O filme em Realidade Virtual de Tadeu Jungle retrata os sobreviventes da maior tragédia ambiental do Brasil com delicadeza e melancolia.
Documentário de curta-metragem realizado em Realidade Virtual sobre o rompimento da barragem da Samarco em Mariana, MG.
O filme mostra o que restou da vila de Bento Rodrigues e contrapõe a paisagem arrasada com as alegres memórias de seus moradores.
“O Brasil tem centenas de pequenas cidades com uma praça, algumas ruas e uma população onde todos se conhecem e vivem em comunidade. Na cidade de Mariana, uma barragem de rejeitos de minérios de ferro, da empresa Samarco, se rompeu em 05 de novembrod e 2015. Sem a existência de um plano de emergência nem sequer uma sirene de alerta, um rio de lama fez com que a vida de Bento Rodrigues desaparecesse do mapa e deixasse 19 pessoas mortas. A lama, fez o seu caminho de 600 km de destruição até o mar, no maior desastre da história ambiental brasileira.
01:01 – Seu Barbosa, 65 anos: Quando cheguei aqui com a minha casa lá, não sobrou foi nada! Cheguei aqui e, tudo o que eu tinha, tinha ido por água abaixo. Eu ssó tinha a roupa do corpo “”ganhada””. A hora que eu corri, já corri chorando morro acima, porque aqui em baixo já estava arrasando tudo. Falei: Meu povo, meu povo morreu tudo? Quando cheguei lá em cima dei graças a Deus que estavam todos lá. O desespero aqui foi demais, você via apenas as pessoas gritando, chorando. As mães se perguntando: Meu menino, onde está meu menino? Não tem nem como contar, só a gente que viu que pode contar. Os moradores de Bento Rodrigues vivem hoje uma situação emocional que se assemelha a de refugiados de guerra, que tiveram que fugir de um perigo eminente e abandonaram tudo para trás.Só que aqui, o caso é pior. Eles sabem que não vão voltar, nunca mais, para suas casas, que não há esperança, restou a memória.
02:17 – Neneca, 36 anos: Em Bento não tem rua ruim não. A rua principal era asfaltada, as demais eram bloquete, lá não tinha preocupação de deixar os meninos brincando. Lá os meninos brincavam de bola, pick esconde, andavam de bicicleta, queimada. Até eu jogava queimada com eles. Pra mim era o melhor lugar do mundo.
03:00 – Luiza, 22 anos: A Minha rua era de pedra e tinha lá a esquina onde todo mundo se encontrava, se reunia, para conversar, bater papo. Fim de tarde era riso, juntavamos uma turma de mulheres e jogávamos baralho. Quando chegava o fim da tarde era bom demais.
03:36 – Aqui era nossa casa, onde nós viviamos. Todos os sábados a gente pegava o violão e cantava na varanda. agora vamos relembrar o que já passou.
04:25 – Ali no Bento, vamos dizer assim, se nascia um menino o Bento inteiro estava lá, se morria alguém era o dobro, porque até as crianças iam. Casou, nasceu ou morreu, era o Bento inteiro que estava ali te apoiando, te dando conforto. Era uma união maravilhosa, comunidade em peso estava de mãos dadas com agente., o que era de um era de outro.
05:42 – A escola era linda, era toda colorida. Na quarta-feira a gente teve aula e na quinta-feira aconteceu a tragpedia.
06:00 – Eu tinha 3 animais lá. Duas eram belinha e nina, cadelas mãe e filha. Eu tinha perdido as esperanças porque minha casa foi toda embora, passado 20 dias eu falei “”Vou no Bento procurar. O pessoal não deixa entrar, mas vou escondido””. Entrei escondido, quando cheguei a aproximadamente 300m de onde era minha casa, me deparei com a geladeira e o guarda-roupas que eram de casa. Eu e meu menino, nessa hora, a gente chorou. Aí vimos alguma coisa mexendo no telhado, a gente se tocou que era a Nina. A gente chamou e ela veio, nessa hora a gente esqueceu de tudo, vamos pegar ela e vamos embora, não pegamos mais nada, se não os bombeiros vem aqui e barram a gente ainda. Todo mundo ficou alegre, nós perdemos tudo mas, um animal, faz parte da vida da gente.
06:59 – A coisa que eu mais gostava era fim de semana, pegar meus meninos e ir para água santa nadar. A água era bem limpa, os meninos ficavam virando mortal, eu também, de vez enquando, dava alguns pulos, mas eu levava boia de câmara d pneu de caminhão, de carro. quase desmanchava de tanto que ficava na água. Era bom demais.
07:32 – Era meu sonho, ficar lá o resto da vida, ver meus filhos crescer. Não tenho nem palavras, parece que é um sonho, que não é realidade isso. Hoje, quando vou dormir, fico perguntando a Deus porque aconteceu isso, é uma pergunta sem resposta.
08:00 – Em respeito a vida que aqui existiu, em respeito à aqueles que aqui morreram, em respeito ao Brasil, é imperativo que se faça um memorial de Mariana, para que essa tragédia não seja esquecida e nem repetida.
DURAÇÃO: 9’34”
Cor, estéreo,
Filmado em Realidade Virtual SE QUISER ASSISITIR EM RESOLUÇÃO 4K CLIQUE NESTE LINK https://www.youtube.com/watch?v=49YyD…
DIRETOR TADEU JUNGLE
PRODUTORES MARCOS NISTI RAWLINSON PETER TERRABUIO TADEU JUNGLE
REALIZAÇÃO ACADEMIA DE FILMES BEENOCULUS MARIA FARINHA FILMES