Astronomia sem Telescópio: Armila Equatorial Máxima

Capa: Armila Equatorial Máxima no Parque Astronômico La Punta.

Série AST: Astronomia sem Telescópio. Instrumentos.

Por volta de 1585, o astrônomo Tycho Brahe desenhou e montou sua Armila Equatorial Máxima na ala sul de Stjerneborg, um dos observatórios que ele montou na ilha de Hven (Dinamarca).

Ele colocou este instrumento dentro de uma abóbada circular, abaixo do nível do solo, coberta por uma grande cúpula desmontável.

Apesar de ser um dos maiores artefatos entre os vários construídos por Brahe, a manipulação desta Armila era simples, sua utilidade muito importante e sua precisão, muito alta para a época.

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Por sua estrutura e dimensões, Brahe e seus colaboradores chegaram a determinar ângulos com uma precisão de um quarto de minuto (60”/4) de arco, ou seja 15”, com este instrumento.

Em sua estrutura original se destacam duas peças básicas:

Círculo das declinações

Se trata de um anel cilíndrico de pequena espessura e 2,72 m de diâmetro, que representa um meridiano celeste; seu nome deriva de que sobre sua superfície era medida a coordenada celeste chamada declinação (distância angular entre o astro e o Equador Celeste). Este círculo gira solidário a uma barra que o atravessa por um de seus diâmetros, a qual é posicionada formando um ângulo igual à latitude do lugar de montagem do instrumento; em outras palavras, essa barra representa o eixo do mundo.

Na montagem original de Brahe, o comprimento dessa barra era maior que o diâmetro do círculo das declinações.

O extremo superior da barra era sustentado mediante uma estrutura de vigas levantada atrás do aro equatorial. Na parte superior, estava acoplado uma armação em forma de letra “U” com orifícios, os quais permitiam que o eixo girasse.

Na extremidade inferior, o eixo girava dentro de uma cavidade feita no interior de uma esfera de pedra, de uns 50 cm de diâmetro. Na superfície, essa esfera tinha detalhes ornamentais gravados que recordavam alguns elementos da esfera celeste, como o Equador Celeste e a posição de algumas estrelas.

Duas varetas planas articulavam no centro do círculo de declinações e eram usadas para que o observador alcançasse os limites externos desse círculo e assim determinar a declinação do astro observado sobre uma escala (graduada em unidades angulares sexagesimais (graus, minutos e segundos) gravada; para facilitar a leitura, em seus extremos, ambas as varetas possuíam uma ferragem que permitia seu ajuste.

Aro Equatorial

É um arco semicircular de 3,5 m de diâmetro, também de pequena espessura, que representa um setor do Equador Celeste.

Esse aro devia ser montado de modo que ficasse paralelo ao Equador Celeste no local de observação, para o qual eram necessários vários pilares.

Como originalmente o instrumento foi montado abaixo do nível do solo, essas pilastras se posicionavam em diferentes alturas, sobre grades circulares que rodeavam o grande artefato.

As grades facilitavam o posicionamento dos observadores que deviam ler as escalas graduadas gravadas sobre o aro equatorial e o círculo de declinações, em bastões de bronze.

Pela borda externa do aro equatorial deslizavam duas clavilhas. De acordo com a posição de ambas na escala gravada sobre o aro, era possível medir diferenças angulares entre meridianos celestes em termos de coordenadas equivalentes ao ângulo horário e à ascensão reta.

Diferentes vistas da Armila Equatorial Máxima do El Solar de las Miradas.

A Armila Equatorial Máxima montada no El Solar de las Miradas reproduz a estrutura e dimensões da montagem de Brahe.

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Entretanto, suas formas foram elaboradas com outra estética, sem afetar sua funcionalidade. Além disso, o artefato foi totalmente construído em metal e não foi instalado abaixo do nível do solo como o original do Observatório de Stjerneburg.

Todos os materiais foram tratados especialmente para suportar as intempéries.