Oceânicas pioneiras: Josefina Castellví (Pepita)

Capa: Ilustração de Josefina Castellví . Crédito Projeto Oceánica.

Coleção Oceânicas Pioneiras.

Este material foi traduzido para português do Projeto Oceánicas que desenvolve várias atividades para celebrar e preservar o oceano.

Um dos trabalhos do projeto é  Oceánicas: pioneras de la oceanografía onde contam a história de 10 cientistas ilustres, algumas delas bastante esquecidas e desconhecidas. Desde a primeira e única mulher que deu a volta ao mundo durante a época das grandes explorações até mulheres atuais que lideram a luta pela Conservação do Oceano – grande sonho da Década do Oceano (2021-2030) que iniciou em 2021.

Todas as Oceânicas são referências maravilhosas, necessárias e inspiradoras às jovens que sonham ser cientistas e pesquisadoras marinhas.

A Mudança Climática, a Sobrepesca e a Contaminação ameaçam transformar o oceano para sempre.

Isto torna o acesso equitativo de mulheres e homens a todos os campos das ciências marinhas, incluindo a sua presença em postos de responsabilidade, mais necessário do que nunca.

Temos um desafio enorme e precisamos contar com todos os talentos da humanidade,

Para nos inspirar, vamos conhecer hoje mais uma mulher, cientista marinha, uma Argonauta do Oceano

Josefina Castellví (1935-) : Pioneira antártica, microbiologista, gestora e divulgadora oceânica.

Pepita, como sempre gostou de ser chamada, nasceu em 1935 em Barcelona, Espanha.

Começou a estudar Medicina, como o pai, mas logo mudou os estudos para Biologia

O seu interesse pelo oceano e as poucas oportunidades em Espanha naquela época levaram Pepita a estudar na prestigiada Universidade pública de pesquisa de Sorbonne, em Paris. Ali, ela passou dois anos e se especializou no estudo de micróbios oceânicos, uma linha muito nova e desconhecida na época.

Em 1960, começou a trabalhar no Instituto de Investigação Pesqueira de Barcelona – mais tarde Instituto de Ciências Marinhas – onde fez a sua tese de doutoramento e tornou-se especialista no estudo de bactérias e microalgas oceânicas

Seus primeiros anos não foram fáceis, um de seus chefes chegou a lhe dizer

“filha, você se enganou, isso não é para mulher”. 

No entanto, ela continuou, “agindo sem noção”, como ela diz. 

A primeira vez que ela quis participar de uma amostragem, não deixaram. Ela teve que insistir muito:

“Deixa eu sair uma vez, só uma vez, não vou te pedir de novo”. 

O chefe dela lhe deu permissão e ela não perguntou de novo… nas vezes seguintes ela simplesmente foi.

Felizmente, nem todos os seus colegas pensavam o mesmo. Seu amigo, químico e oceanógrafo, Antoni Ballester i Nolla (1920-2017) transmitiu-lhe sua paixão pela Antártica e, graças ao seu apoio, em 1984 embarcou em sua primeira campanha ao continente gelado. Durante vários anos foram convidados das estações da Argentina e da Polônia, pois a Espanha não tinha instalações próprias.

Desde então concentraram os seus esforços em convencer as autoridades da importância de uma base espanhola na Antártida. Chegaram ao ponto de acampar em protesto na Ilha Livingston e, finalmente, suas reivindicações tornaram-se realidade e no verão meridional de 1987-88 foi instalada a base Juan Carlos I.

Antoni sofreu um derrame e seu projeto Antártico foi colocado em prática. Pepita assumiu as rédeas e tornou-se a primeira mulher no mundo a dirigir uma base antártica.

Josefina Castellví, na Antártica, junto com cientistas espanhóis na primeira base polar ali estabelecida pela Espanha.

Ela se tornou uma gerente científica de alto nível. Além de dirigir a base por cinco anos, foi diretora do ICM e responsável pelo programa nacional de pesquisa antártica. Ela deixou de lado sua contribuição à ciência para abrir portas para outros pesquisadores trabalharem. Pepita disse que as experiências do planeta estão escritas no gelo da Antártica e trabalhou para que centenas de cientistas pudessem nos revelar alguns desses segredos.

Em 2000, “aposentou-se”, mas não parou de trabalhar e pesquisar. Ela concentrou todos os seus esforços na divulgação de seu trabalho e em fazer com que a importância da Antártida chegasse ao público em geral. 

Em 2013, aos 77 anos, voltou pela última vez à Antártica para filmar o documentário Memórias Geladas (Els records glacats), disponível em https://www.ccma.cat/3cat/els-records-glacats/video/5026112/.

Hoje, graças ao trabalho de gestão iniciado por “Pepita”, a Espanha conta com duas bases modernas na Antártica. 

A nova base antártica espanhola Juan Carlos I na Península Hurd, Ilha Livingston na Antártica. Usuário SnowSwan, 2011. Acervo Wikipédia Commons. Licença CC BY-SA 3.0.

E graças ao seu esforço de divulgação de informação, o módulo da antiga base que dirigiu pode ser visitado no Museu CosmoCaixa de Barcelona. No espaço Base Antártica, o Museu de Ciências CosmoCaixa mostra o laboratório original da Base Antártica Juan Carlos I graças à visão científica da Dra. Josefina Castellví, pioneira na exploração do continente branco. Agora, graças a um acordo de colaboração com a National Geographic, o museu renovou as imagens desta exposição permanente sobre a Antártica, uma das áreas mais virgens, remotas e frágeis do planeta.

Veja uma animação sobre Pepita no Canal Youtube do Projeto Oceánicas.

Para saber mais

Para conhecer mais a vida e o trabalho de “Pepita”, clique aqui.

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