rápida os antígenos.

Imagem 5: Esquema representando a diferenciação do Linfócito B em Plasmócito e a secreção de anticorpos – Figuras fora de escala.
Imagem 4: Esquema representando o reconhecimento de um antígeno pela imunoglobulina expressa na membrana plasmática do Linfócito B – Figuras fora de escala.

E adivinhe só! Essas imunoglobulinas secretadas também podem ser chamadas por outro nome: anticorpo!

Então, vamos recapitular! Os anticorpos são imunoglobulinas na sua forma “livre” (solúvel) na corrente sanguínea e em outros fluidos corporais, como muco nasal e leite materno, e sua principal função é reconhecer os antígenos, contribuindo para que o sistema imunológico possa nos defender de forma mais rápida e eficaz. Ao se ligar aos Ags (reconhecê-los) os anticorpos podem contribuir para sua eliminação.

Imagem 6: Desafie-se e aprenda coisas incríveis!

Existem imunoglobulinas diferentes?

Nem toda imunoglobulina é igual, elas possuem estruturas e funções diferentes! No nosso corpo podemos encontrar cinco classes: Imunoglobulina A (IgA), Imunoglobulina D (IgD), Imunoglobulina E (IgE), Imunoglobulina G (IgG) e Imunoglobulina M (IgM). Mas o que são essas classes?

Imagine que você tenha que organizar seus brinquedos, então você junta todos os carrinhos em um cesto, as bolinhas em outro e as bonecas em um terceiro cesto. Basicamente, as imunoglobulinas também são separadas em grupos de acordo com suas semelhanças estruturais. Vamos conhecer a estrutura básica de uma Imunoglobulina?

Imagem 8: Esquema representando a estrutura característica dos anticorpos de cada classe. As imunoglobulinas do esquema estão em sua forma solúvel. – Figuras fora de escala.

E aí, conseguiu ver alguma diferença? Será que essas diferenças estruturais são importantes? E será que cada classe atua de formas diferentes na defesa do organismo?

Imagem 7: Esquema ilustrando a estrutura básica de uma imunoglobulina – Figuras fora de escala.

Como podemos ver na imagem 7, todas as imunoglobulinas possuem uma parte chamada cadeia leve (tons de rosa) e outra chamada cadeia pesada (tons de roxo). Mas nem todas as imunoglobulinas são iguais, lembra? Então, onde está a diferença entre eles?

As cadeias pesadas possuem uma região que é idêntica dentro de cada grupo (classe), conhecida como região constante. Assim, todas as imunoglobulinas de uma determinada classe terão a região constante da cadeia pesada igual. Vamos ver as principais características de cada uma das cinco classes? Observe a imagem 8.

Imagem 9: Desafie-se e aprenda coisas incríveis!

Os anticorpos de cada classe atuam da mesma forma?

Como vimos anteriormente, cada classe possui uma região da cadeia pesada que é específica dela. E adivinhe! É justamente através dessa parte que os anticorpos conseguem interagir com as várias células e outros componentes do nosso sistema imunológico, por isso as classes agem de formas diferentes, além de poderem ser encontradas em locais diferentes também. Vamos ver algumas dessas formas de atuação!

Imunoglobulina A

Imagem 10: Algumas características da classe IgA.

Imunoglobulina E

 Imagem 12: Principais características da classe IgE.

Imunoglobulina D

Imagem 11: Principal característica da classe IgD.

Eosinófilos?

 Imagem 13: Eosinófilos são um tipo de leucócito (glóbulos brancos) que atuam principalmente nas respostas alérgicas e contra parasitas.

Imunoglobulina G

 Imagens 14: Algumas características da classe IgG.

Imunoglobulina M

 Imagem 15: Algumas características da classe IgM.

E aí, já sabe tudo sobre as imunoglobulinas?

Vocês gostaram de saber um pouco sobre as imunoglobulinas? Ainda tem muito mais para conhecer! Exploramos apenas uma pequena parte desse assunto tão importante para nossa saúde.

As imunoglobulinas tem muitas outras funções com diferentes complexidades para compreender e estudar. Além do que já se sabe, ainda há um universo de informações a ser descoberto pela ciência!

Quer ver um exemplo bem atual? Durante a pandemia do vírus Sars-CoV-2, causador da COVID-19, ouvimos falar a todo instante sobre testes para verificar se a pessoa foi infectada por esse vírus e alguns desses testes são feitos usando imunoglobulinas que conseguem reconhecer o vírus!

E falando nisso, ainda há muita confusão e fake news sobre os tipos de testes que temos para identificar a infecção pelo Sars-CoV-2 e até mesmo sobre a possibilidade de se verificar se as vacinas “fizeram efeito” ou não nos vacinados através desses testes.

Se você quiser saber mais sobre como podemos usar as imunoglobulinas para identificação viral, se liga na nossa próxima matéria: “É COVID ou não? Entenda como funcionam os testes para COVID-19”.

Quer se aprofundar nos estudos? Confira nossas fontes:

  • ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ᵃ Edição. Elsevier, 2015.
  • Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos – Fundação Oswaldo Cruz. O que é IgG e IgM? Disponível em: <https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1739-o-que-e-igg-e-igm>.
  • Tan, Yih Horng et al. “A nanoengineering approach for investigation and regulation of protein immobilization.” ACS nano vol. 2,11 (2008): 2374-84. doi:10.1021/nn800508f. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4512660/>. Acesso em: 28 ago 2021.
  • UNIVERSITY OF LEEDS. The HIstology Guide – Lymphoid: Immune cells. Disponível em: <https://www.histology.leeds.ac.uk/lymphoid/B_T_lymphocytes.php>. Acesso em: 28 ago 2021.
  • MURO, Luis Fernando Ferreira; FERREIRA, Letícia Lemos; GONZAGA, Priscila de Almeida Lanzi; FAMED PEREIRA, Rose Elisabeth Peres. Relação Antígeno-Anticorpo. Disponível em: <http://www.faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/lMzKLAEr9hxwSYU_2013-6-21-12-15-44.pdf>. Acesso em: 09 set 2021. 
  • LOPES, Priscila Diniz. Anticorpos e Imunoglobulinas: propriedades e estrutura básica da molécula do anticorpo. Principais propriedades físico-químicas e biológicas das moléculas de anticorpo. Disponível em: <https://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/patologia/HELIOJOSEMONTASSIER/aula-3–anticorpos-e-imunoglobulinas.pdf>. Acesso em: 09 set 2021. 
  • OLIVEIRA, Lílian M. G. Bahia; KANASHIRO, Milton M.. Imunologia. Volume 1. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010.  
  • LENZ, Guido. Métodos imunológicos. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/biofisica/Bio10003/MIMUNO.pdf>. Acesso em: 09 set 2021. 
  • CASTRO, Sandra B. Ribeiro. ANTÍGENO E ANTICORPO. Disponível em <https://www.ufjf.br/imunologia/files/2012/03/Aula-Ant%c3%adgeno-anticorpo-e-rearranjo-de-genes-270312.pdf>. Acesso em: 09 set 2021.

Imunoglobulina E

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