Detalhe de recife de coral. Foto de João Carraro
Agora, em nossa temporada, iremos mergulhar nos mares rasos que se estendem da região entremarés até os 200 metros de profundidade, sobre a plataforma continental ou ao redor das ilhas.
Nesta região há luz solar suficiente para a realização da fotossíntese… não é a toa estar representada com o tom de azul luminoso em nosso esquema!
Veja na imagem ao lado a faixa equivalente ao MAR RASO
Recife de coral
Provavelmente você já deve ter visto outras lindas imagens como as abaixo e a fotografia da capa desta matéria, mostrando como o ambiente marinho de águas rasas é super transparente, repleto de cores vibrantes e com formas de vida exuberantes. Essas características são típicas dos recifes de coral, presentes em vários locais do litoral brasileiro.
Fotos de Abrolhos autor Fábio Pitombo
Vamos conhecer um pouco mais sobre esse ambiente tão especial?
Que lugar é esse?
Recifes de coral são ecossistemas marinhos de águas quentes (acima de 20°C), claras e com poucos nutrientes, restritos às regiões tropicais e subtropicais, em profundidades inferiores a 50 metros. São exuberantes em cores e formas e podem ser arranjados em franja, em barreira e em atóis.
Podemos falar que os recifes de coral são bioconstruções!
O que isso quer dizer? Os recifes de coral possuem alta complexidade estrutural e são construídos por animais do filo Cnidaria, principalmente por meio do depósito de carbonato de cálcio (CaCO3).
Os corais zooxantelados – aqueles em associação com algas zooxantelas – conseguem edificar suas construções de carbonato de cálcio, daí chamados “corais duros”. São os animais mais importantes na formação da arquitetura dos recifes.
Outros organismos também contribuem nessa empreitada de bioconstrução de recifes, tais como briozoários, esponjas e macroalgas. As zooxantelas, entretanto, são importantes para a manutenção desse ecossistema, já que sua perda leva ao branqueamento dos recifes e, consequentemente, à morte de todos os outros organismos associados a ele.
Coral cérebro . É um bioconstrutor . Encontra-se isolado nesta foto
(foto de Fernanda Azevedo)
Quem habita?
Você já ouviu falar no paradoxo de Darwin?
Apesar dos recifes serem ambientes pobres em nutrientes, sustentam uma grande diversidade de organismos da fauna e flora marinha, sendo considerados hotspots de biodiversidade.
Como isso é possível?
A peça-chave desse quebra-cabeça é a alta eficiência com que toda a matéria orgânica é aproveitada e reciclada dentro do ecossistema.
Acompanharam a idéia? Incrível, né?
Leia mais sobre esta consideração fundamental sobre este ambiente AQUI
Cada um dos organismos que habita os recifes de coral desempenha uma função biológica e ecológica específica que ajuda a manter seu equilíbrio. Nesse ecossistema, as interações ecológicas são bastante complexas e intensas, envolvendo corais, algas e outros animais bentônicos (ou seja, que vivem associados ao fundo marinho), sésseis ou não sésseis (ou seja, vivem ou não fixos no substrato), os quais competem pelo espaço disponível para o seu crescimento.
Dentre os animais pelágicos dos recifes de coral (ou seja, que vivem na massa de água), os peixes são os mais abundantes e visíveis. Muitos deles são herbívoros e desempenham um papel importante no controle das algas que competem com os corais por espaço e luz.
Por que conservar?
Recifes de corais têm grande importância biológica, ecológica, econômica e social, pois sustentam uma rica e exuberante biodiversidade, são fontes de alimento e medicamento e protegem as zonas costeiras contra a erosão pela ação de ondas. Pressões antrópicas variadas, entretanto, ameaçam sua estrutura e funcionamento. Atualmente, mais de 25% dos recifes já foram destruídos em todo o mundo e mais de 30% dos corais construtores de recifes (zooxantelados) encontram-se em risco de extinção.
As principais ameaças aos recifes de coral são os impactos das mudanças climáticas globais tais como o aquecimento das águas superficiais do oceano e a sua acidificação; e, principalmente, as atividades humanas não sustentáveis, como o turismo desordenado, o derrame de óleo, a eutrofização, a sedimentação, a pesca predatória, a poluição, entre outras.
Como conservar os recifes de coral?
Muitos projetos científicos desenvolvidos por cientistas brasileiros são completamente inovadores em suas propostas de atuação para manter a saúde e a conservação dos recifes de corais brasileiros.
É fundamental minimizar os problemas ambientais que estão ameaçando os recifes de corais!
É possível ler mais sobre estas propostas nos projetos mencionados abaixo.
– o congelamento de gametas de corais para futuros implantes em ambientes naturais; (ReefBank)
– aplicação de coquetel probiótico para proteger os corais contra doenças e os efeitos das mudanças climáticas globais; (Procorais)
– mapeamento da biodiversidade e a identificação dos padrões de riqueza, endemismo e composição faunística para a escolha de áreas para novos inventários e áreas prioritárias para a conservação . (BioGeoMar)
Referências do texto
Livros:
- Castro, P; Huber M.E. Biologia Marinha. 8ª edição. AMGH Editora Ltda, 2012.
- Pereira, R. C; Soares-Gomes, A. Biologia Marinha. 2ª edição. Editora Interciência, 2009. Nybakken, J. W. Marine biology: An ecological approach. San Francisco: Benjamin Cummings, 2001.
Dicas de projetos/links ligados ao ambiente Recife de coral
Fundado em 2003 pelos professores do Museu Nacional/UFRJ.
É um projeto que foi contemplado no Edital Petrobras Socioambiental que em 2012, ingressou na Rede de Biodiversidade Marinha de projetos patrocinados pela Petrobras, a Biomar, a qual inclui ações conjuntas com Albatroz, Baleia Jubarte, Golfinho Rotador e Tamar. Busca sensibilizar as pessoas com experiências de encantamento e informações sobre a importância da conservação marinha, além de realizar ações com a comunidade na limpeza, turismo sustentável, monitoramento. Também oferece uma série de publicações educativas e informativas que podem ser baixadas do site.
Veja também o livro eletrônico do Projeto, repleto de fotos e informações. Clique AQUI.
O Projeto Procorais foi criado em 2014 e tem seu foco na utilização de coquetéis probióticos como medida de intervenção em casos de desastres com derramamento de óleo nos ambientes recifais, por exemplo. Esses probióticos são produzidos pelos microrganismos que vivem associados aos corais e que aumentam as defesas naturais desses animais.
O Projeto Conservação Recifal atua na conservação dos ecossistemas costeiros marinhos com foco na preservação e manutenção da biodiversidade dos recifes de corais, principalmente na APA Costa dos Corais, maior unidade de conservação costeiro-marinha do Brasil. Além disso, o projeto promove a conscientização e a mobilização da sociedade sobre as ameaças ao ecossistema marinho e a importância de sua conservação.
Projeto Ecorais – BrBio
O Projeto Ecorais foi criado em 2000 com o propósito de avaliar a saúde dos corais como indicador da degradação ambiental da Armação de Búzios em resposta aos danos causados pela pressão humana na região. Seus objetivos são: avaliar e monitorar a saúde dos ambientes coralíneos, promover a sensibilização da sociedade e subsidiar informações relevantes para a gestão ambiental da Armação dos Búzios a fim de garantir o uso sustentável desses ecossistemas marinhos
Projeto ReefBank
no Facebook e no Instagram
O Projeto ReefBank visa formar o primeiro banco de gametas de corais do Atlântico Sul, utilizando ferramentas tecnológicas como a reprodução in vitro e a criopreservação de gametas. Os gametas congelados por tempo indeterminado, poderão a qualquer momento serem descongelados, dando origem a novos corais que poderão ser utilizados para repovoar e recuperar recifes degradados. Além disso, o projeto tem grande atuação na conscientização ambiental e na divulgação científica.
AQUI você encontra uma matéria muito interessante
sobre o projeto.
O Programa BioGeoMar é um projeto de pesquisa científica iniciado em 2019, dedicado ao ambiente marinho e inserido nas linhas temáticas de base de dados, modelagem da biodiversidade e modelagem climática, apoiado pela Fundação Grupo Boticário. O projeto visa levantar, compilar e analisar um grande volume de dados sobre a distribuição geográfica de grupos da fauna e flora que compõem a biota marinha do Atlântico Ocidental, com foco na biodiversidade marinha brasileira. Alinhado com o ODS 14 “Vida na Água” da Agenda 2030, atua em duas frentes principais, pesquisa e a divulgação científica, auxiliando na promoção da cultura oceânica e da ciência cidadã como ações para a Década da Ciência Oceânica.
Dicas de Materiais didáticos do tema Recife de coral
ABC dos Recifes de Coral – oferece atividades para desenvolver leitura e interesse pelo ambiente marinho a crianças em processo de alfabetização.
NeMo-Net – NASA
Agora, divirta-se montando o origami da tartaruga marinha, esse simpático réptil que habita a região do mar raso. Clique AQUI.
Siga para os outros ambientes marinhos que ficam sob as ondas:
os Banco de rodolitos e as Ilhas Costeiras e Oceânicas!
Sob as ondas: Banco de rodolitos – Clique AQUI
Sob as ondas: Ilhas Costeiras e Oceânicas
(em breve)
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