Capa: Nebulosas nas constelações da Mosca, Cruzeiro do Sul e Centauro. Fonte Planetário Stellarium.
Poesia: Francisco García Olmedo, Espanha. Natura según Altroío, 2002. Poesía y Ciencia. Sección dirigida por Miguel García-Posada.
MIENTRAS LOS ASTRÓNOMOS
Una negrura de lava presidía la noche
en la isla oscurecida
y una monotonía de té de Ceilán
invadía el alto observatorio
mientras los astrónomos
enfocaban al principio del tiempo,
cuando todavía el discóbolo
no había alisado nuestra galaxia.
Pero yo no lograba imaginar el ascenso luminoso.
Uma escuridão de lava presidiu a noite na ilha obcurecida e uma monotonia do chá do Ceilão invadiu o alto observatório enquanto os astrônomos se concentravam no começo dos tempos, quando ainda o discobolo não havia suavizou nossa galáxia. Mas eu não conseguia imaginar a ascensão luminosa.
Una brisa de otoño
refrescaba las orillas del Potomac
y en aquel sótano florecía
una primavera inteligente
mientras los astrónomos
ponderaban el calor de la nébula
en el momento del colapso
que precedió a nuestro origen.
Pero yo no sentía curiosidad por ese tórrido pasado.
Uma brisa de outono resfriou as margens do Potomac e naquele porão floresceu uma primavera inteligente enquanto os astrônomos ponderavam o calor da nebulosa na momento do colapso que precedeu nossa origem. Mas eu não estava curioso sobre aquele tórrido passado.
Un sol de mediodía se desploma
sobre los agostados pastizales
y tras las cortinas de cristal
cunde la alarma cardiovascular
mientras los astrónomos
escrutan desde el balcón de Júpiter
el espectro del agua
y la signatura infrarroja del ozono.
Pero no pueden inspirar consuelo
esos signos de otras vidas
sino el presentimiento de otros naufragios como el nuestro.
O Sol do meio-dia se põe sobre as pastagens ressecadas e atrás das cortinas de vidro o alarme cardiovascular dispara enquanto os astrônomos examinam da varanda de Júpiter o espectro da água e a assinatura infravermelha do ozônio. Mas não podem inspirar conforto, aqueles sinais de outras vidas, senão o pressentimento de outros naufrágios como o nosso.
Dr. Engenheiro Agrônomo e Graduado em Química. Professor da Universidade Politécnica de Madrid (1970-2008). Olmedo pesquisou engenharia genética de plantas no ETS de Engenheiros Agrônomos da Universidade Politécnica de Madrid. É autor das primeiras patentes de plantas transgênicas fabricadas na Espanha e vendidas no mercado internacional. Bolsista de pós-doutorado e professor visitante na Universidade de Minnesota. Membro da Royal Academy of Engineering e da Academia Europaea. “Prémio da Royal Academy of Sciences”, “Prémio às Ciências do CEOE” e “Prémio Columela da Fundação da COIAA”. Autor dos livros “A Terceira Revolução Verde” (Debate, 1998); “Between Pleasure and Necessity” (Critic, 2001); “Ingenuidade e fome” (Crítica 2009), e dos poemarios “Natura según Altroío” (Huerga & Fierro, 2002) e “Mar Congelado. Glosas y Tergiversos” (Huerga Fierro, 2005) e da novela “Notas a Fritz” (Tabla Rasa, 2004).