Chris Marshall, Escritor Científico.
CAPjournal, No. 18, setembro de 2015.
Em 24 de agosto de 2006, uma resolução da União Astronômica Internacional (UIA) mudou para sempre a forma do Sistema Solar e redefiniu o que significava ser um planeta. Como resultado, Plutão, o menor e mais recente planeta descoberto no Sistema Solar, tornou-se um planeta anão.
Nos meses que se seguiram, a surpresa inicial sobre essa decisão deu lugar à aceitação, embora muitos se lembrassem de Plutão, o planeta, com carinho.
Essas memórias vieram à tona recentemente, quando a espaçonave New Horizons da NASA voou por Plutão e capturou imagens inéditas e incríveis deste mundo tão distante. E as pessoas ao redor do mundo voltaram a se perguntar de novo:
Por que Plutão não é um planeta?
Plutão tornou-se o menor planeta, e, durante a maior parte de sua órbita, o mais distante do Sol, após sua descoberta em 1930 por Clyde Tombaugh. No entanto, os astrônomos no início dos anos 90 viram a descoberta de uma onda de objetos que residiam além de Netuno e Plutão. A existência desses objetos colocou em dúvida a validade desta decisão inicial.
O pedigree de Plutão foi questionado de uma vez por todas com a descoberta de Eris (deusa da Discórdia, na mitologia grega) em janeiro de 2005. Embora um pouco menor que Plutão, Eris era ainda mais massivo que Plutão, e perguntas sobre o que realmente significa ser um planeta novamente vieram à tona.
O que realmente significa ser um planeta?
Plutão foi reclassificado em Praga na XXVI Assembleia Geral da IAU. Uma resolução aprovada no dia de encerramento da assembleia forneceu uma nova definição tríplice de um planeta. Plutão atendia aos dois primeiros critérios com admirável facilidade:
- é um corpo celeste que orbita o Sol,
- é redondo, indicando que um estado de equilíbrio hidrostático prevalece, indicando que as forças gravitacionais interiores são equilibradas por uma pressão externa.
O obstáculo final, no entanto, foi fatal. Para ser um planeta,
- o objeto deve ter limpado a vizinhança ao redor de sua órbita.
Plutão é cercado por fragmentos de rocha e gelo, e assim falhou terrivelmente em atender esse critério; seu ambiente desordenado e a má limpeza de objetos foram sua ruína.
Este terceiro critério é, de fato, uma questão de tamanho.
Plutão é muito pequeno para dominar gravitacionalmente seu ambiente absorvendo e ejetando a matéria em seu caminho.
É por essa razão que, quando olhamos para as imagens de alta definição da missão New Horizon de Plutão, vemos mais que um simples planeta anão entre muitos já descobertos; vemos algo que já foi considerado planeta e uma peça importante da história da astronomia.
Acompanhe o sobrevoo da New Horizonte sobre Plutão.