Visão: veja como uma baleia

Capa: Olho direito de baleia. Olhos nos olhos com uma baleia. Ecohotel. Wikipedia. Licença CC-BY-SA-3.0.

Artigos originais

Adaptado de atividade desenvolvida pelo Face-ing Extension Curriculum Guide, uma parceria entre New Bedford Whaling Museum, Audubon Society of RI , e Whale and Dolphin Conservation, 2012 e 2016. Vídeo da atividade na postagem original disponível em https://www.whalingmuseum.org/classroom-tool/see-like-a-whale/ . E do artigo How do Whales see us? Projeto GREEM.

Desafio: Vendo o espaço como uma Baleia

Os olhos das baleias estão nas laterais de suas cabeças. Isso faz com que cada olho produza uma imagem bem separada do mundo, com pouca área de interseção. Isso dificulta ou impossibilita ao cérebro construir uma percepção ou visão tridimensional do mundo. Esse tipo de visão é chamado de visão monocular. 

Nesta atividade, você descobrirá como é ter visão monocular.

Materiais
  • 2 espelhos de mão
Objetivo
  • Ver o mundo através dos olhos de uma baleia e entenda por que elas podem se enredar facilmente em equipamentos de pesca e outros detritos oceânicos.
Questões para discussão
  • Que vantagem teria uma baleia em ver os dois lados?
  • Que desvantagem uma baleia tem por não ser capaz de enxergar diretamente à frente?
Procedimento
  1. Segure os dois espelhos costas com costas.
  2. Descanse os dois espelhos um atrás do outro no nariz
  3. Separe lentamente as bordas mais distantes dos espelhos, mantendo as bordas mais próximas do rosto juntas, para criar uma visão periférica.
  4. Observe o que você vê! É diferente ou igual ao que você pode ver à sua frente? Você consegue ver alguma coisa na sua frente?
  5. Pense nisso.

Um radar subaquático

Apesar de sua facilidade em localizar presas, as baleias têm uma visão tridimensional ruim

Os olhos dos cetáceos estão localizados em ambos os lados de suas cabeças. Eles se beneficiam, portanto, de um amplo campo de visão, ideal para se manterem sintonizados com o que está acontecendo ao seu redor, mas não conseguem medir com precisão a distância dos objetos em seu ambiente.

Diagrama simplificado ilustrando que, em comparação com os humanos, as baleias têm um amplo campo de visão, mas uma visão binocular estreita. © GREMM

Olhos de Presa ou de Predador?

O posicionamento dos olhos nos cetáceos é surpreendente. 

A maioria dos mamíferos carnívoros tem olhos próximos e voltados para a frente e são caracterizados por uma ampla visão binocular, ou seja, os campos de visão de seus dois olhos se sobrepõem, o que permite que seu cérebro avalie a profundidade de um objeto. Essa adaptação dos predadores permite que eles se concentrem em suas presas e as cacem com mais eficiência. As espécies de presas, por outro lado, geralmente têm olhos posicionados lateralmente para maximizar seu campo de visão e detectar adequadamente a presença de predadores.

Por que as baleias têm uma visão mais característica de presas quando na verdade são carnívoros? 

Isso pode ser um resquício evolutivo ou devido ao fato de que eles vivem debaixo d’água em um mundo tridimensional. Em todo caso, as baleias têm várias faculdades para compensar sua pobre visão binocular. Por exemplo, as baleias com dentes usam a ECOLOCALIZAÇÃO para avaliar a distância e o relevo. Para visualizar seus arredores, eles emitem sons em seu ambiente e captam seus ecos quando refletem em objetos próximos. 

As baleias, portanto, parecem ver o mundo de maneira diferente de nós.

Baleias enxergam cores?

Quando você observar as baleias de um navio, elas não perceberão que você pode estar usando um macacão laranja fluorescente. De fato, as baleias veem o mundo em tons de cinza! 

Elas podem distinguir a luz da escuridão, mas, como os humanos que são daltônicos, não conseguem distinguir entre vermelho e verde em um semáforo. De fato, os olhos dos cetáceos são monocromáticos. Elas contém apenas um tipo de célula CONE (célula na retina que detecta o tipo de luz), que corresponde a uma cor entre o vermelho e o verde, dependendo da espécie.

Pode parecer muito estranho, mas as baleias não conseguem enxergar a cor-luz AZUL, apesar de que entre as cores do espectro luminoso (arco-íris) o azul ser a tonalidade que melhor penetra nas profundezas do universo marinho. Essa natureza inativa dos cones associados à luz azul pode ser explicada pelo fato de os ancestrais das baleias terem habitado águas costeiras, onde a capacidade de perceber o azul é menos vantajosa.

Uma Visão Noturna

No entanto, embora os olhos das baleias contenham poucos cones, eles contêm muitas células BASTONESTES. A principal função dos cones é capturar o tipo de luz (cor), enquanto os bastonetes permitem que um organismo enxergue melhor com pouca luz. As baleias, portanto, parecem ter priorizado a visão noturna sobre a visão colorida!

Vendo abaixo e acima da superfície

Os cetáceos desenvolveram três adaptações que lhes permitem enxergar tanto na água quanto no ar.

Em primeiro lugar, as baleias têm duas áreas de alta densidade celular em sua retina, ou seja, áreas onde sua visão é ideal. Em comparação, os humanos têm apenas uma dessas áreas. 

Em segundo lugar, a córnea do olho de uma baleia é curva para que o foco seja tão eficaz na água quanto no ar. As baleias, portanto, não são míopes quando estão no ar, então elas não nos veem como um borrão difuso!

Em terceiro lugar, as características distintas da pupila de uma baleia permitem que ela se adapte às mudanças de luz que experimenta à medida que se move por uma coluna d’água. 

As baleias podem assim ver tanto quando estão à superfície da água (ou em águas translúcidas) onde a luz é forte, como quando mergulham nas profundezas escuras do mar.

A Menina dos Olhos em Cetáceos

A pupila – orifício por onde a luz penetra no olho, conhecida poeticamente como a menina dos olhos – de várias baleias dentadas e cetáceos tem uma forma muito particular que permite que ela se ajuste em função das condições de luz. 

Por exemplo, o golfinho nariz-de-garrafa tem uma protuberância chamada opérculo acima de sua íris. Em condições de pouca luz, a pupila se expande para captar o maior número possível de raios de luz e adquire uma forma oval. No entanto, à medida que a luz se torna mais brilhante, o opérculo se expande e a pupila é contraída em forma de U, lembrando um rosto sorridente em que o sorriso fica cada vez mais fino. Esta forma particular da pupila também é encontrada em botos, golfinhos comuns, belugas e cachalotes.

Forma da pupila do golfinho-roaz (nariz de garrafa, Tursiops truncatus) em diferentes níveis de intensidade de luz.  De baixa intensidade (A) a alta intensidade (C), a pupila se contrai em forma de U. 
Figura retirada de Mass et al. 2007.

Golfinho roaz comum, fotografado no Golfo de Taranto no momento da expulsão do ar pelo respirador. Cloudette-90. Wikipédia. Licença CC-BY-SA-4.0.

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