Oceânicas pioneiras: Luísa de la Vega Weter

Capa: Ilustração de Luísa de la Vega Weter. Crédito Projeto Oceánica.

Coleção Oceânicas Pioneiras.

Este material foi traduzido para português do Projeto Oceánicas que desenvolve várias atividades para celebrar e preservar o oceano.

Um dos trabalhos do projeto é  Oceánicas: pioneras de la oceanografía onde contam a história de 10 cientistas ilustres, algumas delas bastante esquecidas e desconhecidas. Desde a primeira e única mulher que deu a volta ao mundo durante a época das grandes explorações até mulheres atuais que lideram a luta pela Conservação do Oceano – grande sonho da Década do Oceano (2021-2030) que iniciou em 2021.

Todas as Oceânicas são referências maravilhosas, necessárias e inspiradoras às jovens que sonham ser cientistas e pesquisadoras marinhas.

A Mudança Climática, a Sobrepesca e a Contaminação ameaçam transformar o oceano para sempre.

Isto torna o acesso equitativo de mulheres e homens a todos os campos das ciências marinhas, incluindo a sua presença em postos de responsabilidade, mais necessário do que nunca.

Temos um desafio enorme e precisamos contar com todos os talentos da humanidade,

Para nos inspirar, vamos conhecer hoje mais uma mulher, cientista marinha, uma Argonauta do Oceano.

Luísa de la Vega Weter (1862-1944): Professora e ilustradora da primeira estação de biologia marinha da Espanha

Luisa de la Vega Wetter nasceu em 1862 na França. Seu pai era um escritor e jornalista da cidade de Cadiz (litoral sul da Espanha) que emigrou para Paris, onde conheceu Emilia Wetter, uma francesa de origem alemã. 

Nesta altura, poucas meninas frequentavam a escola, mas Luísa contava com o apoio da mãe, que se dedicou a estimular o seu interesse pela aprendizagem e a transmitir o seu amor pela natureza. Não havia muitas opções para as mulheres estudarem ciências naturais nesses anos, então Luisa acabou estudando magistério em Paris.

Em 1880, aos 19 anos, conheceu Augusto González de Linares, um jovem naturalista da Cantábria (litoral norte da Espanha) que viajava pela Europa formando-se para cumprir a grande missão que lhe tinha recebido: criar o primeiro laboratório de biologia marinha em Espanha. Casaram-se em Paris e foram morar em Nápoles, onde trabalhariam na estação de biologia marinha da cidade. Luisa não tinha formação científica, mas aqui entrou no mundo da ilustração da fauna marinha.

Retratos de Augusto González de Linares e Luisa de la Vega.

Depois destas experiências, carregadas de conhecimento, Luísa e Augusto mudaram-se definitivamente para Santander (no litoral norte da Espanha, próximo à Cantábria), onde inaugurariam a estação em 1899. Luísa teve um papel fundamental. 

Era uma mulher culta, que falava três línguas e tinha um dom extraordinário para o desenho. Durante mais de dez anos foi responsável pela ilustração da fauna e flora marinha que a estação albergava, um trabalho extraordinário e fundamental para os estudos pioneiros deste laboratório que teve de conciliar com o trabalho doméstico e o cuidado de três crianças.

Luisa de la Vega trabalhando em seu escritório na Estação Biológica de Santander. 
© Museu Nacional de Ciências Naturais.  ACN003/002/07808

Augusto morreu e Luisa partiu com a filha em 1904 para uma pequena cidade de León, Villablino, onde trabalharia como professora na escola rural – a princípio apenas para meninos – Luisa iniciou uma grande luta pelo acesso das meninas à educação. Primeiro criou uma escola só para elas e, em poucos anos, conseguiu equalizar os conteúdos e fazer com que meninas e meninos dividissem a sala de aula. Durante os 12 anos em que Luisa trabalhou em Villablino, sua filha Genara foi a primeira mulher a concluir o ensino médio em toda a província de León.

Da esquerda para a direita: vista lateral de um copépode Oithona plumifera (ACN110D/003/08996); lírio-do-mar (Antedon sp.) (ACN110D/003/08989); vista ventral e dorsal de uma estrela do mar (Marthasterias sp.) (ACN110D/003/08988) e vista dorsal de um turbelário (Thysanozoon brocchii ) (ACN110D/003/08997). © Museu Nacional de Ciências Naturais.

Mãe e filha mais uma vez fizeram as malas e foram morar em Madrid. Genara estudará Ciências Naturais na universidade e Luisa retornará aos desenhos marinhos e trabalhará no Museu Nacional de Ciências Naturais como ilustradora de 1923 até sua aposentadoria. Faleceu em 1944, aos 82 anos, deixando-nos uma extraordinária coleção de ilustrações zoológicas e botânicas.

Da esquerda para a direita: Vista lateral do poliqueta Dasybranchus caducus (ACN110D/003/08969); anatomia do poliqueta 
Chaetopterus sp. (ACN110D/003/08975); vista lateral do poliqueta Amphitrite rubra (ACN110D/003/08971) e vista dorsal da cabeça de um poliqueta nereidídeo (ACN110D/003/08970). © Museu Nacional de Ciências Naturais.

Para saber mais

Para saber mais sobre sua vida, consulte sua biografia ampliada no Projeto Oceánicas, clicando aqui.

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