Réptil com tímpano laranja bastante visível. belgianchocolate, 2007. Acervo Wikipedia (original Acervo Flickr). Licença CC-BY-2.0.
O Tímpano: a membrana vibrante
O termo tímpano possui uma origem antiga e complexa.
Na Grécia antiga, o termo myrinx , corrupção da forma meninx (membrana, meninge) era utilizado para referir-se à membrana da orelha.
Em alguns animais como répteis, anfíbios e insetos, a membrana é totalmente externa, ficando exposta ao diretamente ao ar e facilmente visíveis.
Em insetos podem ficar em diferentes partes do corpo;
Este órgão pode estar localizado em diferentes regiões do corpo do inseto, como por exemplo:
- Mariposas da família Noctuidae, localizados no tórax.
- Cigarras e gafanhotos, localizados no abdome.
- Esperanças e grilos, localizados em suas pernas.
Já o termo tympanum auris, do latim “tamborim da orelha”, surgiu com o teólogo Albertus Magnus (1193-1280) para denotar a membrana como também toda a orelha média.
Gabriele Falloppio
Coube ao anatomista e cirurgião italiano Gabriele Falloppio (1523-1562), ao descrever a orelha interna (chorda tympani), denominar como tympanum a membrana interna devido à sua aparência com o instrumento musical tamborim.
Referência: Fernandes, Geraldo José Medeiros. Eponímia: glossário de termos epônimos em Anatomia; Etiologia: dicionário etimológico da nomenclatura anatômica. São Paulo. Plêiade, 1999.
Gabriele Falloppia iniciou inicialmente a carreira eclesiástica mas, desde a juventude, dedicou-se ao estudo de medicina e anatomia , que exerceu como autodidata.
Em 1544, o Colégio de Médicos de Modena nomeou Fallopio para realizar a dissecação pública de um homem executado, o que marcou o início dos seus estudos de medicina na Universidade de Ferrara, onde foi nomeado professor de medicina em 1547. No ano seguinte, foi chamado para Pisa para ensinar anatomia e, em 1551, veio para a Universidade de Pádua para ensinar medicina e cirurgia . Foi nessa época em Pádua que escreveu “Observationes anatomicae ” publicado em 1561.
Coleção Wellcome Images . Licença de Domínio Público.
Nesta obra, o médico e anatomista tentou corrigir alguns erros do anatomista Andrea Vesalio e descreveu muitas das descobertas que fez também graças às dissecações realizadas em corpos humanos. Falloppio também passou a realizar dissecações em crianças, desde recém-nascidos até fetos em diversas fases da gestação, além de adultos.
Os instrumentos musicais
O Tamborim é um instrumento de percussão do tipo membranofone, constituído de uma membrana vibrante bem esticada, em suas extremidades, sobre uma armação e que não possui uma caixa de ressonância como o violão e o berimbau (caixas amplificadoras). O tamborim, como o pandeiro, são basicamente membranas esticadas (tensionadas), sensíveis à vibrações.
Veja essa demonstração do tamborim em um conjunto de tambores percussores na performance com Guilherme Oliveira & Gustavo Oliveira Feat. Bernardo Aguiar & Fabiano Salek.
E no ensaio técnico da Mocidade (2015) na Apoteose do Samba.
Os tamborins da Escola de Samba mantêm o ritmo subjacente do ritmo do samba tocando carreteiro , que em termos musicais ocidentais é uma série constante de semicolcheias tocadas com um “swing” brasileiro. Eles conseguem acompanhar os ritmos rápidos do samba girando o tambor para cima e para baixo para que a mão que bate não faça todo o trabalho. Quando os tamborins não estão tocando carreteiro , eles estão tocando desenhos (“desenhos”) que são padrões rítmicos únicos que dão ao samba uma personalidade especial. Cada Escola de Samba tem seus desenhos únicos que às vezes são acompanhados de movimentos coreografados. Este instrumento cria uma transição emocionante quando a Escola de Samba começa, e alguns momentos depois os tamborins fazem sua grande entrada e levam a música para o próximo nível!
Stefanie Schmitz, artista docente de música mundial nas escolas, em O Tamborim Brasileiro.
O pandeiro é tocado pela batida de mãos, o tamborim pela batida de baquetas e o tímpano é “batido” pelas vibrações do ar que chegam ao final do túnel da orelha externa.
Os Tímpanos, ao contrário de muitos tambores, produzem sons em uma altura específica (frequência específica). A entonação é determinada pela tensão da membrana: cada instrumento possui uma extensão que varia de uma quinta a uma oitava cromática. A alteração da altura é hoje realizada por meio de um pedal que atua simultaneamente em todos os parafusos tensores da cabeça. Antigamente estes eram parafusados ou desparafusados manualmente, um por um, obrigando o timpanista (e o compositor) a manter a mesma entonação ao longo da peça. O uso do pedal e de um dial graduado especial permite uma entonação rápida do instrumento e criação de efeitos musicais.
Conheça mais os tímpanos com a Orquestra Sinfônica do Paraná: