Foto de Nina Beatriz Bastos Pelliccione
Com a palavra da Profª Nina Pelliccione, professora de Educação Ambiental e colaboradora do ECV:
O dia 21 de setembro é o dia da nossa tão amiga árvore. Como é de costume, nós as reverenciamos com festividades pautadas principalmente no seu plantio.
É muito bonito…, mas vamos pensar, só isso basta?
Esta atividade pode ocorrer de um jeito comum: plantar árvores por todos os lugares, sem nenhum critério. Essa é uma ação que parece ter um fim em si mesma, mas com a falta de conhecimento sobre as espécies, o que acontece com a árvores após sua plantação?
Acredito que o pensamento que precede a inserção das árvores, deveria ser “não vamos desmatar.”
Esse movimento como prática da sociedade, como escolas ou empresas, é genuíno para que se possa venerar esse ser tão querido. O ato de plantar é realmente bastante significativo: o de seduzir para um outro olhar e construir novas maneiras de como perceber as árvores.
Porém, será que nossas árvores estão em desencanto?
Quando as festividades acabam, as árvores como no conto da Cinderela, viram abóboras, passando a ocupar um local essencialmente utilitarista.
Os discursos são muitos, algumas pessoas afirmam que as árvores são essenciais para o meio ambiente e para o equilíbrio do nosso planeta. A maioria acredita nos grandes benefícios que as árvores proporcionam para a Terra.
Convidamos vocês a nesse dia árvore, a pensar mais amplo.
A pensar nas árvores como algo que transcende.
Vejam bem, o modo de como nós humanos estamos nos desgarrando da Terra. Vivendo assim como numa natureza igual para todos mostrando e apresentando indiferença nas estruturas, nas funções, na partilha, nos pensares e fazeres, limitando o olhar e a criatividade. E aí, pronto. Acaba sendo engolido.
Por que não pensar em viver na diversidade e não na homogeneidade?
Que tal pensar em algo mais criativo, do que “vamos plantar uma árvore no Dia da Árvore”?
Acredito que assim nos aliamos ao movimento de não negar a pluralidade, as formas de vida e de existência que é fundamental para manutenção de nosso planeta terra (KRENAK,2020).
A Tragédia: a destruição das florestas tropicais é irreversível em qualquer momento da existência do homem na Terra. É preciso justificar essa afirmativa?
Quando a floresta tropical é destruída perde-se também diversidade, complexidade e originalidade. É a história da árvore entendida em todo planeta como uma história de exploração e destruição.
Outra ideia assustadora é a ideia de “espaço.” O uso prático, o solo aplainado pelo rolo compressor e sobre as quais o egoísmo de nossa espécie se exalta diante de edificações. “As intervenções humanas quase nunca dão conta de realizar as expectativas humanas” (DEAN, 1996, p.22).
A natureza fala com gente o tempo todo.
Tire um tempo de seu dia para conversar com ela.
Textos referenciados no depoimento:
Krenak, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo, Cia das Letras 2020.102 p.
Dean, W. A ferro e fogo: a história e devastação da Mata Atlântica Brasileira. São Paulo, Cia das Letras 2006. 484 p.
AGORA TE CONVIDAMOS A PASSEAR EM NOSSO SITE POR MATÉRIAS LIGADAS ÀS ÁRVORES
Esta série procura explorar os seguintes princípios educativos que desenvolvemos no Espaço Ciência Viva, refletidos nos vídeos, textos, sugestões de atividades e outros materiais:
Veja o vídeo e as matérias dos Episódios
- Vídeo disparador do episódio: “Nesta rua tem um bosque”.
- Seção “Leia e conheça mais”: plano de Arborização da Cidade do Rio de Janeiro e Livro das Árvores do povo indígena Tikuna.
- Seção “Monte, use e divirta-se”: com tutorial de montagem de uma mini “Ilha da Frescor”.
- Seção “Arte e ciência”: apresenta sugestões de livros infantis sobre o tema.
- Seção “Conhecendo Centros e Museus de Ciência” com a divulgação de aplicativos abordando O Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
- Vídeo disparador do episódio: “De olho na goiabeira”.
- Seção “Leia e conheça mais”: venha saber mais sobre o amadurecimento das goiabas.
- Seção “O que diz a especialista“: pesquisas científicas brasileiras com a goiaba -Entrevista exclusiva com pesquisadores da área.
- Seção “Monte, use e divirta-se“: jogo que aborda os assuntos apresentados no vídeo.
Vejam as matérias sobre Árvores de nosso Jardim Didático e dos arredores do ECV.
Lá você vai encontrar muita informação sobre as nossas queridas árvores.
Harmonizando com a arte japonesa de montar arranjos – Ikebana
Ikebana, que significa “flores vivas” em japonês, é a arte de montar arranjos florais com base em regras e simbolismos adquiridos pela cultura milenar japonesa. Também chamada de Kado.
Este arranjo é mais do que um jarro de flores, ele é usado como oferta religiosa e em altares. São feitos com galhos, flores e folhas secas. Com origem na Índia, foram os japoneses que tornaram a arte conhecida no ocidente. O Ikebana é uma atividade que agrega e desenvolve o senso criativo, harmoniza o ambiente e traz sensibilidade.
O Ikebana tem como base três ramos principais que representam o ser humano, a Terra e o céu. Os dois primeiros ramos só podem ter flores e botões. Já o ramo maior, o ramo do céu, é a parte ornamental do arranjo onde se tem as fores abertas e coloridas.
Na USP, o Ikebana tem espaço garantido com cursos oferecidos gratuitamente para toda a comunidade.
Saiba mais sobre essa técnica milenar de arranjos florais que busca a harmonia e o equilíbrio.
Veja a matéria no vídeo do Canal USP: