Paulo Henrique Colonese, Mariana de Souza Lima, Espaço Ciência Viva.
- Arco-íris: dos mitos à compreensão.
- Arco-íris, chuvas e enchentes na mitologia Yorubá (África).
- Arco-íris, chuvas, nuvens e paixão na mitologia Zulu (África).
- Arco-íris, rios, oceanos e nuvens na mitologia grega (Império Grego).
- Arco-íris, ilha, continente, uma ponte e golfinhos na mitologia Chumash (América do Norte).
- Arco-íris, gelo, gigantes, deuses, cachoeiras e uma ponte na mitologia nórdica (Noruega, Suécia, Dinamarca e Islândia).
- Arco-íris, um rasgo no céu, pedras coloridas e uma deusa poderosa na mitologia chinesa.
- Arco-íris: uma bela índia, um casamento e sete arcos na mitologia Kaxinawá (Brasil).
- Arco-íris: um deus poderoso, um arco e raios na mitologia hindu (Índia).
- Arco-íris: duendes e potes de ouro. (Irlanda).
Os países nórdicos são um reino de cachoeiras, especialmente a Islândia. E, é claro, de arco-íris.
A beleza da paisagem, sua geografia e seus fenômenos naturais inspiraram e preenchem sua Cosmologia e Cosmogonia, participando ativamente da criação do mundo e da humanidade.
A origem do mundo e da humanidade possui fases semelhantes a outras mitologias da criação (como a grega), onde temos primeiro o Vazio (Nada), e do qual surgem regiões (do Gelo e do Fogo) onde nascem gigantes que vão dar origem à Terra (montanhas, rios, nuvens, etc.). Nas gerações posteriores surgem os imortais que derrotam os gigantes e os transformam em elementos da Natureza. E os imortais geram , finalmente, os mortais e o arco-íris para conectá-los.
Os povos que habitaram os países escandinavos atuais (Noruega, Suécia, Dinamarca e Islândia) contavam que no princípio dos tempos, havia o Caos (ou o Nada) do Mundo, e isto era tudo quanto nele havia. Nem Céu, nem Mar, nem Terra – nada disto havia. Apenas três reinos coexistiam:
- Ginnungagap (o Grande Vazio), abismo primitivo,
- Musspell (o Reino do Fogo)
- e Niflheim (a Terra da escuridão e das névoas geladas).
Durante muitas eras, assim foi, até que as névoas começaram a subir lentamente das profundezas do Niflheim e formaram no abismo de Ginnungagap um gigantesco bloco de gelo. Das alturas tórridas de Musspell, desceu um ar quente. Este encontro do calor com o frio começou a derreter o bloco de gelo. Após mais alguns milhares de eras, o gelo foi derretendo e deixando entrever a forma de um gigante. Ymir era o seu nome e dele saíram mais três gigantes, que deram origem à toda a descendência dos gigantes.
Do gelo derretido também surgira uma vaca de nome Audhumla, de cujas tetas prodigiosas manavam quatro rios, que alimentavam o gigante Ymir. Audhumla nutria-se do gelo salgado, que lambia continuamente da superfície, e, deste gelo, surgiu ao primeiro dia o cabelo de um ser; no segundo, a sua cabeça; e, finalmente, no terceiro, o corpo inteiro. Esta criatura egressa do gelo chamou-se Buri e foi a progenitora dos deuses.
Seu primeiro filho chamou-se Bor, e, juntos combateram os gigantes. Finalmente, Bor casou-se com a giganta Bestla e, desta união, surgiram três notáveis deuses: Wotan (também chamado Odin), Vili e Ve.
Os quatro juntos derrotaram o poderoso gigante Ymir e, com sua morte, acabou também a quase totalidade dos demais de sua espécie, afogada no sangue de Ymir. Dos restos de Ymir, Wotan e seus irmãos moldaram Midgard (Terra-Média): de sua carne, foi feita a terra; e de seus ossos e seus dentes, fizeram-se as pedras e as montanhas.
O sangue abundante de Ymir correu por toda a terra e deu origem ao grande rio que cerca o universo. Ponhamos, agora, a caveira de Ymir no céu – disse Wotan a seus irmãos, após haverem completado a primeira tarefa. Wotan fez com que quatro anões mantivessem a caveira suspensa nos céus, cada qual colocado num dos pontos cardeais. Em seguida, das faíscas do fogo de Musspell, brotaram o Sol, a Lua e as Estrelas; enquanto que, do cérebro do gigante, foram engendradas as nuvens, que recobrem todo o céu.
Completada a criação de Midgard, Wotan e seus irmãos encontraram dois grandes pedaços de troncos caídos ao solo, próximos ao oceano. Wotan teve outra grande ideia: Irmãos façam de um destes troncos um homem e do outro, uma mulher! E assim se fez: ele foi chamado de Ask (Freixo) e ela, de Embla (Olmo).
- Wotan
lhes deu vida e o alento; - Vili,
a inteligência e os sentimentos; - e
Ve, os sentidos da visão e da audição.
Este foi o primeiro casal, que andou sobre a terra e originou todas as raças humanas que habitariam a Terra-Média por sucessivas eras.
Após a criação do mundo e da humanidade, Wotan decidiu que era preciso que os deuses tivessem também uma morada exclusiva para si:
– Façamos Asgard e que lá seja o lar dos deuses!
Este reino ficaria situado acima da elevada planície de Idawold, que flutuava muito acima da terra, impedindo que os mortais o observassem. Além disso, um rio cujas águas nunca congelavam – o Iffing – separava a planície do restante do universo.
Wotan, sábio e poderoso, entendeu que não seria bom se jamais existisse um elo de ligação entre os deuses e os mortais. Por isso, determinou que fosse construída a Ponte Bifrost (a ponte do Arco-íris), feita da água, do fogo e do mar.
Heimdall, um estranho deus antigo ficaria encarregado de vigiá-la noite e dia para que os mortais não a atravessassem livremente no rumo de Asgard. Ele portava uma grande trompa, que fazia soar todas as vezes que os deuses cruzavam a ponte.
Após a criação, o Cosmo é organizado em redor da árvore sagrada Yggdrasil (freixo?) em vários reinos, como ilustra a figura abaixo. Ela conecta os 9 mundos da Cosmologia Nórdica.
Os nove mundos contidos em Yggdrasil são habitados por diferentes seres e representados por diferentes runas simbolizando vários conceitos importantes para sua cultura:
- Mannheim (Midgard), o mundo dos homens. É representado por Jera, a runa do ciclo anual.
- Godheim (Asgard), o mundo dos Æsir. É representado por Odin, a runa da troca.
- Vanaheim, o mundo dos Vanir. É representado por Ingwaz, a runa da semente.
- Helheim, o mundo dos mortos. É representado por Hagalaz, a runa do granizo.
- Svartalfheim, o mundo dos elfos escuros. É representado por Elhaz, a runa do teixo.
- Alfheim, o mundo dos elfos claros. É representado por Dagaz, a runa do dia.
- Jotunheim, o mundo dos gigantes de rocha e de gelo (Jotuns). É representado por Nauthiz, a runa da necessidade.
- Niflheim, o mundo de gelo eterno. É representado por Isa, a runa do gelo.
- Muspelheim, o mundo de fogo. É representado por Sowilo, a runa do sol.
Na versão Marvel do mito Thor (2011), Bifrost continua com sua função original, agora sendo um portal entre os vários mundos que formam o Universo.