Capa: Sextante astronômico triangular do Parque Astronômico La Punta.
Série AST: Astronomia sem Telescópio. Instrumentos.
Adaptado de Horacio Tignanelli, El Solar de las Miradas, no Parque Astronómico La Punta. PALP.
O Sextante Astronômico Triangular até o final do século XVI, entre os melhores instrumentos desenhados e construídos pelo astrônomo Tycho Brahe, se destaca pela sua precisão.
Nos documentos e gravuras que representam o Observatório de Stjerneburg, na Ilha de Hven, este artefato aparece posicionado na intempérie (área externa), na ala sudeste.
O Sextante Astronômico Triangular foi utilizado fundamentalmente para determinar distâncias aparentes entre as estrelas, ainda que também hajam referências de seu uso como instrumento para medir as alturas de outros astros, em particular de planetas.
A precisão deste instrumento era de um quarto de um minuto de arco (60”/4 = 15”).
Sua peça fundamental era um setor triangular, correspondente a um círculo de 1,55 m de raio, construído com ripas de madeira. Em geral, Brahe não utilizava esse material em seus instrumentos, normalmente usava metais (ferro, latão, cobre, etc.) e eventualmente usava varas de nogueira ou de pinho, pois desse modo os instrumentos ficavam mais leves tanto para seu manejo quanto para seu eventual traslado.
O setor triangular era montado e ajustado a uma esfera metálica, de 52 cm de diâmetro; essa esfera podia ser movida dentro de uma armação de madeira, de modo que o setor triangular do instrumento pudesse ser posicionado em qualquer plano. Finalmente, a armação com a esfera encaixada, era sustentada por um pilar.
Sobre a borda circular do setor triangular estava inserida uma escala gravada em metal, graduada em unidades sexagesimais (graus, minutos e segundos).
Desde o vértice do triângulo até a borda onde estava a escala, se estendia uma vareta metálica, usada para materializar a visualização ao astro; essa vareta podia girar sobre o setor triangular, cobrindo todas as graduações da escala.
Em geral, o Sextante Astronômico Triangular era manipulado por duas pessoas, cada uma com uma das varetas; se o ângulo a medir fosse muito pequeno, os observadores deviam estar muito próximos um do outro. Além disso, os observadores contavam com duas varetas auxiliares, livres, que utilizavam para orientar a visão aos astros diferentes, cuja distância mútua se pretendia determinar.
Ainda que seja de fácil manipulação, o sextante astronômico triangular era utilizado por duas pessoas. uma apontava e posicionava os astros e a outra efetuava as medições.
No El Solar de las Miradas
O Sextante Astronômico Triangular montado no El Solar de las Miradas possui um pedestal feito completamente em metal e consta de uma estrutura principal, em forma de cubo de 30 cm de lado, que alcança uns 60 cm de altura sobre a base.
O pedestal possui uma base com quatro “pés”, um para cada uma das faces do cubo, que lhe dão equilíbrio e, além disso, seu desenho outorga uma estética particular ao instrumento.
Sobre o pedestal se sustenta uma estrutura em quadro (canasta) para conter a esfera sobre a qual se montará o setor triangular; essa canasta é feita de varetas de ferro de 0,6 cm de espessura e 1,9 cm de largura.
A esfera possui 27 cm de diâmetro, sendo feita de metal fundido.
Unido à esfera, foi colocado o setor de círculo que forma o sextante. Esta peça foi posicionada com apoio de uma estrutura de canos metálicos, todos com seção retangular de 0,4 cm x 0,2 cm.
Sua forma corresponde a um setor de circunferência cujo raio é de 155 cm e em sua borda possui uma ripa de latão de 20 cm de largura por 162,2 cm de perímetro. Em seu interior, o setor triangular possui um armação entramada também feita com canos redondos de ferro, de 1,9 cm de diâmetro, o que lhe dá sustentação e equilíbrio.
No vértice do setor triangular gira uma régua de madeira (angico) de largura igual ao raio do setor, que limita seu movimento a 30° de cada lado, mediante topos de metal posicionados nas bordas do sextante.
Todos os materiais foram tratados especialmente para suportar as intempéries.