Capa: Etapas da produção do famoso globo batimétrico produzido por Bruce Heezen e Marie Tharp em sua busca pela compreensão da fisiografia do fundo do mar. Acervo da Divisão de Geografia e Mapas da Biblioteca do Congresso, EUA. Créditos NOAA Photo Library. In Wikipédia. Licença CC BY 2.0.
Este material foi traduzido para português do Projeto Oceánicas que desenvolve várias atividades para celebrar e preservar o oceano.
Um dos trabalhos do projeto é Oceánicas: pioneras de la oceanografía onde contam a história de 10 cientistas ilustres, algumas delas bastante esquecidas e desconhecidas. Desde a primeira e única mulher que deu a volta ao mundo durante a época das grandes explorações até mulheres atuais que lideram a luta pela Conservação do Oceano – grande sonho da Década do Oceano (2021-2030) que se inicia esse ano.
Todas as Oceânicas são referências maravilhosas, necessárias e inspiradoras às jovens que sonham ser cientistas e pesquisadoras marinhas. A Mudança Climática, a Sobrepesca e a Contaminação ameaçam transformar o oceano para sempre. Isto torna o acesso equitativo de mulheres e homens a todos os campos das ciências marinhas, incluindo a sua presença em postos de responsabilidade, mais necessário do que nunca.
Temos um desafio enorme e precisamos contar com todos os talentos da humanidade, Para nos inspirar, vamos conhecer hoje mais uma mulher, cientista marinha autodidata – uma Argonauta do Oceano.
A primeira pessoa a mapear o fundo de todos o oceano
Poucas pessoas no mundo podem dizer que seu trabalho serviu para mostrar como é 70% do planeta inteiro. Marie Tharp sim, porque ela trabalhou como cartógrafa oceanográfica, ou seja, fazendo mapas do relevo do fundo do oceano, a superfície da Terra escondida de nossos olhos pela água do mar.
Marie nasceu em Michigan em 1920. Ela primeiro estudou inglês e música na faculdade, seguido por um mestrado em Geologia e outro em Matemática.
Ela começou a trabalhar como geóloga em uma empresa de petróleo, mas depois se mudou para Nova York, onde ingressou na Columbia University. Lá conheceu o geólogo marinho Bruce Heezen, com quem colaborou em diversos projetos, primeiro na localização de navios afundados durante a Segunda Guerra Mundial e depois no que seria sua maior contribuição para a ciência: a confecção de mapas do relevo do fundo do mar. Assim, ela se tornou uma cartógrafa oceanográfica e, junto com Bruce, fez o primeiro mapa completo de todos os fundos oceânicos.
Naquela época, nos Estados Unidos, as mulheres não podiam trabalhar a bordo de um navio de pesquisa, então Bruce ficava encarregado de obter os dados no mar e Marie usava essas informações para desenhar os mapas à mão.
Foi só em 1965 que Marie Tharp pôde embarcar pela primeira vez aos 45 anos.
Em 1957 publicaram seu primeiro mapa do Atlântico Norte demonstrando a existência da dorsal meso-oceânica, uma enorme cordilheira subaquática que atravessa o oceano em seu centro de norte a sul, descoberta fundamental para o desenvolvimento das mais importantes teorias geológicas do século 20: as placas tectônicas e a deriva continental.
Mais tarde, em 1977, Marie e Bruce, com a ajuda do pintor austríaco Heinrich Berann, publicaram seu mapa de todo o fundo do oceano. Esses mapas mais do que confirmaram o que seu mapa já apontava 20 anos antes, algo que era uma evidência clara em apoio à teoria mencionada.
Até a próxima Oceânica!
O texto original pode ser obtido aqui.
E o livro completo com as 10 Oceânicas Pioneiras aqui.
Todo o material original está disponível com a Licença Creative Commons CC BY NC ND. 2021 – Licencia CREATIVE COMMONS Reconocimiento-NoComercial-SinObraDerivada 4.0 Internacional
Para saber mais
Veja uma apresentação de sua biografia em “Marie Tharp: Mapeando as Profundezas”. Apresentado pela meteorologista Nicky Howe no Reading Science Slam 2015 promovido pela University of Reading.