Transcrição do Curta Um Cientista, Uma História: Vital Brazil.
O que será que uma cobra tem a ver com o cavalo?
Hum, tanto a cobra quando o cavalo, pertencem ao reino animal, né! E também são substantivos que começam com “C”.
Nossa! que vergonha dessa pergunta, hein!? Vergonha nada! Cientista faz perguntas esquisita o tempo todo, horas.
O Vital Brazil, por exemplo, podia ter sido confundido com um esquisitão. Isso só porque ele gostava de cobras, aranhas, escorpiões e toda sorte de bichos peçonhentos.
Mas era porque ele vivia cheio de perguntas, como:
– Como pode um animal portar um veneno tão poderoso e continuar vivo?
Na verdade, Vital é um cara que adorava os seres humanos. E, por isso, começou a trabalhar muito cedo para financiar o sonho de estudar medicina. Foi escrivão de polícia, professor e condutor de bonde.
Em 1891, ele se torna médico. Logo depois de formado, ele se juntou a um grupo de cientistas corajosos que estavam numa cruzada contra as epidemias que acometiam as cidades daquela época.
Alguns anos depois, Vital Brazil decide se mudar para São Paulo onde começa a produzir em escala o soro antipestoso, ou seja, antipeste bubônica.
Assim, foi criado o Instituto Butantã.
Mas, nem só de laboratório vivia o Doutor Vital Brazil.
Ele era um médico muito dedicado, sempre visitava os pacientes em suas casas.
Era tão querido que um paciente italiano escreveu na porta de sua vidinha
“Avenida Vital Brazil” e o nome vingou. Hoje ela é uma das avenidas mais conhecidas de São Paulo.
Em suas consultas, ele atendia a muitos casos de picadas de cobra.
A jararaca e a cascavel eram consideradas as serpentes mais letais. Só em São Paulo, morriam cinco mil pessoas por ano por causa disso.
O único soro que havia naquela época era produzido a partir da cobra naja e não funcionava.
Doutor Vital, então, faz o que todo cientista faz quando encontra um desafio: volta para o laboratório.
Nos testes, ele percebeu que o ser humano tem um mecanismo imunológico que responde de forma diferente a diferentes tipos de toxinas ou venenos. A resposta era desenvolver soros diferentes para venenos diferentes.
Tá, isso é muito legal.
Mas e agora, o que o cavalo tem em comum com a cobra?
É que Vital Brazil “abrasileirou”, quer dizer, aprimorou o processo de produção do soro antiofídico para que funcionasse contra picadas de cobras daqui. E os cavalos têm participação especial nisso.
Funciona assim, primeiro encontra-se a bendita cobra e tira-se o veneno dela.
E aí, vem a grande sacada do nosso cientista: utilizar cavalos.
Os cavalos têm maior resistência e desenvolvem mais anticorpos que combatem o veneno.
Mas pode ficar tranquilo, eles ficam superbem.
Muitos dias depois, um pouco de sangue é retirado do cavalo.
Apenas o plasma, parte do sangue onde ficam os anticorpos, é usado na produção do soro.
Além de cientista Vital Brasil se preocupava muito com o desenvolvimento social.
Ele criou uma das primeiras escolas que ensinava crianças e adultos a ler e a escrever.
E formou uma família grande, casou-se duas vezes e teve 18 filhos.
Mas sua preocupação se estendia não só para a família Brazil, mas para todo o país.
Sabendo da importância de seu trabalho para a humanidade, Vital Brazil doou a patente do soro para o governo brasileiro.
O soro continua sendo produzido e distribuído gratuitamente.
Todos os dias, vidas são salvas graças ao Doutor Vital Brazil.
Sim, graças a vocês também [cobras e cavalos]
O legado de Vital Brazil nos mostra que quando Ciência e Indústria se juntam, toda a sociedade se beneficia.