Palma, cacto “sem espinhos”?

PASSEIOS PELO JARDIM DIDÁTICO MARIA DE LOURDES BARRETO SANTOS.

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Cacto-sem-espinho no Jardim Didático Maria de Lourdes Barreto Santos, © Paulo Henrique Colonese, 2020.

MINHA IDENTIDADE

Nome popular: Cacto-sem-espinho.

Outros nomes: Palma, palma-doce.

Nome científico: Nopalea cochenillifera.

Espécie ameaçada de extinção: ( ) Sim. (x) Não.

MINHAS HISTÓRIAS

Eu sou cultivada desde a época pré-colombiana, pelos Astecas, que a utilizavam como alimento, consumindo seus frutos e filocládios cozidos, sendo utilizada no preparo de sopas, geleias, saladas e ensopados.

Em várias partes do mundo, com destaque para as Ilhas Canárias e Peru,  sou cultivada em associação com cochonilhas (Dactylopius coccus), um inseto da ordem Hemyptera, nativo da América Central.

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As fêmeas desta espécie produzem uma substância de defesa contra predadores, o ácido carmínico, que é utilizado como matéria prima para a produção do carmim. O carmim é um corante de cor vermelha, usado há centenas de anos pelos povos pré-colombianos, para tingir tecidos.

No século XVI, lotes de cochonilhas eram exportados da América Central para a Espanha, onde serviam para a produção de maquiagem. Atualmente, é usado pela indústria alimentícia, sendo adicionado em iogurtes, geleias, sorvetes, tortas de frutas, biscoitos e refrigerantes, para dar cor vermelha aos alimentos, principalmente aqueles sabor morango ou frutas vermelhas, podendo ser identificado como um ingrediente na embalagem do produto: “corante natural carmim-de-cochonilha”.

Também é utilizado na indústria de cosméticos, onde é usado principalmente na fabricação de xampus e maquiagens, como batons e sombras, e na indústria farmacêutica. Para a produção de um quilo de carmim, são necessárias 80 mil fêmeas deste inseto. De acordo com pesquisadores, apesar da existência de inúmeros corantes artificiais, o carmim ainda é muito usado pois, além de ser um produto natural, apresenta alta estabilidade, é seguro e sua cor é pouco afetada pela exposição à luz.

Meu gênero Nopalea vem da palavra nohpalli, do idioma Asteca Nahuati, que denomina os filocládios da palma, localmente conhecidos como “almofadas” ou “raquetes”. O meu epíteto específico, cochenillifera, é referência ao nome popular dos insetos cultivados nos seus filocládios.

COMO ME RECONHECER?

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Tenho a forma de um arbusto, e chego até 3 metros de altura.

Meu tronco é do tipo fotossintetizante, com aspecto cilíndrico e bastante ramificado. Ele possui tecidos com reserva de água, característico de plantas sem folhas e suculentas, comumente encontradas em clima árido.

Os espinhos, normalmente encontrados neste tipo de caule, são folhas modificadas, para que se evite a perda de água para o ambiente.

De meu tronco saem caules de formato ovalado a elíptico, achatados, articulados, suculentos, de cor verde e cobertos espaçadamente por aréolas com pequenas e afiadas projeções.

As flores são solitárias, com sua parte inferior verde, e com o cálice e corola cor-de-rosa forte, lobos do estigma de cor verde clara e estames numerosos, com filetes cor-de-rosa e anteras amarelas. Dificilmente forma fruto, mas propaga-se facilmente, de forma assexuada, a partir de brotamento.

HABITAT / ORIGEM

Sou um cacto, nativo da América Central e México, muito cultivado no Brasil e facilmente encontrado como cercas-vivas e em jardins, devido ao meu aspecto bastante ornamental.

NATUREZA, HISTÓRIA E ARTE

O Códice Tovar, atribuído ao jesuíta mexicano Juan de Tovar do século XVI, contém informações detalhadas sobre os ritos e cerimônias dos astecas ou mexicas. O códice é ilustrado com 51 pinturas de página inteira em aquarela. Fortemente influenciado por manuscritos pictográficos do período pré-contato, as pinturas são de qualidade artística excepcional.

O manuscrito está dividido em três seções.

  • uma história das viagens dos astecas antes da chegada dos espanhóis.
  • uma história ilustrada dos astecas.
  • o calendário Tovar.

Esta ilustração da segunda seção retrata a criação de Tenochtitlan (atual Cidade do México).

Uma águia é mostrada devorando um pássaro no alto de um cacto com flores. O cacto cresce a partir de uma pedra no meio de um lago. Pegadas dos mexicanos são mostradas se aproximando da base do cacto. À direita está Tenoch (conhecido por seu glifo de um cacto com flores), que liderou os astecas para Tenochtitlán. Na esquerda está Tochtzin, ou Mexitzin (conhecido por seu glifo de um coelho), que veio de Calpan (conhecido pelo glifo de uma casa com uma bandeira), co-regente de Tenoch. Os dois governantes sentam em tronos de vime.

No canto superior direito está o símbolo de Copil, filho de Malinalxochitl, um escudo com cinco pontos e setas cruzadas.

Os astecas, guiados pelas profecias de Huitzilopochtli (o deus do sol e da guerra), concluíram a sua migração do extremo norte ao construir Tenochtitlán, em uma ilha em um lago onde uma águia segurava uma cobra no alto de um cacto nopal (cacto-de-cochonilha). O cacto cresceu, de acordo com a mitologia, do coração de Copil, filho da irmã de Huitzilopochtli, que tinha sido enviado para a ilha. Seu símbolo de cinco pontos representa a crença asteca de que o mundo era uma superfície plana, dividida em cinco direções (norte, sul, leste, oeste e centro, onde sua capital estava localizada).

CUIDADOS E SAÚDE

Na medicina tradicional, sou usada como chá para aliviar dores nos rins e dor de garganta, e como cataplasma em feridas, erisipela e furúnculos.

No Brasil, sou conhecida como uma PANC e utilizada como planta ornamental; no nordeste brasileiro, sendo muito cultivada para servir como planta forrageira.

REFERÊNCIAS

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