Manifesto CiênciArte

CIÊNCIARTE: COLABORAÇÃO INTEGRATIVA PARA CRIAR UM FUTURO SUSTENTÁVEL

Interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, multidisciplinaridade, intermídia, transmidia e multimídia estão se tornando ainda mais proeminentes nas ciências, tecnologias e artes. Estes novos modos de conceber o conhecimento e seus produtos criam oportunidades e confusão sobre objetivos. Para promover uma discussão sobre onde as novas artes e ciências devem se intersectar, propomos uma síntese abrangente que chamamos de “ArtScience” [CiênciArte, 1].

CiênciArte integra todo o conhecimento humano por meio de processos de invenção e investigação [2].

Ela é ambos, nova e velha, conservadora e revolucionária, divertida e séria. Ela engloba o trabalho de figuras liminares tais como Etienne Jules Marey, Loie Fuller, Harold “Doc” Edgerton, Alexander Calder, Lejaren Hiller, John Cage, Gerald Oster, Frank Malina, Lillian Schwartz, Buckminster Fuller, Gyorgy Kepes e Piotr Kowalski, apesar de ela sugerir uma infinita variedade de possibilidades futuras.

CiênciArte vai tirar a Arte das galerias e museus; a ciência de seus laboratórios e revistas, para espaços e locais recém inventados e modelados pelo MIT’s Media Lab [3], La Laboratoire em Paris [4], SymbioticA em Perth [5] e Harvard University’s Initiative for Innovative Computing (IIC) [6], que já fazem e desenvolvem a investigação científica, a engenharia, o designe e a exposição artística em um único lugar. Outros novos caminhos serão inventados.

É nesta inventividade que está toda a excitação da CiênciArte.

Manifesto CiênciArte

1. Tudo pode ser compreendido pelo olhar da Arte, mas esta compreensão será incompleta.

2. Tudo pode ser compreendido pelo olhar da Ciência, mas esta compreensão será incompleta.

3. CiênciArte nos possibilita desenvolver uma compreensão mais completa e universal das coisas.

4. CiênciArte envolve compreender a experiência humana da natureza por meio da síntese dos modos de investigação e expressão artísticos e científicos.

5. CiênciArte mescla compreensões subjetivas, sensoriais, emocionais e pessoais com compreensões objetivas, analíticas, racionais e públicas.

6. CiênciArte não está consubstanciada (ou contida) em seus produtos, mas está expressa por meio da convergência de processos e habilidades artísticos e científicos.

7. CiênciArte não é Ciência + Arte ou Ciência-e-Arte ou Arte/Ciência, cujos componentes retém suas distinções e compartimentalizações disciplinares.

8. CiênciArte transcende e integra todas as disciplinas ou formas de conhecimento.

9. Alguém que pratica CiênciArte é, simultaneamente, artista e cientista e cria coisas simultaneamente, artísticas e científicas.

10. Todo principal avanço artístico, revolução tecnológica, descoberta científica e inovação médica desde o início da civilização resultou de processos de CiênciArte.

11. Todo grande inventor e inovador na história foi um praticante de CiênciArte.

12. Devemos ensinar Arte, Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática como disciplinas integradas, e não separadamente.

13. Devemos criar currículos baseados na história, filosofia e prática de CiênciArte, usando as melhores práticas de aprendizagem experiencial.

14. A visão da CiênciArte é a rehumanização do conhecimento.

15. A missão da CiênciArte é a reintegração de todo conhecimento.

16. A meta da CiênciArte é cultivar uma Nova Renascença.

17. O objetivo da CiênciArte é inspirar receptividade, curiosidade, criatividade, imaginação, pensamento crítico e resolução de problemas por meio da inovação e colaboração!

CiênciArte, em suma, conecta.

O futuro da humanidade e sociedade civil depende destas conexões.

CiênciArte é um novo modo de investigar a cultura, a sociedade e a experiencia humana que integra a experiência sinestésica com a investigação analítica.

É conhecer, analisar, experienciar e sentir simultaneamente.

Os problemas agudos do mundo só podem ser resolvidos por seres humanos completos, e não por pessoas que se recusam a ser, publicamente, nada mais do que um tecnologista ou um cientista puro ou um artista. No mundo atual, você tem que tentar ser tudo ou estará fadado a ser nada [7]. Conrad Hal Waddington, biólogo, filósofo, artista e historiador.

BOB ROOT-BERNSTEIN. www.msu.edu/~rootbern

ADAM BROWN http://adamwbrown.net

TODD SILER www.toddsilerart.com/

KENNETH SNELSON www.kennethsnelson.net/

Referências

1. Siler, T.S. Breaking the Mind Barrier. Simon and Schuster, 1990; Siler, T.S. Think Like A Genius. Bantam Books, 1996.

2. Root-Bernstein R.S. & M.M. Sparks of Genius. Houghton Mifflin, 1999.

3. Brand, S. Inventing the Future at MIT. Penguin Books, 1988.

4. Edwards, D. ArtScience. Creativity in the Post-Google Generation. Harvard University Press, 2009.

5. www.symbiotica.uwa.edu.au/

6. http://iic.seas.harvard.edu/

7. Waddington, C.H. Biology and the History of the Future. Edinburgh University Press, 1972, p. 360.

Fonte: Publicado em 192 LEONARDO, Vol. 44, No. 3, p, 192, 2011 ©2011 ISAST. Editorial by Bob Root-Bernstein, Todd Siler, Adam Brown and Kenneth Snelson.

Imagem: Astronomy Picture Of the Day, https://apod.nasa.gov/apod/ap190623.html

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