Capa: Flocos de Neve, de Alicia Ivanissevich. Alicita estampas. Licença CC-BY-NC-ND-3.0.
A Coleção Estampas CiênciArte é uma coletânea mensal de estampas com temáticas científicas, expressando as relações ou conexões entre Ciência e Arte. A coleção tem como fio condutor as estampas criadas pela artista plástica Alicia Ivanissevich que brindou, ao Espaço Ciência Viva e a educadores, algumas de sua bela coleção de estampas científicas para uso educacional (não comercial).
Nesse mês, vamos conhecer a estampa científica Flocos de Neve e os trabalhos de artistas que se inspiram na beleza dos flocos de neve para criar obras de arte.
Um menino apaixonado pelo Inverno e pelos Flocos de Neve
O jovem Wilson A. Bentley (1865-1931) não era um cientista treinado ou fotógrafo, mas quando seus pais lhe deram um microscópio como presente de aniversário de 15 anos, ele se dedicou a examinar as forças naturais do mundo. O microscópio e câmera custaram algumas cabeças de gado aos pais de Wilson.
Ele estudou a natureza ao seu redor, incluindo nuvens e geadas, mas seu grande legado ao público foram as suas fotografias dos flocos de neve, revelando uma simetria espetacular e uma diversidade inimaginável de formas geométricas geladas.
O inverno do hemisfério norte chega no final de dezembro, com rajadas nas manhãs frescas e fortes nevascas nas noites. Foi nessa estação de frio que o jovem Wilson A. Bentley, filho de um fazendeiro em Jericho, Vermont, tentou capturar a geometria fugaz do floco de neve com uma engenhoca que ele mesmo construiu, combinando um microscópio a uma câmera de fole.
Em 1885, aos 19 anos, ele se tornou a primeira pessoa a fotografar um floco de neve. E, trabalhando até sua morte em 1931, Bentley fotografou mais de 5.000 flocos de neve.
Bentley afirmava que não havia dois flocos de neve iguais.
“Cada cristal era uma obra-prima de design e nenhum design se repetia.” – Wilson A. Bentley.
Em seu artigo A Beleza da Neve, Bentley afirma:
“Que magia existe na regra de seis que obriga o floco de neve a se conformar tão rigidamente com suas leis? Aqui está uma joia construída no reino da natureza que possui o encanto do mistério, do desconhecido, ricamente para recompensar o investigador. Por mais de um quarto de século, venho estudando-o e o trabalho tem se mostrado maravilhosamente fascinante, pois cada nevasca favorável, durante todos esses anos, trouxe coisas que eram novas e belas às minhas mãos. Ainda não encontrei um momento em que pudesse entreter a ideia de abandoná-lo. Durante o tempo em que continuei o trabalho, consegui 1.600 fotomicrografias de cristais de neve sozinhas, e não há duas iguais. Há espaço para entusiasmo aqui? Sem dúvida, essas fotos servem para representar com alguma justiça quase todos os tipos e variedades de neve que ocorrem na natureza.”
No artigo Fotografando Flocos de Neve, Bentley nos conta um pouco de sua aventura com os flocos de neve:
“Cada floco de neve tem uma beleza infinita que é realçada pelo conhecimento de que o investigador, com toda a probabilidade, nunca encontrará outro exatamente igual. Consequentemente, fotografar essas formas transitórias da Natureza dá ao trabalhador algo do espírito de um descobridor. Além de combinar sua maior habilidade e arte na produção de flocos de neve, a natureza generosamente modela os mais belos espécimes em um plano muito fino para que sejam especialmente adaptados para o estudo fotomicrográfico.”
Apesar de acusado de fraude pelo meteorologista alemão Gustav Hellmann, por haver retoques nas imagens de Bentley, o jovem agricultor não tentou defender as alterações descobertas nas suas imagens, afirmando de modo semelhante ao famoso ilustrador científico dos neurônios Ramon y Cajal que:
“Um verdadeiro cientista deseja acima de tudo que as suas fotografias sejam o mais fiéis possível à natureza e se o retoque ajudar a este respeito, então é plenamente justificado.”
E no artigo O Homem Floco de Neve, Mary B. Bullet nos apresenta uma entrevista com Bentley publicada na revista The American Magazine, em 1925:
“”Quando você começou a se interessar por flocos de neve?”, Perguntei.
“Quase sessenta anos atrás, eu acho”, disse Bentley, com uma expressão caprichosa. “Eu nasci em 1865 e não consigo me lembrar de quando não amo a neve. Nunca fui à escola até os catorze anos. Minha mãe me ensinou em casa. Tudo o que sou ou serei devo a ela. Ela foi professora antes de se casar com meu pai e incutiu em mim seu amor pelo conhecimento e pelas coisas boas da vida. Ela tinha livros, incluindo um conjunto de enciclopédias. Eu li todos eles. “” Eu também aprendi música. “Ele olhou através do fogão da cozinha em direção ao piano.” Você encontraria algumas coisas muito boas, antigas e novas, entre aquelas pilhas de música “, disse ele, com um toque de orgulho.” E foi minha mãe quem fez isso possível para mim, aos quinze anos, começar o trabalho ao qual dediquei minha vida. Ela tinha um pequeno microscópio que usara nas aulas na escola. Quando os outros meninos da minha idade brincavam com espingardas e estilingues, eu estava absorvido em estudar coisas sob este microscópio: gotas d’água, pequenos fragmentos de pedra, uma pena caída da asa de um pássaro, uma pétala delicadamente nervurada de alguma flor. “Mas sempre, desde o início, foram os flocos de neve que mais me fascinaram.””
Hoje sua obra é apreciada tanto como uma obra de arte quanto uma relíquia meteorológica.
Veja uma galeria de imagens de Bentley no site Snowflake Bentley.
Suas fotomicrografias de placa de vidro foram doadas ao Buffalo Museum of Science, que digitalizou a coleção online.
Veja as coleções digitalizadas online:Coleção Wilson Alwyn Bentley.Coleção Flocos de Neve e composições.
E veja aqui uma apresentação em inglês da exposição sobre Inverno em sua homenagem no canal youtube do Buffalo Museum of Science.
Mesmo editadas (corrigindo defeitos provocados pelas intempéries), as imagens de Bentley representam lindos registros de um inverno que pairava no ar há mais de um século.
Infelizmente, uma tempestade violenta do inverno que tanto amava surpreendeu Bentley. Depois de caminhar dez quilômetros para casa no meio de uma nevasca em 1931, no mesmo ano em que sua extensa monografia sobre os Cristais de Neve foi publicada, ele morreu de pneumonia em 23 de dezembro, na fazenda, com a neve se acumulando ao seu redor.
Fotógrafos Modernos apaixonados por Flocos de Neve
Uma grande coleção de imagens de Flocos de Neve está disponível no site da Wikimedia Commons: Categoria Wilson Bentley Snow Crystals. Incluindo fotos originais de Bentley e outros fotógrafos, tais como Rick Doble.
Conheça também as espetaculares microfotografias no site do fotógrafo artista Alexei Kljatov que comercializa belíssimos quadros e produtos customizados com fotos de flocos de neve. E no canal youtube de Alexei, ele reúne diferentes filmes sobre a fotografia de flocos de neve, vale a pena conferir!
No site da Unsplash sobre Flocos de Neve, você encontrará dezenas de fotos de flocos de neve para download, gratuitas para fins não comerciais.
Alicita e os Flocos de Neve
Você pode baixar e usar a estampa para fins educacionais, não comerciais e divulgá-la citando créditos e as condições de uso da licença.
Desafio Visual Gelado!
Quantos Flocos de Neve com formas diferentes existem na estampa ciênciarte de Alicia?
Arte Flocos de Neve
Crie o seu próprio Floco de Neve com a arte japonesa do Kirigami (corte de papel)
Se inspire nos flocos de neve de Alicia e nos vídeos abaixo sobre como criar alguns flocos de neve e crie o seu próprio floco de neve.
Canal de Vídeos Youtube Como Fazer um Floco de Neve.
Esperamos que a beleza dos textos cativantes e a beleza da estampa “Floco de Neve” cative sua mente para o tema de inverno “flocos de neve”.
Até a próxima Estampa CiênciArte!