Oceânicas pioneiras: Katsuko Saruhashi

Capa: Ilustração de Katsuko Saruhashi. Crédito Projeto Oceánica.

Coleção Oceânicas Pioneiras.

Este material foi traduzido para português do Projeto Oceánicas que desenvolve várias atividades para celebrar e preservar o oceano.

Um dos trabalhos do projeto é  Oceánicas: pioneras de la oceanografía onde contam a história de 10 cientistas ilustres, algumas delas bastante esquecidas e desconhecidas. Desde a primeira e única mulher que deu a volta ao mundo durante a época das grandes explorações até mulheres atuais que lideram a luta pela Conservação do Oceano – grande sonho da Década do Oceano (2021-2030) que iniciou em 2021.

Todas as Oceânicas são referências maravilhosas, necessárias e inspiradoras às jovens que sonham ser cientistas e pesquisadoras marinhas.

A Mudança Climática, a Sobrepesca e a Contaminação ameaçam transformar o oceano para sempre.

Isto torna o acesso equitativo de mulheres e homens a todos os campos das ciências marinhas, incluindo a sua presença em postos de responsabilidade, mais necessário do que nunca.

Temos um desafio enorme e precisamos contar com todos os talentos da humanidade,

Para nos inspirar, vamos conhecer hoje mais uma mulher, cientista marinha, uma Argonauta do Oceano

Katsuko Saruhashi (1920-2007): Geoquímica pioneira no estudo dos efeitos da radiação no oceano

Katsuko, que em japonês significa “criança obstinada e vitoriosa”, nasceu em 1920 em Tóquio. 

勝子勝 (shori) significa “vitória”.  子 (kodomo) significa “criança, jovem”. 

Um nome que aos poucos moldaria sua personagem, por mais tímida e introvertida que ela fosse quando criança.

Katsuko Saruhashi também era muito curiosa e, desde pequena, demonstrou grande interesse pela natureza e em buscar respostas para tudo ao seu redor. Algumas respostas que, como não poderia deixar de ser, foram encontradas na ciência. 

Gostava especialmente de física e matemática, para as quais já demonstrava qualidades extraordinárias na escola.

Em 1943, formou-se em Física, em plena Segunda Guerra Mundial. Ela recusou várias ofertas para trabalhar como cientista militar. Katsuko era uma pacifista convicta e defendia que os objetivos da ciência e da tecnologia deveriam ser o bem-estar e a felicidade da humanidade. Assim, ingressou no Instituto Meteorológico do Japão, onde se especializou em geoquímica atmosférica e oceânica.

Sua primeira grande contribuição foi desenvolver um método de análise que leva seu nome, a Tabela Saruhashi, usada há anos por cientistas de todo o mundo para medir o dióxido de carbono na água do mar, trabalho que a ajudou a se tornar a primeira japonesa a obter o doutorado em Ciências.

Em agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki que mataram mais de duzentas mil pessoas, uma atrocidade que marcou profundamente Katsuko, já que ela não conseguia entender como o ser humano usaria a ciência para causar danos tão brutais. 

Desde então, dedicou sua carreira ao estudo dos efeitos da radiação no mar e à luta pela abolição das armas nucleares. Ele demonstrou como o vento e as correntes oceânicas transportavam a contaminação radioativa dos testes nucleares realizados no Oceano Pacífico. 

Sua principal conquista acadêmica pode ser considerada a quantificação da contaminação radioativa nos oceanos causada pelos testes nucleares realizados pelos EUA no Atol de Bikini (Ilhas Marshall) durante a década de 1950. Ela conseguiu detectar sinais dessas substâncias a mais de oito mil metros de profundidade, o que mudou completamente a ideia que tínhamos sobre a velocidade com que as águas superficiais e o fundo do mar se misturam.

Em março de 2018, coincidindo com o 98º aniversário do nascimento de Katsuko, o Google homenageou a cientista com este doodle.

Os seus estudos revelaram o enorme impacto ambiental e na saúde humana destes testes. A descoberta de como a radioatividade se espalha e contamina os mares levou a restrições aos testes nucleares nos oceanos em 1963, apesar da relutância dos Estados Unidos que inicialmente questionaram os seus resultados, as suas pesquisas conseguiram proibir este tipo de testes.

Katsuko também foi uma grande lutadora pelos direitos das mulheres. Ela fundou a Sociedade Científica das Mulheres Japonesas e um importante prêmio concedido todos os anos para destacar as
contribuições das mulheres cientistas no Japão leva seu nome.

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