Yuri Gagarin, Fonte ESA, The European Space Agency.
G.R.E.S. Unidos de Cosmos. Carnaval de 2012.
autor do enredo: José Geraldo dos Santos (Sociólogo), Raphael Ladeira (Carnavalesco) e Ney Lanzellotti (Biólogo).
carnavalesco: Raphael Ladeira
Samba de Enredo
compositores: Laio Lopes, Lelo, Camillo e Hugo Oliveira
intérprete: Aurélio Brito
Yuri Gagarin volta ao Cosmos
Eu vejo a Terra, ela é tão linda”.
Major Yuri Gagarin, 1961.
E assim a verde branco segue unida
Acima das nuvens eu vou te levar pra desbravar
Nessa viajem rumo ao espaço sideral
Desvendar Astronomia
Com Júlio Verne, o nosso sonho é mais real
Os sábios e inventores não poderiam imaginar
Como é bonito contemplar o azul do mar
A Lua e o Sol vistos de lá.
A nave do Cosmos vai decolar
Yuri Gagarin vai nos guiar
Fui pro horizonte, busquei na imensidão
Trouxe a estrela do meu pavilhão
Cruzou o céu
O nosso amigo mais fiel
Que virou astro no Universo
Um grande herói nessa aventura espacial
O Russo chegou, no Brasil se tornou
Delírio nacional
E o Tio Sam ficou tão cego de ambição
Seu sonho se perdeu na escuridão
Em Campos, comemorando eu vou em alto astral
Parabéns ao cosmonauta em seu ziriguidum celestial
Batam palmas que o show vai começar
E Cosmos te convida a viajar
Vem pra intendente nessa nave espacial
Ver a minha escola campeã do Carnaval.
SINOPSE DO ENREDO
Justificativa e Introdução
Sumérios, Egípcios, Babilônios e Assírios desenvolveram a Astronomia. Eles criaram calendários observando os astros e o rei Sol. Desde a Grécia Antiga a Roma Imperial o homem almejava trilhar o horizonte sem fim. Os mistérios do Cosmos intrigavam as mentes dos homens desde a Antiguidade, levando a Humanidade a sonhar com a conquista do espaço sideral.
Kepler, Copérnico, Giordano Bruno, Leonardo Da Vinci e Galileu Galilei, ousaram, sonharam e pesquisaram sobre os encantos e a magia do Cosmos.
Com Júlio Verne a ficção ganhou asas. O homem viaja ao espaço, descobre os mistérios da lua; mas a espécie homo sapiens sapiens ainda não atingiu as conquistas dos sonhos. É fato que a Ciência Alemã ajudou na conquista do espaço sideral. Os Soviéticos desenvolveram foguetes interplanetários, mandaram animais descortinar o Cosmos, mas faltava enviar o mais evoluído dos seres conquistar o espaço infinito.
O desenvolvimento social do Leste Europeu permitiu que esta proeza coubesse a um filho de camponês russo que dominando a arte da aeronáutica com maestria chegasse ao Cosmos pela primeira vez. Yuri Gagarin, em 12 de abril de 1961, faz a primeira viagem triunfal ao Cosmos, desafiando os limites da ciência da época. Ele observou lá de cima os encantos que muitos homens de distintos povos queriam conhecer, mas coube ao Cosmonauta Russo Yuri Gagarin o pioneirismo da conquista do espaço pelo homem e ao povo eslavo comemorar as glórias do seu filho saído do campo para as páginas da História Universal. Das conquistas espaciais soviéticas é que outros países partiram pra exploração do Cosmos. Chegamos ao cinqüentenário da conquista do espaço por Gagarin, seu nome não se apagou da nossa memória e por todo o mundo acontecem comemorações pra lembrar o grande feito do ilustre cosmonauta russo.
Por isso o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Cosmos se insere nestes festejos e anuncia que levará pra Passarela Popular da Intendente Magalhães – Carnaval 2012 – o pioneiro feito de Yuri Gagarin, com o enredo “Yuri Gagarin volta ao Cosmos“.
Pela Avenida, Cosmos e seus componentes exaltarão a extraordinária façanha do Cosmonauta e a sua passagem por cidades brasileiras quando foi aclamado por trabalhadores, estudantes, intelectuais e autoridades do Brasil como “O Embaixador da Paz Mundial“. Em nosso sonho de carnaval, Yuri Gagarin volta ao Cosmos e com a nossa aguerrida Unidos de Cosmos faz um Ziriguidum Celestial.
DESENVOLVIMENTO DO TEMA
Yuri Gagarin volta ao Cosmos
E mais uma vez aqui estamos, aventureiros por natureza, a preparar novamente as malas para outra grande aventura. Embarcar numa astronave rumo ao espaço, ao infinito cosmos, na companhia do cosmonauta russo Yuri Gagarin, o primeiro homem a viajar ao espaço e retornar com segurança.
Assim, lá vamos nós, desbravadores do espaço, cruzando a órbita da terra com nossa nave, livres da gravidade.
E bem do alto, em meio às estrelas, poderemos perceber a grandeza do universo, e a perfeita harmonia entre os astros, o brilho cintilante da Lua refletindo a luz, e a magnitude da estrela maior o Sol.
Ah! Terra, nosso lar, nossa casa e por si só um espetáculo a parte, como é linda daqui do alto! Sua cor azul me faz lembrar o céu visto daí de baixo.
O voo espacial de Yuri Gagarin foi realizado a bordo da espaçonave Vostok-1 que deu uma volta completa ao redor da Terra. O voo durou 1h48 minutos. O voo chegou a uma altitude máxima de 327 km e a uma velocidade de 29.000 km/h (cerca de 80,6 km/seg).
Desde então, em 12 de abril na Rússia é comemorado o Dia do Cosmonauta.
Ah, grande Copérnico, grande Galileu, vocês foram geniais nas observações sobre o espaço e tudo que há de belo aqui em cima! Pena não terem vivido para ver de perto o que observaram de tão longe.
Ah, genial Leonardo Da Vinci, pena que suas máquinas voadoras e todas as suas maravilhosas invenções não foram capazes de levá-lo tão alto para que pudesse desfrutar de toda a beleza dos céus.
Ah, pobre Capitão América, parece mesmo ter preferido a ficção do que a realidade. Enquanto perseguia, ao lado da Mulher Maravilha, o Inimigo Verde imaginário que surgiria do espaço para tomar toda a galáxia, dando ouvidos as histórias surreais, incutindo na mente humana histórias de ficção cientifica, eu pude ter a honra de ser o primeiro a deslumbrar toda beleza do cosmos.
Desculpem-me e perdoem-me os crédulos, pois apesar de procurar, não vi Deus por aqui, olhei para a Lua e o cavaleiro não estava por lá.
Só sei que aqui tudo é tão maravilhoso, que eternamente poderia voar por entre as estrelas. Longe de toda a miséria humana, das máquinas, das bombas nucleares dos tanques de guerra, construídos pelo homem para levar a dor e o caos ao planeta, que daqui do cosmos vejo tão belo. Agora sei por que Laika, sua cachorra danada, não voltou para nos contar como era o cosmos, preferiu ficar por aqui, junto com as estrelas, perdida no espaço, na companhia deste tripulante da folia, que parece jamais ter conhecido a gravidade, viver eternamente com os pés fora do chão, a flutuar com a cabeça no mundo da lua, sambando e sonhando e poder soltar o grito de “Campeã”.
Os bichos do espaço(Laika, o primeiro ser vivo que foi ao espaço)
Exploração Espacial: Os Mártires que não falavam
Quando o homem decidiu a lançar-se ao espaço, superar questões de natureza prática assumiram todo peso do impossível, pois fazer um artefato ir ao espaço e retornar com o mesmo, ou o possível do mesmo, era atributo de ficcionistas, como Julio Verne ( Viagem à Lua ).
Um dos maiores obstáculos a empreitada seria a “força” necessária para fazer o artefato sair da Terra, não sendo possível, com a tecnologia disponível até meados da década de 40 do século passado, tal feito. O desenvolvimento do motor a reação ( propulsão jato – foguete ), com seu posterior refinamento, resolveu esta parte.
Os cálculos necessários para navegação espacial, posto que complexo, podiam ser desenvolvidos e dominados pelo homem, sendo já obstáculo natimorto para a aventura.
Faltava, entre outros problemas, resolver um dilema capital : pode-se sobreviver a uma viajem ao espaço? A resposta para esta questão seria de difícil solução, pois como se poderia mandar uma pessoa para o desconhecido, sem qualquer parâmetro que abalizasse a empreitada?
A resposta a esse dilema talvez só pudesse ser dada por um mártir, um herói que caminhasse para a morte certa, que fosse suficientemente capaz de cumprir um determinado conjunto de exigências e, no processo, morrer. Como fazer isto com um ser humano?
O homem, para si o soberano da criação sabe, em momentos difíceis, que não está sozinho nesta vida, e quando a situação “aperta”, sabe que sempre pode lançar mão de um “companheiro de viagem” (de pelo menos 10 mil anos , talvez mais) da existência no planeta.
Em muitas ocasiões, o cão doméstico (Cannis lupus) salvou o homem de situações perigosas , mortal, mesmo com o sacrifício da própria vida. Seria agora, novamente, chamado para cumprir esta missão.
Um corpo complexo, grande e exigente como o do ser humano, carrega tantas variáveis que seria impossível à época (como o é agora)desenvolver um modelo capaz de compreender todas as nuances provocadas pelo ambiente extraterrestre. Fundamental ter um modelo vivo e próximo para guiar os cientistas nesta pesquisa.
A escolha de um cachorro seria uma possibilidade viável, pois fisiologia e estrutura são próximas, são bem conhecidos em termos de biologia e, importante para o projeto, poderiam repetir ações nos quais foram adestrados.
O trabalho de enviar Laika para um vôo orbital (o primeiro com um ser vivo) passou pela captura dos cães – recolhidos de ruas de Moscou- a seleção e treinamento dos mesmos no centro espacial de medicina de Moscou e avaliações da capacidade de cumprir a missão.
Originalmente Laika foi chamada de Kudryavka (crespinha), recebendo também o nome de limãozinho e bichinho (Limonchik e Zhuchka, respectivamente) e só no final de seu treinamento foi denominada Laika (mesmo nome da raça, com significado “que ladra”).
Fisicamente, Laika era um cão entre pequeno e médio, com aproximadamente seis quilos de peso, aproximadamente 3 anos de idade e, segundo cientistas que conviveram , esperta e calma.
O treinamento estava a cargo do cientista Oleg Gazenko, do centro espacial, e consistia em habituar e treinar os animais – havia três cães diretamente envolvidos- ao espaço reduzido da cabine, as constantes acelerações e frenagens da cabine e ao desconforto físico, térmico e sonoros da mesma. Interessante notar que os princípios técnicos desenvolvidos foram utilizados com os futuros cosmonautas humanos no centro de treinamento espacial em Baiakur.
Os “amigos” de Laika, também capturados em ruas moscovitas, foram Albina e Mushka, recebendo tratamento e treinamento igual. Foram utilizados em vários testes, e Albina ficou de reserva, caso Laika não pudesse ir.
A Missão
O foguete foi lançado no dia 3 de novembro de 1959, sendo Laika acondicionada em uma cadeirinha especial, limitadora de movimentos, estando ligada a sensores que mediam constantemente temperatura , batimentos cardíacos e movimentos do animal. Um traje próprio, com dispensador para os resíduos foi vestido no cão, e havia alimento e água para sete dias, embora a missão devesse durar de três a quatro dias.
A construção da nave – Sputnik 2– foi apressada, devido a ordem de Khrushchev, líder à época, para lançar um artefato no mesmo dia que se comemorava a revolução russa.
O resultado da urgência foi uma nave que apresentou falhas no mecanismo de refrigeração, uma das possíveis causas da morte de Laika entre 3 e 7 horas após o lançamento do Vostok. As condições físicas, provocadas pelo terrível estresse do lançamento, devem ter contribuído para a morte do animal. De qualquer forma, não havia plano desenvolvido para recuperar o animal com vida.
Repercussão
Na época pouco ou nada se discutiu sobre o destino de Laika, exceto algumas vozes britânicas contra o maus tratos de animais. O mundo da guerra fria e a empolgação pela conquista espacial tolheram quaisquer outras formas de se pesar custos e benefícios da corrida espacial. O sacrifício foi momentaneamente esquecido.
Após alguns anos a contribuição do bravo cãozinho foi reconhecida, sendo o único animal não humano (por enquanto) retratado em uma placa monumento que apresenta os heróis da aventura espacial, estando retratada surgindo por entre as pernas de um cosmonauta. Escolas, construções e até mesmo uma marca de carro homenageiam o animal. Uma bela escultura, próximo ao centro de treinamento também faz homenagem. Sem dúvida , Laika honrou as tradições dos cães , bravos amigos da humanidade.
Repercussão da visita de Gagarin ao Brasil
Yuri Gagarin, digno representante do povo russo, ficou maravilhado com a acolhida recebida em terras tupiniquins. Embora filho de uma nação eslava, com mentalidade européia, o cosmonauta russo não deixou a ditadura da razão embotar seus sentimentos de humano, em confraternizar com pessoas de outros povos o impressionante feito.
Consta, segundo relatos da época, ter o automóvel em que Gagarin transitava no Rio, sido erguido em meio a multidão, enquanto o cosmonauta era saudado aos gritos de Gagarin , gagarin, gagarin.., pelo povo que o veio receber.
Em São Paulo, cidade trabalhadeira e industrial, a exemplo do povo eslavo, mais contido em suas demonstrações de emoção, foi nosso herói , assim como a cobertura jornalística brasileira que o acompanhava, surpreendidos com a explosão emocional que a visita daquele homem de 160 cm, aproximadamente, causaram. As pessoas, tomadas de incontida emoção, ignoraram barreiras policiais para se aproximarem do herói, quando possível, segundo relatos da época, até de botões de sua roupa queriam ter, como recordação.
Na cidade de São Paulo, a recepção oficial, encabeçada pelo prefeito Prestes Maia ( interessante coincidência… ) galardoou-o com diploma e medalha ” Pioneiro do Cosmos”, ressaltando toda importância do feito.
Em Brasília, ainda pouco mais que uma cidade recém inaugurada, Gagarin foi saudado e condecorado pelo presidente Jânio Quadros, que palestrou um bom tempo com o cosmonauta, relembrando de sua estada agradável na Rússia, e se inteirando de fatos da histórica viagem.
Vale destacar que o povo brasileiro recebeu muito bem o cosmonauta. No Rio, Adelina Fernandes, uma moça brasileira, congratulou -se com Gagarin, chamando- o de “Embaixador da paz “, reiterando o desejo de todo povo brasileiro pelo sucesso desta nova missão. O cosmonauta também recebeu beijos de outras moças, em outras ocasiões, o que, sem dúvida, deve ter deixado Gagarin bem feliz, pois consta o mesmo ser bem chegado a atenções femininas (Gagarin era casado com uma colega da escola de aviação).
A visita do cosmonauta mobilizou intelectuais, trabalhadores, estudantes e mesmo a alta sociedade, pois o fato era bastante badalado internacionalmente. O povo trabalhador que, de alguma forma assistiu o evento foi caloroso, porém não foi de maneira alguma uma revolução social, sendo mais uma questão de demonstração do poderio , simpatia e boa vontade soviéticos para o mundo ( lembre-se : Guerra Fria). Apesar de toda polarização à época, até mesmo militares receberam bem o ” Russo das estrelas “, demonstrando toda a importância do feito.
Campos dos Goitacazes – A Vanguarda da Astronomia fluminense
O Clube de Astronomia Louis Cruls, Fundação Cultural Oswaldo Lima, a Prefeitura de Campos dos Goitacazes e o Instituto Federal Fluminense Realizaram o 4º encontro Internacional de Astronomia e Astronáutica que teve como tema Principal os Cinquenta Anos da conquista do espaço pelo homem, o grande feito do cosmonauta russo Yuri Gagarin. Campos de 21 a 23 de abril de 2011 se tornou a capital brasileira da astronomia. Cosmonautas Russos, Astronauta Norte-Americano, Marcos Pontes, o primeiro Astronauta brasileiro que foi ao espaço, Astrônomos, físicos e intelectuais de várias áreas do conhecimento participaram da homenagem a Yuri Gagarin no Teatro Trianon de Campos dos Goitacazes. O Clube de Astronomia de Campos realizou a maior comemoração dos cinquenta anos que Yuri Gagarin viajou ao cosmos e, com certeza, no ziriguidum sideral, do Unidos de Cosmos têm sambistas da terra do grande compositor Wilson Batista. A encantada nave de Gagarin decolou de Cosmos, passando por Campos, e chegando a passarela cosmonáutica.
O Clube de Astronomia Louis Cruls é considerado um dos grupos de ensino e divulgação da astronomia mais famosos do mundo, o Clube de Astronomia de Campos realizou a maior celebração da América Latina em homenagem aos cinquenta Anos da viajem de Yuri Gagarin ao Cosmos.
BIBLIOGRAFIA
Textos diversos sobre a conquista do espaço por Yuri Gagarin
Verne, Júlio; Viagem à Lua – Circulo do Livro, São Paulo 1984
Vieira, Cristina; Egito (Culturas, Histórias e Mitos – Editora Escala, São Paulo, sd
SITES (Wikipédia, UOL Educação, A Lusa, Voz da Russia);
Jornais: Pravda, Granma, Jornal do Brasil, O Globo, New York Times, Folha de São Paulo.
Textos do Clube de Astronomia de Campos (Louis Cruls): Professor Marcelo de Souza.