Poesias “As aves através da janela”

Capa: Foto-montagem Vídeo “Aves ao redor”, Créditos das imagens: Marcela Fonseca, Ricardo T. Santori e Free-Photos.
Arte: Jaciele Sotero.

 


Victoria Wilson da Costa Coelho

Professora Associada de Linguística da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, é uma amante da natureza e tem uma ligação muito forte com as aves. Devido a essa admiração por esses animais, se tornou uma colaboradora frequente da série de vídeos educativos do NUPEC – FFP/UERJ, “As aves através da janela”, colaborando nos roteiros, narrando e, especialmente, fazendo lindas poesias para as aves mostradas.

Ricardo Tadeu Santori

Professor Associado da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro na área de Zoologia de Vertebrados. É observador de aves e desenvolve pesquisas sobre os efeitos da observação de aves na educação. É editor da série didática de vídeos “As aves através da janela” do NUPEC – FFP/UERJ.
Atualmente atua em colaboração com o Espaço Ciência Viva, coordenando o Grupo de Trabalho deste Episódio “Canta que me encanto: as aves ao redor”.

Canário-da-terra

Esse é o amarelinho, 
verdadeiro craque.
Pula, salta, movimenta-se
pra cá e pra lá…

Canarinho-da-terra não dá trégua:
rola a bola no campo
e chuta pra gol!

Canarinho-da-terra não dá trégua: pula, salta,
movimenta-se:
vai pra cima, 
voa pros lados,
cabeceia
e dribla o agressor.

Arremessa e se lança…
Bom de bola,
bom de briga,
Grande defensor!
Esse é o craque:
Canarinho-da-terra,
Canarinho nativo.
Rola a bola no campo,
Chuta pra gol!

Nas caatingas,
nos cerrados,
nos quintais e campos naturais,
lá está ele, sozinho ou em bando, a cantar seu canto agudo e melodioso.

Canarinho-da-terra,
Esse é o craque:
Pula, salta, dribla,
Olha “prum” lado,
Olha pro outro.
Voa direto
E não titubeia:
Rápido, ligeiro…
Mira: 
É gooool!


Victoria Wilson
da Costa Coelho

Suiriri

Olho através da janela
Ouço nas cidades
E imagino as matas…
O suiriri acordando a madrugada:
si-ri- ri…
si-ri-ri…
si-ri-ri…

Seja nos postes,
Seja em fios e arames,
Imagino-o, empoleirado,
Em galhos de grandes bosques,
Anunciando a alvorada
Em grande algazarra:
si-ri- ri…
si-ri-ri…
si-ri-ri…

Olho através da janela
Ouço o canto alegre e vibrante.
E imagino o voo:
poético e pulsante,
Perdido nos céus e no horizonte
Desafiando gaviões multidões:
si-ri- ri!  si-ri-ri! si-ri-ri!
“Arranca as teias de meus porões!”

Olho através da janela,
Ouço seu canto
Driblando ruídos de carros, motos e aviões.
E imagino o suiriri
Em pontes e mourões
Ou à beira de ribeirões:
si-ri- ri…
si-ri-ri…
si-ri-ri…

Olho através da janela e imagino voos outros:
pirotécnicos e geométricos,
acrobáticos e performáticos.
Si-ri- ri…
Si-ri-ri…
Si-ri-ri…
“Dança comigo, suiriri!”

Olho através da janela.
É noite.
Imagino a mata
Agora escura.
O vinho…
O ninho…

Em taça
Convidam à ternura e ao abraço.
si-ri- ri…
si-ri-ri…
si-ri-ri…
“Repousa escondido, querido,
Enquanto a noite suspira,
Tecendo esperanças,
Embalando lembranças,
Soprando cantos
E exalando poesia.”


Victoria Wilson
da Costa Coelho

Sanhaço-do-coqueiro

Lembro de meu pai
Sentado à soleira da porta
Ao fundo, a mata.
Mata diversificada,
Ele, quieto. Atento.

Psiu! ….
E pegou a minha mão.
– Senta ! – me disse.
– Senta e escuta. – sussurrou.
– Quantos pássaros!  – exclamou bem baixinho.
– Consegue ouvi-los?
– Psiu…
– Afina o ouvido, menino matreiro.
– Olha o sanhaçu do coqueiro!

Apurei  meus ouvidos.
Mas quase nem foi preciso
Que canto o do sanhaçu do coqueiro!
Impõe seu ritmo certeiro:
Estridente e melodioso.
Ó, pássaro seresteiro!
Como pula, como salta…
Esse pássaro ligeiro,
Faceiro.

Nas cidades, nos parques;
Nos sítios e nas matas…
Palmeiras e coqueiros.
Ora me desperta, 
Ora me faz sonhar.

Ó, Meu querido seresteiro,
Só quero te escutar,
Livre de qualquer cativeiro.


Victoria Wilson
da Costa Coelho

Sabiá-laranjeira

Sabiá laranjeira
Onde está o sabiá?
Tá aqui,
tá ali,
Acolá!

Olha ele lá!
Nas palmeiras
Ou serão laranjeiras?
Nas colinas,
nos fios e nos arames!
Até no asfalto!
Olhem ele lá!

Ô, sabiá!
Vem cá!

Vem pra perto,
pro meu canto,
com seu canto
encantar.

Pro meu ombro,
com suas asas
me afagar.

Pra minha casa,
minha terra,
matar a saudade
que tenho
do sabiá!

Ô, sabiá!
Vem cá!


Victoria Wilson
da Costa Coelho

Caracará

Avoa, caracará,
Avoa.
Olha pra frente,
Confiante e valente.
Que voo!
Que força!
Avoa, caracará,
Avoa.

É do sertão,
Terra da gente.

Segue seu destino:
Dono das savanas,
Das caatingas,
Pisa, caminha,
Quase gente.

Engole a carniça,
Cruamente.

Avoa, caracará,
Avoa! 

E nas bordas das matas
Empoleira-se,
Alerta.
Mira a presa.
Intrépido, inclemente.

Que garra!
Que força!

Segue seu destino
E os mares sobrevoa:
Quase leve,
Quase brejeiro!
Majestoso,
Oferece-se.

Cheio de si,
Espreita o infinito.
Tão longe de mim,
Tão perto de ti.

Avoa, caracará,
Avoa!
Senhor do sertão,
Destino de toda gente!

Victoria Wilson
da Costa Coelho

Bem-te-vi


Te esconde bem-te-vi
Te esconde
Te esconde bem
Te vi!

Te esconde bem-te-vi
Para bem te ver
É preciso acordar bem cedo
Com alma de passarinho!

Ricardo Tadeu Santori

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