Oceânicas Pioneiras: Maude Jane Delap

Coleção Oceânicas Pioneiras.

Este material foi traduzido para português do Projeto Oceánicas que desenvolve várias atividades para celebrar e preservar o oceano.

Um dos trabalhos do projeto é  Oceánicas: pioneras de la oceanografía onde contam a história de 10 cientistas ilustres, algumas delas bastante esquecidas e desconhecidas. Desde a primeira e única mulher que deu a volta ao mundo durante a época das grandes explorações até mulheres atuais que lideram a luta pela Conservação do Oceano – grande sonho da Década do Oceano (2021-2030) que se inicia esse ano.

Todas as Oceânicas são referências maravilhosas, necessárias e inspiradoras às jovens que sonham ser cientistas e pesquisadoras marinhas.

A Mudança Climática, a Sobrepesca e a Contaminação ameaçam transformar o oceano para sempre.

Isto torna o acesso equitativo de mulheres e homens a todos os campos das ciências marinhas, incluindo a sua presença em postos de responsabilidade, mais necessário do que nunca.

Temos um desafio enorme e precisamos contar com todos os talentos da humanidade,

Para nos inspirar, vamos conhecer hoje uma mulher, cientista marinha autodidata – uma Argonauta do Oceano.

Bióloga autodidata e pioneira na criação de águas-vivas em cativeiro

As águas-vivas são nomes populares da fase medusa de alguns animais marinhos gelatinosos que nadam livremente em forma de “sinos” ou guarda-chuvas abertos, com tentáculos. Mas, eles também podem estar fixos, ancorados ao fundo dos oceanos.

Maude Jean Delap. Ilustração do Projeto Oceánicas Pioneiras.

Maude Jane Delap nasceu em uma pequena cidade na Irlanda do Norte em 1866, filha do Reverendo Alexander Delap (1830-1906) e Anna Jane Delap (nascida Goslett, 1831-1914).

Maude Jane logo se mudou com sua família para a Ilha de Valentia, no sul da Irlanda, onde seu pai havia sido nomeado governador.

Maude era a sétima de dez irmãos, dos quais apenas os homens iam à escola. 

No entanto, isso não diminuiu o interesse de Maude pela Natureza e, junto com sua irmã Constance, ela capturou espécies marinhas da costa da ilha que mantinham em aquários domésticos para observar seu comportamento.

Muitos dos espécimes capturados pelas irmãs Delap acabariam no Museu de História Natural da Irlanda em Dublin, como resultado desse trabalho, a Royal Irish Academy (Academia Real Irlandesa) realizou uma expedição à ilha.

Maude e Constance participaram e depois continuaram a coletar espécimes em Valentia, que enviaram a Dublin junto com desenhos e descrições.

Assim, Maude se tornou uma verdadeira bióloga marinha autodidata.

As Medusas

Seu interesse foi crescendo e ela começou a estudar o ciclo de vida de várias espécies de medusas, tornando-se a primeira pessoa a criá-las em cativeiro, especificamente as espécies Chrysaora hysoscella e Cyanea lamarckii.

Chrysaora hysoscella (medusa marrom) no Aquário de Enoshima, Japão. Ishikawa Ken de Kamakura, Japão, Flickr, 2005.
Wikipédia. Licença CC BY SA.

 Cyanea lamarckii  (medusa azul). Denis Barthel. 2007. Wikipédia. Licença CC BY SA.

Ela observou seu comportamento, estudou sua dieta, descreveu pela primeira vez algumas fases de seus ciclos de vida e publicou seus resultados em revistas científicas.

Em 1928, ela foi homenageada, ao nomearem uma anêmona com seu nome: Edwardsia delapiae.

Medusa Edwardsia claparedii. (c) Bernard Picton, iNaturalist. Licença CC BY.

Suas contribuições científicas lhe ajudaram a receber, aos 40 anos, uma oferta de emprego na Estação de Biologia Marinha de Plymouth. Entretanto, ela foi obrigada a recusar devido à forte reação de seu pai, que garantiu que nenhuma de suas filhas sairia de casa. a menos que fosse para se casar.

Maude continuaria toda a sua vida na Ilha de Valentia estudando sua fauna e flora, enviando desenhos e espécimes para Dublin, até sua morte em 1953.

Até a próxima Oceânica!

Para saber mais

O texto original pode ser obtido aqui.

E o livro completo com as 10 Oceânicas Pioneiras aqui. Todo o material original está disponível com a Licença Creative Commons 4.0 CC BY NC ND2021.

As medusas são temidas, por banhistas, pois algumas espécies podem provocar graves queimaduras. Para conhecer e deixar o medo de lado, conheça o Projeto BIÓICOS – Biologia Marinha, e leia o artigo publicado no projeto: Por que as águas-vivas queimam?

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