Antonio Machado, Espanha. Poesia, na ocasião da morte de seu mestre. Em Madri+d, Poesía y Ciencia. Seção dirigida por Miguel García-Posada. Disponível em http://www.madrimasd.org/.
O que mais precisam, mesmo o melhor dos nossos bons alunos, é de maior intensidade de vida, de maior atividade para tudo, no espírito e no corpo: trabalhar mais, sentir mais, pensar mais, querer mais, brincar mais, dormir mais, comer mais, banhar-se mais, divertir-se mais. Francisco Giner de los Rios, Residência de Estudantes (1887).
Francisco Giner de los Ríos (Ronda, Málaga, 10 de outubro de 1839 – Madrid, 18 de fevereiro de 1915) foi um pedagogo, jurista, filósofo e ensaísta espanhol, criador e diretor da Institución Libre de Enseñanza (ILE) e discípulo de Julián Sanz del Río .
A DON FRANCISCO GINER DE LOS RÍOS
Como se fue el maestro,
la luz de esta mañana
me dijo: Van tres días
que mi hermano Francisco no trabaja.
¿Murió?… Sólo sabemos
que se nos fue por una senda clara,
diciéndonos: Hacedme
un duelo de labores y esperanzas.
A DOM FRANCISCO GINER DE LOS RIOS Como o mestre se foi, a luz desta manhã me disse: há três dias que meu irmão Francisco não trabalha. Ele morreu? ... Apenas sabemos que nos deixou um caminho claro, nos dizendo: me façam um duelo de trabalhos e esperanças.
UM DUELO DE TRABALHOS E ESPERANÇAS. O famoso decreto do Marquês de Orovio proibia, entre outras coisas, o ensino de teorias darwinianas da evolução nas Universidades Espanholas. E, como às vezes acontece na história, um evento tão desastroso quanto a supressão da liberdade acadêmica produz uma reação absolutamente oposta. Como resultado do decreto, um grupo de professores krausistas e ideias liberais criado em torno de Sanz del Río em 1860, fundou a Instituição Livre de Educação, uma autêntica Universidade Livre. (…) Em 1881, Giner de los Ríos assumiu a direção da Instituição, iniciando um período voltado para a investigação de novos procedimentos de ensino. O resultado é revolucionário. O seu ” método de aprendizagem intuitivo ” (precursor de metodologias baseadas na aprendizagem significativa) dá início a uma mudança profunda na Espanha de sistemas pedagógicos antiquados, introduzindo o ensino das ciências desde as classes mais elementares.
Sed buenos y no más, sed lo que he sido
entre vosotros: alma.
Vivid, la vida sigue,
los muertos mueren y las sombras pasan;
lleva quien deja y vive el que ha vivido.
¡Yunques, sonad; enmudeced, campanas!
Seja bom e nada mais, seja o que eu tenho sido entre vocês: alma. Vívida, a vida segue, os mortos morrem e as sombras passam; Carrega quem se sai e vive o que há vivido. Bigornas, sons; emudecem, sinos!
Y hacia otra luz más pura
partió el hermano de la luz del alba,
del sol de los talleres,
el viejo alegre de la vida santa.
…Oh, sí, llevad, amigos,
su cuerpo a la montaña,
a los azules montes
del ancho Guadarrama.
E em direção à outra luz mais pura o irmão partiu na luz do amanhecer, no Sol das oficinas, o velho feliz de vida santa. ... Oh, sim, carreguem, amigos, seu corpo para a montanha, para as montanhas azuis da ampla Guadarrama.
Allí hay barrancos hondos
de pinos verdes donde el viento canta.
Su corazón repose
bajo una encina casta,
en tierra de tomillos, donde juegan
mariposas doradas…
Allí el maestro un día
soñaba un nuevo florecer de España.
Ali, existem ravinas profundas de pinheiros verdes onde o vento canta. Seu coração descansa sob um carvalho casto, na terra do tomilho, onde brincam borboletas douradas ... Lá o professor um dia sonhava com um novo florescer da Espanha.
Dom Francisco Giner não acreditava que a Ciência fosse fruto da árvore do paraíso, fruto pendurado num galho alto, maduro e dourado, à espera de uma mão ousada e ávida, mas uma semente que tem de germinar, florescer e amadurecer nas almas. Por ter pensado assim, ele fez tantos mestres quanto tinha discípulos. A. Machado. Extraído de “New Idea”. Baeza, 23 de fevereiro de 1915; Boletín de la Institución Libre de la Enseñanza, número 664, Madrid, 1915.
Há escolas onde o pobre professor conta impacientemente no relógio os minutos que faltam para terminar a sua aula! Na verdade, mostra nessa disposição de sua mente,
a morte de suas antigas esperanças;
o desânimo gerado nele pela perspectiva sombria de seu futuro;
a falta de amor por uma profissão que talvez tenha alcançado com saudade;
e o desejo vivo de vender o seu vão direito de primogenitura em troca de qualquer outra ocupação que o liberte daquela monotonia próxima da escravidão e verdadeiramente odiosa para quem sente dentro de si um sopro de vida.
Francisco Giner de Los Rios. Obras completas, volume XII (1884).
É preciso soprar a brasa para que volte a ser chama.
Se você vir na escola crianças quietas, paradas, que não riem nem fazem barulho, elas estão mortas.
O mestre Giner de los Ríos foi um andaluz de fogo, uma felicidade brilhante.
Para Conhecer Mais
– Para conhecer mais as ideias e a vida de Dom Francisco Giner de Los Ríos, leia o capítulo dedicado a Giner publicado no livro Thinkers on Education. Studies in Comparative Education series. UNESCO Publishing, 1997, ISBN: 92-3-103398-0.
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