Paulo Henrique Colonese, Mariana de Souza Lima, Espaço Ciência Viva.
- Arco-íris: dos mitos à compreensão.
- Arco-íris, chuvas e enchentes na mitologia Yorubá (África).
- Arco-íris, chuvas, nuvens e paixão na mitologia Zulu (África).
- Arco-íris, rios, oceanos e nuvens na mitologia grega (Império Grego).
- Arco-íris, ilha, continente, uma ponte e golfinhos na mitologia Chumash (América do Norte).
- Arco-íris, gelo, gigantes, deuses, cachoeiras e uma ponte na mitologia nórdica (Noruega, Suécia, Dinamarca e Islândia).
- Arco-íris, um rasgo no céu, pedras coloridas e uma deusa poderosa na mitologia chinesa.
- Arco-íris: uma bela índia, um casamento e sete arcos na mitologia Kaxinawá (Brasil).
- Arco-íris: um deus poderoso, um arco e raios na mitologia hindu (Índia).
- Arco-íris: duendes e potes de ouro. (Irlanda).
Os caxinauás, também chamados de caxinauas e Kaxinawá, são uma etnia indígena sul-americana pertencente à família linguística pano. Habitam as regiões de floresta tropical no leste peruano (do pé dos Andes até a fronteira com o Brasil) e o estado do Acre, abarcando a área do Alto Juruá e Purus e o Vale do Javari, sendo mais numerosos na região brasileira que na peruana. Conheça mais da cultura Caxinauá no livro “Huni kuin hiwepaunibuki: a história dos caxinauás por eles mesmos”.
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Os povos cujas línguas partem desse tronco, além de terem a terminação “nawa” no nome, também se autodenominam “huni kuin”, que significa “homens verdadeiros”.
A cultura dos Kaxinawá é recheada de cantos e rituais típicos, com o katkanawa, ritual da fertilidade, ou txirin, que é realizado na iniciação da criança no grupo. Eles também têm um estilo púnico de desenhos geométricos, chamados kene kuin. Abaixo a lenda da criação dos padrões geométricos kene kuin.
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Os mitos do grupo geralmente estão relacionados aos animais. Os Kaxinawá acreditam que todo bem cultural foi ensinado aos homens por algum animal, que eles chamam de “huni kuin encantado”. O esquilo, por exemplo, teria ensinado o homem a plantar, o macaco a copular e a aranha a tecer.
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Conheça suas histórias encantadas no livro Una Shubu Hiwea – Livro Escola Viva do Povo Huni Kuin do rio Jordão, disponível na Biblioteca Itaú Cultural.
O ser humano, segundo a crença dos Kaxinawá, é formado por
- carne, conhecido por eles como “yuda”;
- o espírito do corpo, denominado por eles “yuda baka yuxin”
- e o espírito do olho, chamado “bedu yuxin”.
A morte, para a etnia, é a perda do aspecto “yuxin”. Outra crença do grupo é xamanismo. Os xamãs seriam capazes de curar e causar doenças usando o “muka”, uma substância ou qualidade xamânica que representa o poder dos mesmos. Eles são grandes responsáveis por acumular poder e conhecimento espiritual, além de terem grande afinidade com os animais, que permite que os xamãs dialoguem com os mesmos. Devido a essa proximidade, eles não conseguem comer carne ou caçar.
IAÇÃ E OS SETE ARCOS COLORIDOS
Versão de Suely Mendes Brazão. Em Cadernos PDE. Do original: BRAZÃO, Suely Mendes. Como surgiram os seres e as coisas. Co-edição Latinoamericana. São Paulo : Ática, 1997.
A bela índia Iaçá, do povo KAXINAWA (Caxinauás), apaixonou-se por Tupá, filho do deus supremo, Tupã. Com muita inveja de Tupá.
Mas, Anhangá resolveu tomar sua noiva. Para isso, propôs à mãe de Iaçá que impedisse o casamento da filha, dando-lhe em troca caça e pesca abundante para o resto da vida. Para garantir abundância e fartura de alimentos, a mãe de Iaçá proibiu-a de ver Tupá e marcou logo o casamento da filha com Anhangá.
Triste e desesperada, a jovem não tinha outra saída, e pediu a Anhangá que a deixasse ver Tupá pela última vez, nem que fosse de longe. Ela sabia que, depois de casada, teria de ir para o interior da terra, onde morava Anhangá, e nunca mais poderia chegar perto de Tupá, que vivia no céu, junto com seu pai, Tupã.
Anhangá resolveu atender ao pedido da moça, mas com uma condição: ela teria de fazer um corte em seu braço, para que o sangue pingado fosse formando um rastro em sua subida ao céu; desse modo, Anhangá poderia acompanhar sua caminhada.
No dia do casamento, pouco antes da cerimônia, Iaçá partiu para sua última visita a Tupá. E o sangue de seu braço foi formando um arco vermelho no céu.
Tupá, muito poderoso, mandou que o Sol, o Céu e o Mar fizessem companhia à jovem em sua viagem, descrevendo outros três rastros, ao lado do risco vermelho, para confundir Anhangá.
- O Sol, Guaraci, traçou um arco amarelo.
- O Céu Iuacá, um arco azul-claro.
- E o Mar Pará, um arco azul-escuro.
- Iaçá, porém, não conseguiu chegar ao céu, nem ver Tupá. Ela ficou muito enfraquecida, e caiu lentamente em direção à terra. Seu sangue misturou-se primeiro com o traçado amarelo de Guaraci, formando um rastro laranja,
- E depois com o arco azul de Iacá, descrevendo outro rastro, de cor violeta.
- Quando chegou à terra, Iaçá não foi para o fundo da terra, nem se casou com Anhangá. Morreu numa praia, banhada pelo mar e pelos raios de sol. De seu corpo, subiu ao céu um arco verde, formado pela mistura do azul de Pará com o amarelo de Guaraci. Era o sétimo arco, que acompanhava a trajetória dos seis anteriores.
É por isso que o arco-íris tem as sete cores e sempre aparece no céu em forma de arco.