Capa: Constelações Dinâmicas, Parque Astronômico La Punta.
Série AST: Astronomia sem Telescópio. Modelos.
Adaptado de Horacio Tignanelli, El Solar de las Miradas, no Parque Astronómico La Punta. PALP.
Para um observador terrestre, segundo o modelo geométrico mais aceito do céu, as estrelas aparecem projetadas sobre a superfície interna de uma esfera celeste e, por onde, todas aparecem posicionadas à mesma distância do centro, materializado pelo mesmo observador.
Desde a Antiguidade, as pessoas tem imaginado figuras no céu, delimitadas ou construídas unindo imaginariamente as posições das estrelas; essas silhuetas estelares se denominam Constelações.
Por outra parte, duas estrelas vistas muito próximas, muito provavelmente não estão próximas na realidade; pode ser que uma esteja muito longe da outra e que, por um efeito de perspectiva, vistas da Terra, pareçam astros vizinhos.
Em outras palavras, as distâncias estelares que observamos são aparentes, a maioria das estrelas visíveis estão muito longes de nosso planeta e também entre si.
Dado que na atualidade, a Ciência conhece as distâncias em que se encontram as estrelas que compõem as constelações, é possível posicionar pequenas esferas que as representem em um espaço adequado, tridimensional, devidamente graduado com uma escala de distâncias (por exemplo, em anos luz), de modo que se possa apreciar suas distâncias mutuas reais, tanto como a distância de cada uma da Terra.
Assim dispostas, posicionando uma pequena janela como um visor no ponto de referência terrestre, através do mesmo pode-se reconstruir a imagem da constelação representada. Tal dispositivo, chamado Constelação Dinâmica, permite modelar a profundidade do céu estrelado.
NO EL SOLAR DE LAS MIRADAS
No El Solar de las Miradas foram construídos dois destes dispositivos, correspondentes a duas constelações muito conhecidas: Órion e o Cruzeiro do Sul.
ÓRION
Em https://www.howitworksdaily.com/what-are-constellations/.
É uma das constelações mais conhecidas e formada por um grupo de estrelas que tem diferentes aspectos para distintas culturas antigas.
O nome atual se deve à mitologia grega, já que Órion era um gigante caçador que protagonizou várias proezas. Sua figura é a de um homem com a pele de um leão em sua mão direita e um garrote na esquerda.
Seu cinturão, formado por três brilhantes estrelas, é conhecido popularmente como “As três Marias”.
Órion é uma constelação típica das noites do verão austral. Como sua figura de estrelas está sobre o Equador celeste (cruzando precisamente As três Marias) é visível para observadores dos hemisférios terrestres sul e norte. Quem tiver a possibilidade de observar este grupo de estrelas de ambos os hemisférios, notará que as posições de suas estrelas serão vistas invertidas em uma e outra posição.
CRUZEIRO DO SUL
Esta figura é formada por estrelas circumpolares. Aparentemente sua denominação se deve ao navegante Fernão de Magalhães (1480-1521), no ano 1505.
Não se trata de uma cruz de braços iguais, mas sim desiguais. E tão pouco seus braços se cruzam ambos em seu centro; aproximadamente a um quarto do comprimento do braço maior, cruza o braço menor, este sim pela sua metade. Assim, os braços da figura do Cruzeiro do Sul formam um romboide, identificado também com um crucifixo, símbolo da Cristandade.
Se prolongarmos imaginariamente o braço maior da Cruz do sul, sobre a esfera celeste, umas quatro vezes e meia, no sentido do extremo mais distante do braço menor, podemos localizar de forma aproximada a posição do polo celeste sul. E, uma vez identificado esse ponto, se descer visualmente até o horizonte, ali onde o cruza se posiciona o ponto cardeal sul.
É também o sentido de sua estrela menos brilhante até a de maior brilho.
Por último, como todas as estrelas que formam o Cruzeiro do Sul são circumpolares, quem habita no hemisfério sul da Terra pode observar esta constelação durante todas as noites do ano. No Mirador Circumpolar do El Solar de las Miradas, a constelação do Cruzeiro do Sul pode ser vista dentro da circunferência circumpolar do artefato.
Algumas características da representação:
- A representação das estrelas que armamos em ambas as constelações dinâmicas foram feitas com esferas de madeira, cujo diâmetro se buscou manter proporcional ao diâmetro real das estrelas. Algo semelhante se tentou com sua coloração: as esferas foram pintadas com a cor que caracteriza as estrelas reais.
- Uma escala em comprimento, em anos luz, da distância de cada estrela à Terra, a qual se posiciona os olhos do observador, no visor do dispositivo. À distância adequada se posiciona cada esfera estelar, mediante uma vara de metal cuja altura em relação ao piso também é determinada em função da distância que está a estrela representada com relação ao plano da visão, o que passa pelo visor.
- A distância entre as estrelas também se materializa na mesma escala, mediante a separação com que se posicionam as varas de sustentação.
- O visor é um marco metálico de forma retangular de 20 cm de alto por 30 cm de comprimento, com pequenas figuras ornamentais, feitas em latão.
Todos os materiais foram tratados especialmente para suportar a intempérie.
PARA SABER MAIS
- Transformação de coordenadas aplicada à construção da maquete tridimensional de uma constelação. Guilherme Marques dos Santos Silva; Felipe Braga Ribas; Mário Sérgio Teixeira de Freitas. Rev. Bras. Ensino Fís. v.30 n.1 São Paulo 2008.
- Uma maquete fosforescente da constelação de Órion. Giselen Lefer Padilha Renner. Física na Escola, v. 15, n. 2, 2017.