Somsacional: O fantástico mundo dos acordes

Imagem de capa: O acorde Dó(C)maior na guitarra, com baixo em Sol (O acorde de barra: C/G). Tomgally. Wikipédia. Licença Dedicação ao Domínio Público.

Projeto Prodocência: Inovando Metodologias de Ensino de Ciências a partir da colaboração com espaços de ensino formais e não-formais. Com orientação de Rosana Bulos Santiago (UERJ) e Paulo Henrique Colonese (Espaço Ciência Viva/Museu da Vida Fiocruz). Bolsista Victor Alexandre Mateus Camargo.

A Música desperta emoções

A música está presente em nossas vidas, seja em filmes, propagandas, canções que nos façam lembrar a infância, num romance, ou, até mesmo, uma festa animada. Essa forma de arte gera uma gama de sensações e emoções.

Quem nunca ficou emocionado com aquela trilha sonora no momento mais empolgante do filme? Abaixo disponibilizamos algumas trilhas que ficaram marcadas para você relembrar. Aproveite!

Tema de Tubarão, 1975.
Momentos de Tensão.

Mi . . . Mi Fá . . Mi Fá Mi . . Mi Fá Mi Fá.. Mi Fá Mi Fá Mi Fá Mi Fá Mi Fá Mi Fá Mi Fá Mi Fá Ré Mi Mi Fá Ré Mi Mi Fá…

Tema de 2001, Odisseia no Espaço, 1968, Momentos de Suspense.

Zarathustra. C-G-C-CGCEb-C’-G’-C’-G’-CGCEb…

Tema de Carruagens de Fogo, 1981. Momentos de Glória.

Dó-Fá-Sol-Lá-Sol-Mi, Dó-Fá-Sol-Lá-Sol

Star Wars, Marcha Imperial.
Titanic – Tema Principal (James Horner)
For A Few Dollars More

Quais sentimentos essas trilhas sonoras te despertam? Como será que fazem isso?

Desafio Emoção Musical

A música tem o poder de despertar em nós boas ou más emoções e memórias.

Experimente escutar o som abaixo. Que sentimentos ou emoções ele te causa?

Bom, se você se sentiu incomodado ao ouvir esta música, foi por causa do conjunto de notas escolhidas, assim como, o modo da sequência tocada para os diferentes conjuntos de notas.

A Música que venceu uma Batalha!

Muitas vezes a música é usada para transmitir mensagens, como por exemplo nas guerras do passado, quando o corneteiro utilizava toques melódicos para transmitir ao exército as ordens dadas pelo comandante.

Temos na história brasileira um caso muito interessante, que aconteceu durante as guerras pela independência do Brasil contra tropas portuguesas, quando o corneteiro Luiz Lopez, recebeu a ordem de seu comandante para tocar a melodia de “Retirada”, entretanto, Luiz tocou “Avançar cavalaria, a degolar“. Este toque levou desespero às tropas portuguesas, que imaginaram que os brasileiros haviam conseguido reforço militar e partiram em retirada. Assim, a decisiva Batalha de Pirajá (8/11/1822), na Bahia, foi felizmente bem sucedida para as tropas brasileiras.

Dica Sonora

Conheça 35 toques de corneta do Exército Brasileiro e o que significam:

Musicoterapia: Música e Saúde

Quais os pais que nunca tentaram acalmar um bebê cantando uma melodia de ninar?

A musicoterapia é uma prática que utiliza a música como terapia para promover bem estar e auxiliar no tratamento, cuidado ou prevenção de doenças. É uma proposta híbrida conectando arte e saúde para promover comunicação, expressão e aprendizado entre cuidadores e pacientes.

A música tem o poder de liberar o hormônio chamado dopamina, também conhecido como o “hormônio do bem estar”. Mas também pode nos deixar em sinal de alerta, como o soar de uma sirene.

“A música possui um alto potencial terapêutico ainda não conhecido em sua totalidade por conta da falta de estudos na área da musicoterapia. Essa ciência já foi usada para melhoras cognitivas em doenças como Parkinson, demência senil e  hiperatividade. Na epilepsia foi comprovado por meio de um estudo que incluiu 11 crianças de Taiwan com idade entre 2 a 14 anos com epilepsia refrataria. O estudo comparou as crises 6 meses antes do tratamento e 6 meses durante a exposição. Foi constatado em 73% das crianças obteve uma melhora de 50% nas crises e em 2 pacientes a inexistência de crises durante o tratamento. A música pode promover a liberação de dopamina inundando assim os sistemas dopaminérgicos receptores de D2. Em pacientes com epilepsia do lobo temporal, a inundação de dopamina pode potencialmente se comportar como um anticonvulsivante“.

O Poder da Música no Cérebro (resenha), Kaique Miranda, Ciência&Cognição, 2013.
Dica Música e Saúde

Conheça alguns projetos de musicoterapia hospitalar.

Musicoterapia Hospitalar.
Musicoterapia hospitalar.
Projeto Canta pra Sarar
Os Acordes: unidades musicais

Do ponto de vista da teoria musical, o responsável por despertar tais emoções é o acorde, que é um conjunto de notas tocadas juntas, ao mesmo tempo, ou mesmo, separadamente (“quebradas”).

O Brasil é rico em estilos musicais, indo do sertanejo, samba, bossa nova, rap, funk, rock, dentre outros. O que define cada estilo é seu conjunto harmônico – o conjunto de acordes utilizados em suas composições musicais. Mas, para entendermos a ideia e a criação de acordes, precisamos investigar como as notas tocadas juntas são percebidas estética e emocionalmente.

O efeito sonoro estético e emocional gerado pode ser;

  • harmonioso ou estável, chamado de consonantes (soar juntos).
  • Ou pode ser não harmonioso e instável, chamados de dissonantes.
Desafio Harmonia

Com certeza, você já deve ter ouvido uma música muito agradável, que causou boas sensações e gerou um sentimento de calmaria. Escute os dois sons (conjuntos de notas) abaixo. Qual deles possui uma harmonia agradável? E qual deles possui uma harmonia desagradável?

Som 1
Som 2

O som agradável foi devido ao conjunto de acordes usados.

Esses acordes são formados por intervalos consonantes.

Já o som desagradável possui acordes dissonantes.

O que são sons consonantes e dissonantes?

O fato de um som ser consonante ou dissonante está intimamente ligado ao intervalo (para saber mais, clique aqui) das notas que foram tocadas simultaneamente para gerar o som.

Pitágoras de Samos (570-480 a.C.) defendeu que os intervalos estão intimamente ligados à proporção matemática. Entretanto, o pitagórico Aristóxenes de Tarento (360-300 a.C.), seu discípulo, defendeu que os intervalos não estão presos à aritmética, mas seu principal determinante são nossas orelhas. Os mecanismos de nossa percepção musical seria os determinantes para classificar um intervalo como consonante ou dissonante.

Assim, inicialmente, precisamos entender o que é nota.
Em teoria musical, nota é o menor elemento de um som.
Em termos físicos, uma nota musical pode ser entendida como uma onda sonora, que é identificada por uma frequência bem definida. As ondas sonoras são ondas de natureza mecânica, ou seja, elas necessitam de um meio material para se propagarem e produzirem som.

Vendo o som graficamente

Podemos representar as propriedades físicas do som graficamente, indicando a variação da pressão no ar (devido à vibração) no eixo vertical com o passar do tempo no eixo horizontal.

Então, vamos imaginar três ondas sonoras com vibrações em frequências diferentes, como abaixo:

Observe que a representação mostra uma vibração que aumenta e diminui periodicamente e se repete de tempos em tempos.

Desafio Leitura Gráfica

Qual das três vibrações se repete mais rapidamente: a vermelha, a azul ou a verde?

Gráfico obtido a partir do site GeoGebra

Podemos interpretar essas três ondas sonoras como sendo três notas musicais diferentes, tocadas separadamente, uma de cada vez.

E se tocarmos as três notas ao mesmo tempo, o que ocorre?

É possível somar e sobrepor essas ondas, melhor dizendo: somar essas notas.

As ondas se combinam e fisicamente as vibrações são sobrepostas!

No caso das três ondas acima, o resultado será este:

Gráfico obtido a partir do site GeoGebra

Observe que a sobreposição das três vibrações agindo juntas gera um novo padrão de ondas, diferentes das três vibrações isoladas.

O Acorde, quando as notas estão em acordo

O termo acorde tem sua origem em acordo do latim accordare, uma variante de concordare,

“estar em harmonia, concordar”, de ad, “a, para”,  mais cor, “coração”. 

Como uma nota musical simples é uma onda, e podemos somar ondas, isto significa que podemos somar notas, ou seja, tocar notas juntas, ao mesmo tempo.

O acorde musical é um conjunto de notas tocadas juntas, que podemos perceber fisicamente como uma sobreposição de ondas sonoras bem definidas, gerando um som característico e único!.

Em um violão, cada corda é responsável por uma nota; ao dedilhar o violão, tocando todas as cordas simultaneamente, geramos um som, denominado de acorde musical.

Ao captarmos esse padrão de ondas “somadas” em nossas orelhas, e enviarmos as mensagens sonoras por meio de sinais elétricos para as regiões auditivas do cérebro – podemos finalmente atribuir um significado e um valor musical ao conjunto – o acorde – dando as sensações musicais e estéticas que você atribuiu ao conjunto sonoro.

No caso do som desagradável, a sobreposição de ondas resulta em uma onda com frequência que o cérebro interpreta como um som “perturbador”.

Nosso cérebro funciona como um leitor de ondas, assim como uma máquina de cartão, ou seja, assim como cada cartão possui uma informação que será interpretada pela máquina, nosso cérebro também interpretará a onda que chega através das orelhas, nos dando a devida interpretação.

A Tríade musical

Os acordes básicos são formados por três notas, as triades musicais.

Entretanto, os acordes podem ser um conjunto de três ou mais notas e podem, até mesmo, não serem todas tocadas juntas, gerando “quebras musicais” que trazem complexidade à criação musical. Afinal, a criatividade musical sempre quebra regras e traz inovações.

Resposta do desafio harmônico: O som 1 possuí harmonia desagradável e o Som 2 possuí harmonia agradável.

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