Ciência em Poesia: Na ribeira deste rio

Capa: Rio Amazonas retratado da Estação Espacial Internacional enquanto orbitava 420 quilômetros acima do Brasil na América do Sul. NASA / ISS, 2020. Disponível em https://www.nasa.gov/image-feature/the-amazon-river.

Na ribeira deste rio

Poesias. Fernando Pessoa, 1933.

Na ribeira deste rio
Ou na ribeira daquele
Passam meus dias a fio.
Nada me impede, me impele,
Me dá calor ou dá frio.


Vou vendo o que o rio faz
Quando o rio não faz nada.
Vejo os rastros que ele traz,
Numa sequência arrastada,
Do que ficou para trás.


Vou vendo e vou meditando,
Não bem no rio que passa
Mas só no que estou pensando,
Porque o bem dele é que faça
Eu não ver que vai passando.

Vou na ribeira do rio
Que está aqui ou ali,
E do seu curso me fio,
Porque, se o vi ou não vi.
Ele passa e eu confio.

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