Capa: Série “Escolas de Samba, Rio de Janeiro”, Unidos da Tijuca 2004. Foto: Wigder Frota. In Wikimedia Commons. Licença CC-BY-SA-4.0.
Enredo: O sonho da criação, a criação do sonho: a arte da ciência no tempo do impossível. G.R.E.S. Unidos da Tijuca, 2004.
O SAMBA-ENREDO
Nessa máquina do tempo, eu vou
Vou viajar… (com a Tijuca te levar)
À era do Renascimento
De sonhos e criação
Desejos, transformação
Acreditar, desafiar
Superar os limites do homem
Brincar de Deus, criar a vida
É tempo de sonhar…
É tempo de alquimia
Querer chegar à perfeição
Com tecnologia (bis)
Na arte da ciência
A busca continua
Na luta incessante pra vencer o mal
E no vaivém dessa história
O velho sonho de ser imortal
Profecia, loucura, magia
A vontade de explorar
A lua, a terra e o mar
Pro futuro viajar, eu vou
Mistérios que ainda quero desvendar, levar
O destino é quem dirá
O amanhã, como será
Sonhei amor e vou lutar
Para o meu sonho ser real
Com a Tijuca, campeã do Carnaval (bis)”
O ENREDO
Artigo original: Brasiliana, Núcleo de Estudos de Divulgação Científica.
“O tema foi desenvolvido em parceria com a Casa da Ciência/UFRJ. Fátima Brito, Simone Martins, Ana Paula Trindade, Isabela Azevedo, todas da Casa da Ciência, além de Ildeu de Castro Moreira, do Instituto de Física da UFRJ, formaram a equipe que colaborou com o carnavalesco Paulo Barros na construção do enredo da escola.
A equipe decidiu falar sobre as invenções criadas e as que estão apenas na imaginação. “O que faz o homem criar? Fomos para o sonho e para a realização do sonho”, diz Fátima Brito.
Uma das primeiras dificuldades foi como apresentar a ciência no desfile de forma coerente. “Nossa solução foi criar a máquina do tempo. Assim, teríamos liberdade para contar nossa história”, explica Paulo Barros. A máquina do tempo, primeira alegoria concebida pelo carnavalesco, foi então o fio condutor do enredo.
O grupo fez um levantamento das invenções imaginadas e daquelas de fato realizadas na história da ciência, e Paulo Barros, com sua experiência, optou por aquelas que produziriam efeitos visuais mais ricos. Além da máquina do tempo, a escola apresentou alas de energia, alquimia, vôo, criação da vida, viagens extraordinárias e ficção futurista.
Paulo Barros conta que se sentia bombardeado com a quantidade de informações fornecidas pelos pesquisadores da Casa da Ciência. “Com tanta informação, tive que pensar no que seria mais representativo para apresentar na Marquês de Sapucaí”. Seu desafio foi tratar de forma objetiva os temas científicos e adequá-los às normas seguidas nos desfiles das escolas de samba. “Minha preocupação era o entendimento rápido do público. Parti para a clareza, e foi assim que ganhei o carnaval, com a objetividade da forma”.
O próprio Paulo Barros – que chegou a estudar arquitetura por dois anos – foi o responsável pelo projeto gráfico de todos os carros da Unidos da Tijuca, inclusive o da criação da vida, o mais comentado pela mídia e pelo público. Nele, 123 bailarinos, formando uma pirâmide azul, movimentavam-se como hélices da cadeia do DNA.”
Fonte:
ALMEIDA, Carla e OLIVEIRA, Daniela. “Unidos da Tijuca e Casa da Ciência sacudiram a poeira da Sapucaí e da popularização da Ciência”. Jornal da Ciência, n. 524, p. 12, 12 mar. 2004.
MASSARANI, Luisa. “A Brazilian carnival of science”. Scidev.Net, 27 mai. 2004. Disponível em: <http://www.scidev.net/po/latin-america-and-caribbean/features/um-carnaval-brasileiro-da-cincia.html>. Acesso em 09 fev. 2009.
MASSARANI, Luisa. “A ciência na passarela do samba”. Scidev.Net, 27 mai. 2004. Disponível em: <http://www.scidev.net/po/latin-america-and-caribbean/news/a-cincia-na-passarela-do-samba.html>. Acesso em 09 fev. 2009.