FESTIVAIS DE MATEMÁTICA
Vários países, instituições, matemáticos e educadores tem desenvolvido o conceito de Festivais
de Matemática voltados para o grande público além do escolar – como uma estratégia de divulgação e educação matemática, utilizando diferentes recursos e estratégias em especial, estabelecendo conexões da matemática com diferentes campos de conhecimento e a sociedade.
Apesar de compartilharem o nome de Festival, as ações podem ter diferentes configurações, tais como eventos pontuais ou permanentes, eventos educacionais ou públicos, eventos institucionais, locais ou nacionais, eventos gratuitos ou comerciais, bem como misturar alguns destes aspectos.
Nos últimos 30 anos, tivemos várias ações que tem contribuído para o crescimento de atividades de divulgação, popularização e educação matemática para grandes públicos.
O Ano Mundial da Matemática
Um marco importante deste processo foi a criação do Ano Mundial da Matemática MATHS2000, proposto pela União Matemática Internacional em 1992, no Rio de Janeiro, para o ano de 2000, com a perspectiva de:
- indicar os grandes desafios da Matemática para o século XXI;
- promulgar a Matemática, pura e aplicada, como uma das principais chaves para o desenvolvimento;
- a presença constante da Matemática na sociedade de informação.
Apesar de não ter se tornado um Ano Internacional, a UNESCO decidiu apoiar as comemorações do Ano Mundial da Matemática 2000, ampliando o foco para suas relações com a cultura e educação – considerando:
- a importância central da Matemática e suas aplicações no mundo de hoje (ciências, tecnologia, comunicações, economia, etc.);
- a relação da Matemática com a cultura dos povos e o fato de que grandes pensadores, ao longo de milhares de anos, contribuíram significativamente para seu desenvolvimento;
- a linguagem e os conceitos matemáticos são universais, o que contribui para a cooperação internacional;
- a posição importante da Matemática na educação, particularmente nos níveis da escola primária e secundária, dedicada ao entendimento dos conceitos matemáticos básicos e ao desenvolvimento do pensamento racional.
Deste modo, em 2000, tivemos, então, o primeiro evento mundial dedicado à celebração do conhecimento matemático. Vários países e instituições têm, desde então, desenvolvido ações comemorativas e de divulgação da Matemática.
Exposições e Museus
Estabelecendo conexões da Matemática com museus e centros de ciência, desde a década de 1960, várias exposições têm sido criadas com diferentes temas e abordagens sobre Matemática.
Uma exposição pioneira, anterior à década de 1980, foi a MATHEMATICA: A WORLD OF NUMBERS AND BEYOUND uma exposição cinética e estática de conceitos matemáticos projetada pelo casal de designers Charles and Ray Eames, inaugurada no Museu da Ciência e Indústria da Califórnia, em 1961. A exposição, financiada pela IBM, foi duplicada e percorreu várias outras instituições nas décadas seguintes e o casal Eames produziram outras exposições científicas.
No final da década de 1980, a exposição francesa Horizons Mathematiques criada em Orleans e Bourges (1987, 1989 e depois no Maths2000), exposta na época no La Villette circulou por mais de 50 países e 200 cidades, incluindo o Brasil no Espaço Ciência Viva, Rio de Janeiro (com Maurice Jacques Bazin, Paulo Henrique Colonese e Janete Bolite Frant) em parceria com o Consulado Francês e diversas outras cidades nacionais. Ela foi uma importante iniciativa por mostrar ser possível traduzir grandes questões e temas matemáticos em jogos, desafios e atividades interativas.
O grande sucesso da exposição inspirou a produção de várias exposições, tais como a exposição, “Why Mathematics?” (“Porque Matemática”, com versão francesa “Porquoi les Mathematiques?” ), 2004, que reuniu duas exposições locais “Mathematics in everyday life” e “Mathematics in Nature” integrando-as com uma série de módulos interativos da “Mathematics’ Art” , criados pela Universidade Tokaino, no Japão.
A Associação de Professores de Matemática de Portugal (APM) muito ativa na formação de professores, eventos e divulgação matemática em escolas e centros de ciência, tem criado inúmeras exposições itinerantes com temas matemáticos nas últimas décadas, tais como:
- Matemática e Natureza,
- Escher, Arte e Matemática,
- Aventura Matemática: da E.I. ao E.M,
- Jogos do Mundo,
- À Medida do Tempo.
- A Matemática é de Todos.
São exposições destinadas a circular em escolas e, portanto, possuem estrutura simples de fácil reprodução por museus e centros de ciências. São bastante inspiradoras e a APM disponibiliza uma descrição detalhada dos módulos que formam as exposições!
No Rio de Janeiro, temos dentre outras experiências de Laboratórios de Ensino de Matemática o Laboratório de Ensino de Geometria iniciado pela Profa. Dra. Ana Maria M. R. Kaleff (UFF) em 1998, como um exemplo pioneiro de uma exposição com modelos interativos e participativos de Matemática unido à formação de licenciandos de matemática que participam da elaboração e desenvolvimento dos módulos interativos um exemplo fantástico da interação de um ambiente não formal (exposição) e formal (licenciatura) promovendo a construção de conhecimentos matemáticos e educacionais com muita criatividade.
Vários outros Laboratórios de Ensino de Matemática no país, normalmente vinculados a cursos de licenciatura em matemática ou pedagogia, como o Laboratório de Ensino de Matemática da USP, o Laboratório de Educação Matemática (LEDUM) da Universidade Federal do Ceará atuam na educação formal e formação de professores, mas também promovem eventos, feiras, cursos, oficinas, etc. Entretanto, a maioria dos laboratórios de ensino universitários estão sujeitos às questões econômicas e políticas do país que dificultam sua continuidade e reduzem a gama de suas ações no campo da educação não formal, muitas vezes reduzidos a situações episódicas e eventuais, sem continuidade.
NOVAS EXPOSIÇÕES
Em 2013, na França, é lançada a exposição “Les maths à portée de mains”, A Matemática em suas Mãos, com uma série de animações para apresentar vários conceitos matemáticos e incluindo um dossiê pedagógico da exposição.
Outra exposição itinerante marcante foi a EXPERIENCING MATHEMATICS, com uma versão virtual on-line, traduzida em várias línguas, incluindo português. Esta exposição virtual dirige-se aos professores de matemática, aos seus alunos – prioritariamente aos do ensino médio – e a todos os que têm curiosidade pela matemática e pela ciência em geral. A versão virtual apresenta mais de 200 situações matemáticas que propõem aos estudantes experimentar, tatear, levantar hipóteses, testá-las, tentar validá-las, procurar demonstrar e debater acerca de propriedades matemáticas. A exposição internacional itinerante «Experimentar a Matemática!», foi concebida e realizada, por iniciativa e com o concurso da UNESCO, pelo Centre-Sciences e o Adecum.
Como a versão física, a exposição «Experimentar a Matemática!», propõe “experiências de mesa” fáceis de realizar com material muito simples: a cabeça e as mãos, papel e lápis, pedaços de cartão, de madeira ou de acrílico, arame e pregos… Com sua abordagem numérica, propõe também “experiências digitais” onde se pode experimentar com um clique. Um catálogo das atividades pode ser obtido aqui.
Outra contribuição, vinda do universo das artes é a Exposição O Mundo Mágico de ESCHER, apresentada no Centro Cultural do Banco do Brasil, que teve uma repercussão estupenda, com alcance de um grande número de público. É um exemplo de como a arte e ciência podem se integrar criando ambientes realmente interdisciplinares, com diferentes olhares para o espaço, forma, simetrias e dimensões. As instalações que foram criadas para acompanhar as obras originais de Escher são sensacionais. O CCBB preparou um caderno didático “O Mundo Mágico de Escher“:
Uma parceria de instituições matemáticas, o Instituto de Matemática Pura e Aplicada, o Museu de Astronomia e a INCTMAT (França) lançou, no Rio de Janeiro, a exposição “Um Olhar nos espaços de Dimensão 3“, em uma tentativa de aproximar a Matemática formal e acadêmica com o movimento de Divulgação Científica. A exposição, ainda muito hermética, retrata a dificuldade de divulgar conceitos e áreas mais complexas da matemática ao grande público. E lança aos matemáticos brasileiros, o desafio de integrar as dimensões de compreensão, estética, interatividade e participação do visitante. A exposição apresentou algumas inovações tecnológicas recentes, tais como:
UM NOVO CONCEITO DE EXPOSIÇÃO: MATEMÁTICA ABERTA
De todo o conjunto de exposições matemáticas dos últimos anos, a exposição Imaginary Open Mathematics se destaca por ser a primeira exposição concebida dentro de uma cultura de Objetos Educacionais Livres (Matemática Aberta) ao disponibilizar quase toda a sua produção para uso e desenvolvimento em escolas, museus, bibliotecas e centros de ciência com um verdadeiro espírito público. Ela está, desde então, em constante aperfeiçoamento e circulando pela Europa e outros continentes.
EXPOSIÇÕES NACIONAIS
No contexto de exposições itinerantes de matemática, temos um quadro ainda bem modesto no Brasil, com:
- A Arena SESI Matemática, com uma exposição baseada na exposição itinerante produzida pelo MoMATH.
- As exposições “Caminhos da matemática: História da Matemática” e “Jogos e Estratégias” do Espaço Ciência em Recife,
- A versão itinerante da Matemateca (IME-USP)
- A versão itinerante do Laboratório de Ensino de Geometria Itinerante (LEGI-UFF)
como alguns exemplos de mostras e exposições de matemática que participam de diferentes atividades de divulgação matemática no país.
MUSEUS VIRTUAIS E REAIS DE MATEMÁTICA
Na área de museus virtuais, temos o Laboratório de Máquinas Matemáticas, da Universidade de Modena – Reggio Emilia, Itália, apresenta um acervo real e virtual de máquinas matemáticas, explorando perspectiva, projeções e transformações magnífico. Seus modelos poderiam inspirar inúmeras exposições interativas reais e virtuais no mundo todo.
Na área de museus, em resposta ao fechamento de um pequeno museu de matemática, criou-se um grupo (2008) para pensar a criação do MOMATH, Museu Nacional de Matemática nos Estados Unidos que tem causado certo impacto e um renascimento na divulgação e popularização da matemática. Além do MOMATH, o Mathematikum (Giessen, Alemanha), o Erlebnisland Mathematik (Dresden, Alemanha); o Museu de Matemática da Catalunha, MMACA (Barcelona, Espanha) são exemplos internacionais dos poucos museus de ciência voltados especificamente à Matemática.
No Brasil, temos a Matemateca do IME-USP e o Museu da Matemática Prandiano, ambos em São Paulo, com acervos didáticos de matemática.
Celebrando Datas Comemorativas
Além de exposições, tivemos a criação de Datas Comemorativas, como Dia Internacional de Pi,
inicialmente um evento promovido pelo museu Exploratorium que se espalhou internacionalmente em outros museus e países.
A comemoração do mestre da matemática recreativa, Martin Gardner Centennial celebra desde 2014, Martin Gardner, o grande divulgador da Matemática, editor de colunas em revistas e jornais e autor de dezenas de livros sobre a matemática dos jogos e quebra-cabeças por meio de um encontro anual de matemáticos e também um festival aberto ao público Gathering-4-Gardner com o projeto Celebration of Mind (Celebração da Mente).
No Brasil, tivemos a criação do Dia Nacional da Matemática em homenagem a Malba Tahan, pseudônimo do professor Júlio Cesar de Mello e Souza, autor do best-seller O Homem que Calculava. O Dia Nacional da Matemática já era comemorado informalmente desde sua proposição pela Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM), Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e outras instituições. Em 2004, a deputada Raquel Teixeira apresentou um projeto de lei, para instituir o Dia Nacional da Matemática. Mas, apenas em 26 de junho de 2013 a Presidenta da República, Dilma Rousseff, sancionou a lei n°12.835, que instituiu, oficialmente, o Dia Nacional da Matemática, comemorado anualmente em todo o território nacional em 6 de maio.
E mais recentemente, o Instituto de Matemática Pura e Aplicada e a Sociedade Brasileira de Matemática, coordenado pelo Prof. Marcelo Viana (IMPA) estabeleceram o Biênio da Matemática 2017-2018, que inclui em suas diversas ações, o Festival da Matemática que passam a ser um novo marco da divulgação e educação matemática no Brasil.
Influenciado pelo Biênio da Matemática, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, estabeleceu como tema anual para 2017: A Matemática está em tudo!, contribuindo para o fortalecimento do movimento de divulgação e educação matemática no país.
AS CONFERÊNCIAS BRIDGES (PONTES) E MATRIX
A Divulgação Matemática, apesar de ainda pouco estruturada em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil, está começando a se organizar melhor com o surgimento de dois encontros periódicos na área.
Uma conferência importante é organizada pela THE BRIDGES ORGANIZATION, as Conferências BRIDGES, iniciada em 1998 em um encontro no Kansas (EUA), fundada por Reza Sarhangi. O objetivo da Bridges Organization é promover a pesquisa, a prática e novos interesses por conexões da matemática com a arte, música, arquitetura, educação e cultura. A Bridges acredita que a Matemática e a Arte podem aprender e se enriquecer uma com a outra, e que há grandes ideias esperando serem inventadas e encontradas na análise e sínteses estabelecidas entre Matemática e Arte, com grande potencial educacional. As conferências são organizadas com apresentações de obras e trabalhos que ultrapassam as fronteiras acadêmicas. E incluem um Festival aberto ao público.
Outra Conferência importante foi estabelecida visando estabelecer conexões entre divulgadores e comunicadores em Matemática que estão atuando na área de Divulgação Matemática. A Conferência MATRIX (Mathematics Awareness, Training, Resource, & Information Exchange) 2014 ocorreu em Dresden, Alemanha. A MATRIX 2016 ocorreu na Universidade de Leeds, organizada pela Escola de Matemática da Universidade, a Maths WordUK e o Museu Nacional de Matemática de New York (MOMATH). O encontro agregou mais de uma centena de Comunicadores Matemáticos do Reino Unido, Europa e de todo o mundo. Entre seus participantes, temos autores e divulgadores tais como Simon Lehna Singh, Rob Eastaway e James Tanton, – criador da Global Math Week – além de educadores, pesquisadores, programadores, tais como Philipp Legner (Google, Mathigon) e Michael Borcherds (Geogebra) e uma variedade de bloggers, vloggers, podcasters, escultores, artistas, origamistas e designers, como Briony Thomas.
Infelizmente não houve participação de nenhum país da América do Sul, nas duas conferências já realizadas. A MATRIX 2018 ocorreu em Barcelona. Esperamos que as experiências e ações da América Latina possam estar presentes e estabelecer intercâmbios que fortaleçam a divulgação matemática na América Latina nas próximas décadas.
DIVULGAÇÃO MATEMÁTICA PELO MUNDO: INSPIRE-SE!
Apresentamos, abaixo, alguns dos Festivais de Matemática e Exposições que já ocorrem em diversos países:
ALEMANHA, filmes da exposição Imaginary Open Mathematics, 2008.
ARGENTINA, 9º Festival da Matemática, Buenos Aires, 2017.
ARGENTINA, Festival Matemática 4D: Arte, Ciência, Técnica, Imaginação, Buenos Aires, 2017.
BRASIL, Festival da Matemática do C. Pedro II, Rio de Janeiro, RJ, 2017.
BRASIL, Festival da Matemática, IMPA-SBM (Org.), Rio de Janeiro.
BRASIL, Festival do Minuto, tema Matemática, São Paulo, SP.
BRASIL, I Festival de Vídeos Digitais e Educação Matemática, Rio Claro, SP.
BRASIL. Museu Prandiano da Matemática, São Paulo.
BRASIL, Exposição Matemática, Parque CIENTEC, São Paulo.
BRASIL, Matemateca, IME-USP, São Paulo.
BRASIL, Caminhos da matemática 1: História da Matemática e Jogos e estratégia, Espaço Ciência, Recife.
BRASIL. Arena SESI Matemática. Exposição itinerante, Rio de Janeiro.
CHILE, Festival de Matemáticas SOMACHI, .
COSTA RICA, Festival Internacional da Matemática, Lima, 2016.
EUA, Matemática Complexa em imagens. American Mathematical Society.
EUA, Mathematical Imagery. American Mathematical Society.
EUA, Julia Robinson Mathematics Festival. American Institut of Mathematics.
EUA, MSRI Film & Video, Mathematical Sciences Research Institute.
EUA, National Math Festival, Washington.
EUA, Projeto Math+Science Festival MATHFEST. Com orientação para a criação dos curtas por estudantes. Gadanidis, G & Hughes, J. (2008). Performing Mathematics: A Guide for Teachers & Students.
FRANÇA, Maison des Mathematiques et Informatique, Casa de Matemática e Informática, Lion.
FRANÇA, La Maison des Mathematiques 2020. Parte 2.
FRANÇA, Association for l’Animation Mathématique.
FRANÇA, Sociedade Matemática Francesa, Matemática e Sociedade, Matemática para o grande público.
ÍNDIA. Parque de Matemática Ramanujan. Ver vídeo do projeto.
ITÁLIA, Festa della Mathematica. Associazione Subalpina Mathesis.
ITÁLIA, Festa della Mathematica. Jardim de Arquimedes. Matemática e Arte.
ITÁLIA, Grupo Curvi linea, Matematica, Immaginazione, Scoperta. Milão. (Ações de divulgação matemática, como exposições, conferências e workshops).
ITÁLIA, Tudo é Número, Festival de Jogos e Cultura Matemática (criado em 2007). Um de seus projetos o Abstrakta pretende divulgar e difundir a paixão por jogos.
MÉXICO, Festival de Matemática, UNAM.
PORTUGAL, Associação de Professores de Matemática, Lisboa, 11 exposições interativas para escolas.
REINO UNIDO, Pôsteres Maths Counts, Pôsteres Matemáticos no Metrô de Londres!
REINO UNIDO, London Mathematical Society, Mathematical Festival, que contou com um evento para adultos (Calcu)Lates.
REINO UNIDO, programa Maths Inspiration conferências nacionais para inspirar jovens e adolescentes com incríveis Shows de Matemática. Maths On Screen, DVD com 6 shows de matemática.
SÉRVIA, M3 FESTIVAL (May, Month of Mathematics), Belgrado.
The Global Math Project. Global Math Week. Exploding Dots.
UNESCO, exposição internacional itinerante Matemáticas Experimentais, 2004, com versão online também em português.
Espero que possa se inspirar nestas várias experiências e promover Festivais que celebrem as ideias e conhecimentos matemáticos entre seus estudantes.
Prof. Paulo Henrique Colonese