Breve história de medo e desinformação: os movimentos anti-vacina

NÃO HESITE, VACINE!

Capa: A coragem da Vacina. Dois estudantes de uma mesma turma, um deles vacinado que não pegará a doença e outro não vacinado que pegou a doença, lado a lado.

Artigo adaptado do original de Vincent Iannelli, MD, revisado por um médico do Conselho de Revisão Médica (Verywell Health Board) e atualizado em 14 de fevereiro de 2020.

É provável que seja uma surpresa que sempre tenha havido um movimento antivacina, desde a sua origem. Não é algo novo criado por Jenny McCarthy ou Bob Sears.

Vamos ver alguns momentos e personagens que propagaram este movimento mórbido e perigoso.

MOVIMENTO ANTIVACINA DO SÉCULO XVIII

Na verdade, o movimento antivacina antecede essencialmente a primeira vacina. Os primeiros experimentos de Edward Jenner com uma vacina contra varíola  começaram em 1796.

Dr. Jenner realizando a vacinação em James Phipps, um garoto de oito anos de idade. 14 de maio de 1796.
Dr. Jenner convencendo fazendeiro a vacinar sua família, pintor desconhecido, 1910.

Mesmo antes disso, a variolação como técnica para prevenir a varíola  foi praticada durante séculos em muitas partes do mundo, incluindo África,  China, Índia e o Império Otomano.

Registros indicam que a variolação foi praticada pelos chineses desde o século XV. Eles praticavam variolação por insuflação nasal – essencialmente, você sugava algumas coisas pelo nariz. Esse “material” era geralmente crostas de varíola em pó. Era importante que as crostas fossem retiradas de alguém com um caso leve de varíola e que as crostas fossem secas – se fossem muito frescas, o “variolado” poderia ficar bastante doente.

Durante os séculos 18 e 19, a prática chegou ao Oriente Médio e à África. No entanto, a técnica diferia um pouco. Em partes da África, as mães amarravam um pano em volta do braço coberto de varíola de uma criança doente. Esse pano seria então amarrado ao braço de uma criança saudável – dando-lhes um caso leve de varíola, mas protegendo-os de um caso mortal.

E Onesimus, um escravo africano de Cotton Mather, ensinou Mather sobre essa técnica em 1706.

Estojo médico de vacinação.

Lady Mary Wortley Montagu introduziu a inoculação na Inglaterra, tendo aprendido sobre a prática na Turquia. Já na década de 1700, a variolação era amplamente usada na Inglaterra, em grande parte graças a Lady Montagu, esposa do embaixador britânico na Turquia. A essa altura, a técnica de variolação havia se tornado mais refinada – o chamado método Suttoniano. Neste método, o material da varíola foi administrado através de um pequeno arranhão na pele.

Como ela encorajou outros a vacinar e proteger seus filhos contra a varíola, incluindo a Família Real, houve muito debate. Diz-se que “Os pró-inoculadores tendiam a escrever nos tons frios e fatuais incentivados pela Sociedade Real, com apelos frequentes à razão, ao progresso moderno da ciência e à cortesia subsistindo entre os senhores. Os anti-inoculadores escreveram propositalmente como demagogos, usando tons aquecidos e histórias de susto súdicas para promover a paranóia.”

Estes podem ter sido os primeiros debates sobre vacinas na Europa.

MOVIMENTO ANTIVACINA NO SÉCULO XIX

Eventualmente, a vacina de varíola de Edward Jenner substituiu a variolação. Embora isso fosse muito mais seguro do que a prática anterior e a varíola ainda fosse um grande assassino, ainda havia aqueles que se opunham.

Grande parte da resistência pode ter ocorrido pois tomar a vacina contra varíola no Reino Unido no século XIX era obrigatória — você tinha que vacinar seus filhos ou seria multado, e as multas eram cumulativas.

A Liga Nacional Antivacinação foi criada no Reino Unido após a aprovação da Lei de Vacinação de 1853. Outro grupo, a Liga Anti-Compulsória de Vacinação, foi fundado após a aprovação da Lei de Vacinação de 1867, que elevou os requisitos de idade para a obtenção da vacina contra varíola de 3 meses a 14 anos.

Em junho de 1867, a publicação “Human Nature” fez campanha contra “The Vaccination Humbug” (O Disparate da Vacinação). E relatou que muitas petições foram apresentadas ao Parlamento contra a vacinação compulsória, com muitos pais alegando que seus filhos haviam morrido durante a vacinação e queixaram-se de que essas petições não haviam sido tornadas públicas. O jornal relatou a formação de uma Liga de Vacinação Anti-Compulsória “para derrubar esse imenso absurdo fisiológico e essa tirania médica”, e citou Richard Gibbs, que dirigia o Hospital Público. “eu acredito que temos centenas de casos aqui de envenenamento com a vacinação”.

O Manifesto Geral de Eleições do Partido Trabalhista de 1900 continha um compromisso de “Nenhuma Vacinação Obrigatória”. Ou seja, as campanhas eram muito eficientes com trabalhadores desinformados.

VACINADOR, O DOUTOR MORTE. Jornal antivacina. “Death the Vaccinator” publicado no final de 1800 pela Sociedade de Londres para a Abolição da Vacinação Obrigatória, Fonte: College of Physicians of Philadelphia, “Death the Vaccinator”, www.historyofvaccines.org

Surgiram ligas anti-vacinação nos países onde a vacina foi implementada, incluindo os Estados Unidos e, mais tarde, com uma forte Revolta Popular Contra a Vacina, no Brasil.

‘Soro direto do cavalo’., Caricatura de inoculação alemã mostrando von Behring extraindo o soro com uma torneira. Lustigen Blattern, 1894

Grupos antivacinas no século XIX normalmente:

  • Diziam que as vacinas fariam você ficar doente e culpavam o despotismo médico, “uma coisa dura, materialista, infiel” pela criação dos atos de vacinação.
  • Alertavam sobre produtos químicos venenosos em vacinas, ou seja, o ácido carbólico na vacina contra varíola.
  • Diziam que a vacina de varíola de Jenner não funcionava.
  • Indicavam práticas médicas alternativas, incluindo herbalistas, homeopatas e hidropatas, etc.
  • Usavam sua própria literatura (sem fundamentação alguma, apenas berros de casos duvidosos particulares) para assustar as pessoas e afastá-las de vacinas.

“Death the Vaccinator” publicado no final de 1800 pela Sociedade de Londres para a Abolição da Vacinação Obrigatória, Fonte: College of Physicians of Philadelphia, “Death the Vaccinator”, www.historyofvaccines.org .

Efeitos da variolação, James Gillray, publicado por Hannah Humphrey, 1802.

Desafio: Identifique as deformações e mutações “de vaca”, imaginadas produzidas pela variolação.

© The Trustees of the British Museum.

Localize:

  • Chifres nascendo na testa de uma mulher.
  • Mulher grávida parindo bebê-bezerro e colocando um bezerro também pela boca.
  • Vacas saindo de nádega, braços, nariz, orelha e rosto .

O título da obra é : The Cow-Pock-or-the Wonderful Effects of the New Inoculation!

A Catapora (picada) de Vaca ou os Maravilhosos Efeitos da nova inoculação!

Descrição: Uma cena em uma instituição de vacinação repleta de pessoas; pacientes pobres se aglomeram por uma porta à esquerda; na sala estão aqueles cujo tratamento (variolação) desencadeou sérias consequências; no centro, o Dr. Edward Jenner aplicando inoculação no braço de uma mulher. Ao lado do Dr. Jenner um rapaz de baixa estatura carrega um balde cheio de supurante “Pus de Vaca“.

Desenho colorido à mão. No canto esquerdo, o grupo enfileirado aguarda uma concha de remédio retirado de um balde. Em um dos frascos abaixo do balde está escrito “Vômito.” No canto inferior direito, temos a data 12 de junho de 1802 e nome da publicação e referência à Anti-Vaccine Society!

O MONSTRO DA VACINAÇÃO

O Monstro da Vacinação comia crianças e as evacuava. Uma associação de impureza associada à vacina, 1802.

Desafio

Um monstro sendo alimentado por cestos com bebês e excretando os bebês com chifres; simbolizando a vacinação e seus efeitos. Desenho de Charles Williams, 1802(?).

O corpo do monstro está cheio de feridas pustulentas, com nomes escritos. Investigue quais os nomes escritos.

Descrição:

Uma publicação publicada como propaganda contra a introdução da vacinação como medida preventiva contra a varíola.

A varíola já foi uma doença epidêmica comum que matou, cegou ou desfigurou suas vítimas. No século XVIII seu impacto foi reduzido na Europa por uma prática chinesa chamada variolação, a injeção de fluido de varíola de um ser humano infectado em um ser humano saudável.

A variolação tornou-se uma prática popular na Grã-Bretanha. Em 1798, Edward Jenner (1749-1823) propôs uma modificação da variolação chamada vacinação, que envolvia a injeção de fluido de uma vaca infectada em seres humanos.

A introdução da vaca na medicina humana parecia irracional e surpreendente, e foi um dos pontos feitos contra a vacinação por seus oponentes. Alguns dos opositores da vacinação são nomeados no obelisco mostrado à direita da impressão: o nome mais alto é o do Dr. Benjamin Moseley, médico do Hospital Real de Chelsea. À esquerda, os vacinadores, ostentando chifres de touro, alimentam bebês ao monstro da vacinação, que tem pés de um leão e o traseiro de uma vaca.

Caricatura de 1808. Edward Jenner confrontando os oponentes à sua vacina (observe os mortos a seus pés). Creative Commons.

Eles até tiveram algumas celebridades se juntando ao movimento anti-vacina, incluindo George Barnard Shaw, que também defendia a Homeopatia e a nefasta racista Eugenia.

MOVIMENTO ANTIVACINA DO SÉCULO XX

Os grupos antivacinas não mudaram muito no século XIX e início do século XX.

Esta foto – um vacinado contra varíola e outro que não havia sido vacinado – foi publicada em 1901 e tirada pelo Dr. Allan Warner no Hospital de Isolamento de Leicester. Foto: The Jenner Trust. Infelizmente a midia e jornalismo da época não divulgam fotos impactantes como essa.
A charge da revista O Malho, de 29 de outubro de 1904, parecia prever a revolta que se instalaria na cidade poucos dias depois: nem com um exército, o “Napoleão da Seringa e Lanceta”, como muitos se referiam a Oswaldo Cruz na época, conseguia conter a fúria da população contra a vacinação compulsória. (Crédito: Leonidas/Acervo Fiocruz).

Isso talvez não seja muito surpreendente, já que depois da vacina contra a varíola de Jenner, levaria quase 100 anos até que outra vacina fosse desenvolvida — a vacina de Louis Pasteur contra a raiva em 1885.

Panfleto de 1902 convidando a participar da Sociedade Anti-Vacinação da América.

Ao longo das décadas seguintes, as outras vacinas vitais que conhecemos hoje foram desenvolvidas, incluindo a vacina DPT, vacinas contra a Pólio e MMR, etc.

Claro, o movimento antivacina estava vivo e bem durante esse tempo, continuando a usar as mesmas táticas de desinformar, assustar e vender outros tratamentos para pais e a sociedade de modo geral.

Em 1973, John Wilson e M. Kulenkampff relataram 50 crianças atendidas ao longo de 11 anos no Hospital for Sick Children em Londres. Ele relatou um grupo de complicações neurológicas nas primeiras 24 horas de crianças que receberam a injeção de DPT, mesmo que sua equipe não tenha visto as crianças por meses ou anos depois. Um ato irresponsável de propagar desinformação, sem base e sem acompanhamento necessários. Em 1974, eles relataram as descobertas de 36 dessas crianças no Arquivo de Doenças na Infância.

Como em um relatório posterior de Wakefield, a cobertura irresponsável da mídia deste pequeno estudo levou ao medo de vacinas e a taxas de imunização mais baixas. John Wilson até apareceu no “This Week”, um programa de TV em horário nobre no Reino Unido. As consequências não foram inesperadas. Além de um grande surto na Inglaterra, com pelo menos 100.000 casos e 36 mortes, houve surtos de coqueluche e mortes também no Japão, Suécia e País de Gales após este caso ser divulgado por uma imprensa sensacionalista. No entanto, as mortes por coqueluche no Reino Unido foram provavelmente subnotificadas, e alguns especialistas acham que o número real de mortes na infância foi próximo de 600.

Embora muitas pessoas pensem que o “DPT: Roleta de Vacina” de Lea Thompson em 1982 ajudou a criar o movimento antivacina moderno, deve estar claro que já haviam muitas influências e movimentos anteriores.

Este também foi o momento em que o Dr. Robert Mendelsohn, um auto-proclamado “médico herege” e um dos primeiros pediatras antivacina, tornou-se um grande difamador da vacina ao escrever “A Bomba-Relógio Médica de Imunização Contra a Doença” e ao fazer as rodadas em talk shows da época. Mendelsohn também foi

  • contra a adição de flúor à água.
  • contra a cirurgia de ponte de safena,
  • contra o licenciamento de nutricionistas.
  • e contra exames de rastreamento para detectar câncer de mama.

O show de Lea  Thompson levou Barbara Loe Fisher e alguns outros pais a formar o grupo Pais Insatisfeitos Juntos (Dissatisfied Parents Together, DPT). E a partir daí temos seu livro, “A Shot in the Dark”, que teve uma grande influência sobre o Dr. Bob Sears, e a eventual formação do Centro Nacional de Informações sobre Vacinas (EUA).

E como trechos de “DPT: Roleta de Vacina” foram exibidos nacionalmente no “Today Show”, isto influenciou muito mais pessoas.

Em seguida, vieram as acusações de que a vacina DPT causava SIDS (Síndrome da Morte Súbita Infantil). E também de que a vacina contra a Hepatite B,  causava SIDS. E a irresponsável Barbara Loe Fisher estava no centro de muitas dessas acusações, até mesmo testemunhando perante o Congresso.

E embora ela certamente não tenha sido a primeira celebridade antivacina, esta foi a época (1990) quando Lisa Bonet, do The Cosby Show, foi ao “The Donahue Show” e disse que as vacinas poderiam “introduzir microrganismos alienígenas no sangue de nossas crianças e os efeitos a longo prazo poderiam ser triviais ou poderiam ser bastante perigosos — poderiam ser apenas alergias ou asma ou distúrbios do sono ou poderiam ser câncer, leucemia, esclerose múltipla e síndrome da morte súbita infantil. “É muito assustador e é muito sério, e eu acho que porque eu me senti errado fazendo isso… É por isso que eu não fiz isso. Você sabe que temos que pensar duas vezes. Você sabe por que nossos filhos estão recebendo essas doenças?”

E TUDO ISSO SEM NENHUMA FUNDAMENTAÇÃO CIENTÍFICA VÁLIDA, MAS CHEIA DE SENSACIONALISMOS E USANDO CASOS DE PAIS DESESPERADOS.

Alguns anos depois, em 1994, a primeira Miss América surda foi coroada, com sua mãe culpando a vacina DPT pela surdez de sua filha. Como muitas outras histórias de lesões por vacinas, a história de Heather Whitestone não era nada do que sua mãe dizia. Seu pediatra rapidamente apresentou seu histórico médico – ela ficou surda por causa de um caso de risco de vida de meningite e o tratamento subsequente com um antibiótico ototóxico, ainda usado na época. E NENHUMA RELAÇÃO COM NENHUMA VACINA. No entanto, levou vários dias para a mídia fazer a correção da história.

A vacina DPT (Difteria, Tétano e Coqueluche), que nunca foi demonstrada ser causa de problemas auditivos, não teve nada a ver com a surdez de Heather Whitestone. Mas isto certamente não impediu que grupos antivacinas anti-éticos usassem sua história inicial e a cobertura da mídia para assustar os pais sobre vacinas.

Criada em 1973, passariam mais 15 anos até que a primeira vacina HIB (vacina usada na prevenção de infeções por Haemophilus influenzae do tipo B) fosse aprovada e começasse a ser dada rotineiramente às crianças.

Esta foi quase a mesma época em que Katie Couric participou de um segmento no programa da NBC News Now com Tom Brokaw e Katie Couric sobre a DPT.

Mas, é claro, as coisas realmente não avançaram muito no movimento antivacina moderno até a conferência de imprensa de 1998 com o “estudo” de Andrew Wakefield,  quando ele disse que “esse é o meu sentimento, que o risco dessa síndrome em particular se desenvolver está relacionado com a vacina combinada, a RMM (vacina combinada segura e eficaz que protege contra três doenças separadas – sarampo, caxumba e rubéola), em vez de vacinas isoladas”.

O 20/20 da ABC até entrou na maléfica desinformação anti-vacina, levantando “novas questões sérias sobre uma vacina que a maioria das crianças são forçadas a tomar” em seu episódio de 1999 “Quem está chamando a atenção?”

Mas a mídia não levou em consideração e nem divulgou o fato de que:

Em uma série de ações judiciais na Inglaterra que foram movidas contra os fabricantes das vacinas DPT alegando que causaram convulsões e danos cerebrais, todas descobriram que as vacinas DPT não causaram lesões vacinais em um relatório da OIM de 1991 que concluiu que as evidências não indicam uma relação causal entre o DPT e a SIDS e não havia evidências suficientes que sugerissem uma relação causal entre o DPT e os danos neurológicos crônicos e muitos outros transtornos, como também que os casos de suposta encefalopatia vacinal secundária à vacina DPT foram de fato causados pela Síndrome de Dravet.

Deve até ser considerado uma “negligência jornalística e midiática” totalmente irresponsável e anti-ética que eles não tenham corrigido toda a enorme desinformação veiculada pela “Roleta da Vacina” que ainda hoje são veiculadas de tempos em tempos pelas redes sociais.

MOVIMENTO ANTIVACINA DO SÉCULO XXI

Os grupos antivacinas do século 21 não são muito diferentes dos seus predecessores do século 19. Eles AINDA:

  1. dizem que as vacinas vai deixá-lo doente.
  2. culpam a Big Pharma, em infindáveis teorias de conspiração.
  3. alertam constantemente sobre o uso de produtos químicos venenosos e toxinas nas vacinas, embora continuem a mudar quais produtos químicos eles se preocupam, passando de thimerosal para formaldeído e alumínio, etc.
  4. dizem que a vacina contra varíola de Jenner e nenhuma das outras funciona.
  5. empurram práticas médicas alternativas duvidosas ou falsas, incluindo “soluções” ou “curas” de herbalistas, homeopatas, quiropraxias, naturopatas e outros provedores holísticos que usam sua própria literatura para afastar as pessoas de vacinas.

Uma diferença é que, em vez de algumas pessoas escreverem panfletos com suas ideias anti-vacina, como fizeram em Boston em 1721, agora qualquer pessoa pode escrever DESINFORMAÇÕES e NOTÍCIAS FALSAS e alcançar muito mais pessoas começando seu próprio site ou blog, postando em redes de mensagens, escrevendo um livro, ou aparecendo na TV, etc.

Outra é que, ainda mais do que no final do século XX, vimos um grande aumento na mídia assustando os pais sobre vacinas nos últimos 10 ou 15 anos, incluindo:

  • Jenny McCarthy em Larry King Live.
  • Holly Pete em Larry King Live.
  • Jenny McCarthy na Oprah em 2007.
  • Jenny McCarthy na Time magazine em 2009.
  • Matt Lauer, entrevistando Andrew Wakefield em Dateline, 2009.
  • Katie Couric sobre HPV em 2013.
  • Barbara Loe Fisher discutindo “Vacinações Forçadas” em Lou Dobbs, 2009.
  • Matt Lauer em seu longo episódio de 1 hora Dateline, Uma Dose de Controvérsia, com com o próprio Andrew Wakefield. (fazendo até paródia com o nefasto título do programa).
  • E até Robert DeNiro no Today Show em 2016. E para piorar, aprovou a exibição do nefasto e falso documentário VAXXED no Festival de Cannes.

Um exemplo assombroso de Jornalismo Irresponsável.

Este também é o momento em que vimos o surgimento de celebridades e de pediatras “pandering” (demagogos) como porta-vozes dos grupos de anti-vacinas.

Foi a menos de uma semana do ano 2000, quando Cindy Crawford apareceu no Good Morning America com seu pediatra “famoso”, Dr. Jay Gordon. Um programa totalmente irresponsável!

Celebridades como a atriz Jenny McCarthy se agarraram desesperadamente à falsa alegação e começaram a promover o falso elo de Wakefield entre vacinação e autismo. E anti-vacinacionistas continuam defendendo essa crença, mesmo que não haja evidências científicas para apoiá-la.

Mas O QUE É REALMENTE DIFERENTE E MAIS PERIGOSO HOJE?

Embora a grande maioria das pessoas ainda vacine seus filhos, grupos de crianças intencionalmente não vacinadas estão crescendo. E são esses grupos de crianças e adultos não vacinados que estão levando a um aumento de surtos de doenças preveníveis por vacinas que estão ficando mais difíceis de controlar.

O SARAMPO VOLTOU!

Em pleno 2019, o “inesperado” aconteceu: fomos surpreendidos por um surto de Sarampo. Até o fim de outubro, o sarampo foi confirmado em 10.429 dos 49.613 casos suspeitos no Brasil. O estado mais acometido foi São Paulo com 90,5% dos casos, seguido do Paraná e do Rio de Janeiro.

Uma coisa que pode ser diferente e nefasta agora é que mais pessoas têm aderido ao novo movimento da “Medicina Natural”. De colares âmbar e óleos essenciais a ímãs esportivos e “medicamentos” homeopáticos nas prateleiras das farmácias, essas coisas andam lado a lado com o movimento antivacina moderno.

Além disso, pediatras criaram calendários vacinais de proteção totalmente fora dos padrões internacionais (e não aprovados) para pais. E cada vez mais, grupos de quiropratores, naturopatas, pediatras holísticos e pediatras integrativos aconselham pais a evitar vacinas completamente. E com o “Dr. Oz” na TV, indicam e vendem um monte desses tipos de “remédios” holísticos na TV todos os dias, isto provavelmente vai parecer a coisa certa a ser feita e pode fazer muitos pais desinformados e assustados não vacinarem seus filhos.

Grandes sites de remédios naturais também empurram tudo e qualquer coisa apelativa “goela abaixo” de todos, desde alimentos orgânicos até teorias de conspiração médica, que também fornecem muita desinformação para pessoas antivacinas. E muitos usam e criam o medo sobre produtos químicos.

Por isso tudo, não é surpreendente que seja fácil assustar os pais sobre vacinas.

Mas, ainda assim, é importante ter em mente que essas coisas não se tornaram comuns naturalmente, o movimento antivacina tornou-se um grande negócio. Desde a venda de vitaminas, suplementos, e-books, e-cursos e tratamentos holísticos duvidosos até a pressão por novas leis garantindo que as crianças possam ficar intencionalmente “desvacinadas” e desprotegidas – elas são um berro assustador que cresce a cada dia.

É claro, berrar e assustar não torna nenhuma dessas informações verdadeiras, mas podem convencer pessoas desinformados ou que sofrem, com o medo e a esperança de cura.

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